“Tira A Roupa”, nova faixa de Beltran em collab com MC Jajau, ilustra como samples podem agregar ao mercado musical

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Por em 4 de abril, 2024 - 04/04/2024

Notou algo de familiar na nova track do Beltran? Se você não, os fãs do Mc Jajau com certeza sim. Isso porque a faixa utiliza de uma técnica chamada “sampling”, que consiste na incorporação de trechos de obras musicais pré-existentes incorporados em novas composições. No caso de “Tira a Roupa”, Beltran traz o vocal da música de mesmo nome, lançada no ano passado pelo MC, trazendo essa fusão do Funk com o Tech House

A utilização de samples não é um caso particular desta faixa; muito pelo contrário, essa sintetização de sons é muito conhecida e usada com bastante frequência nos mais diferentes ritmos. E, quando bem feitas, essas técnicas tendem a agregar, já que adicionam camadas de significado e complexidade, criando conexões emocionais com o público e recontextualizando o material original de maneira inovadora. 

A legitimidade desses métodos não é o debate que queremos trazer aqui. Afinal, até o Grammy consideram músicas com samples elegíveis ao prêmio. Ou seja, há um reconhecimento que essas técnicas têm agregado valor ao mercado atual e isso se comprova ainda mais ao olharmos a quantidade de boas músicas que surgem diariamente e utilizam desses recursos. 

Na música eletrônica temos bons exemplos com artistas explorando cada vez mais o uso de samples, criando produções criativas e promovendo a união de diferentes públicos, como vimos nos hits “Catuca” de Classmatic, que traz o vocal de Mc Th da faixa de mesmo nome e em “Naquele Pique”, onde Gabe e Eddy M incorporam o mesmo elemento de outra track do funkeiro.

Mas, vale lembrar que a utilização desse método também tem suas normas legais, sendo necessário o crédito e autorização dos autores da faixa original, como aconteceu nos casos citados assim. Ainda sim, não é incomum encontrarmos faixas por aí que exploram estes recursos sem transparência. A verdade é que, muitas vezes, artistas e produtores podem se sentir tentados a usar elementos de obras originais sem atribuir o devido crédito, seja por falta de consciência sobre os direitos autorais ou por motivos comerciais e essa é uma questão preocupante que vale o debate, já que não apenas prejudica os criadores, privando-os do reconhecimento e dos royalties merecidos, mas também mina a integridade na comunidade musical. 

Portanto, é essencial uma abordagem ética e transparente ao utilizar elementos de obras originais em suas criações, incluindo a atribuição de crédito aos autores originais, permissões necessárias e respeito aos direitos autorais. Neste contexto, “Tira a Roupa” chega ao mercado promovendo o uso desses recursos de forma legal e mostrando como isso pode ser benéfico para todos os envolvidos. 

Isso porque ao incorporar vocais de MC Jajau, Beltran estabelece não apenas um precedente positivo ao reconhecer e creditar a fonte original de sua inspiração, mas também inclui Jajau como colaborador. Essa abordagem demonstra respeito pelo trabalho do artista, evidenciando o seu nome e trabalho, e promove uma cultura de colaboração e reconhecimento mútuo, que abre as portas para uma nova audiência. Assim, os fãs de MC Jajau, que podem não estar familiarizados com o trabalho de Beltran, agora têm a oportunidade de descobrir sua música através dessa colaboração e vice-versa, fortalecendo assim ambos os públicos.

Além disso, a união de nichos diferentes pode resultar em um aumento da visibilidade nas plataformas de streaming e nas redes sociais, já que os algoritmos muitas vezes promovem conteúdos que atraem uma variedade de públicos, e uma colaboração entre dois artistas pode atrair uma base de fãs mais ampla, gerando mais engajamento e visibilidade. Isso sem falar na oportunidade de ambos os artistas divulgarem a música conjunta através de seus próprios canais. 

Ou seja, ao unir o Tech House ao Funk de maneira explícita, a faixa “Tira A Roupa” amplia as fronteiras sonoras, destacando a riqueza da diversidade musical. Essa fusão de gêneros proporciona uma experiência auditiva única para os ouvintes, chama  atenção de ambos os públicos e também fortalece os laços entre diferentes comunidades musicais, enriquecendo o panorama sonoro da música eletrônica nacional. Um belo exemplo de como um sample e criatividade podem agregar à indústria musical. 

Esperamos que mais iniciativas como essas possam chegar ao mercado, propondo uma cena musical ainda mais diversificada, capaz de inspirar e unir audiências de diferentes origens e preferências musicais.

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