GRVE entrevista: GRIFE

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Por em 21 de fevereiro, 2022 - 21/02/2022

Ao ler a biografia da dupla GRIFE, rapidamente é possível perceber as semelhanças entre suas histórias, que somadas ao amor pela música, foram a força motriz para impulsioná-los. A sinergia da produção musical é uma das formas indicadas para abrir novos caminhos, especialmente quando você está deixando para trás a sua zona de conforto. Encontrar afinidades e sonhos parecidos ajuda a conceber ideias verdadeiramente criativas. 

Prestes a fazer sua estreia na Words Not Enough de Edu Schwartz e AWKA, batemos um papo com eles para saber mais sobre como os caminhos se cruzaram para dar vida ao projeto. E claro, saber mais sobre o EP About Humanism. Confira!

GRVE: Oi gente, tudo bem? Prazer em conhecê-los e obrigada pela entrevista. Vamos começar do começo? Contem um pouco sobre a história de vocês com a música, individualmente. Como tudo começou?

Dan Grimm: O início do meu envolvimento com a música se deu por volta dos 13 anos quando comecei a me interessar por música clássica e composição. Passei a estudar violão com vídeos no youtube, teoria musical com a ajuda de um amigo e muita experimentação num software chamado Finale, onde você pode compor em partitura e escutar o resultado imediatamente. Aos 14 comecei a estudar clarinete, um instrumento clássico de sopro. Mais tarde, aos 15, iniciei um curso de extensão avançado pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, mas logo tive que abandonar para me dedicar ao ano de vestibular. Dei uma longa pausa com a música, mas aos 21 anos de idade pensei que seria interessante voltar a me aventurar com ela e, principalmente, com composição e produção musical.

Diego Feder: Minha primeira influência com música foi o meu pai que tinha uma pequena coleção de vinis. Muito do que ele tinha era rock inglês, rock progressivo e alguns discos de bandas brasileiras sendo Secos e Molhados com certeza uma de suas preferidas. Quando ainda criança cheguei a fazer um pouco de aula de violão e mais tarde, na adolescência fiz aulas de bateria e cheguei a tocar em alguns eventos para amigos e familiares. Nessa época eu era bem influenciado por punk rock e metal melódico. O interesse pela música eletrônica começou a surgir por ter contato com jogos de computador e, principalmente quando, aos 18 anos de idade, decidi comemorar meu aniversário em um festival.

GRVE: Como foi que surgiu o amor pela música eletrônica? E como isso se transformou em projeto musical?

O amor pela música eletrônica se manifestou diferente para cada um de nós dois. Dá pra se dizer que ir às festas, festivais e prestigiar os artistas e suas músicas impulsionou o desejo por também perseguir carreiras como artistas. O projeto musical surgiu em um momento em que havíamos acabado de nos conhecer mas ambos queriam a mesma coisa e sabíamos que, trabalhando juntos, maiores seriam nossas chances de chegar aonde gostaríamos.

GRVE: Li na biografia que vocês deixaram para trás a Engenharia para peitar a ideia do projeto. E aí, como foi o processo? Houve resistência de seus familiares? 

Na época em que nos conhecemos e demos início ao projeto, fomos cada vez mais dedicando menos tempo e recursos à possível carreira como engenheiros. Trabalhamos juntos na mesma empresa, por pouco tempo, fazendo coisas totalmente distintas de nossa formação. Houve resistência familiar, inseguranças, dúvidas, com certeza. Mas entendemos também os motivos dessa resistência e sabemos como é difícil acreditar na possibilidade de se viver, de forma estável, como um artista no Brasil. Mesmo assim, a vontade de tentar e de se aventurar nesse mundo artístico era imensa e essa resistência jamais atrapalhou nossos objetivos. Hoje, nós 2 atuamos como desenvolvedores de software e, em paralelo, como músicos.

GRVE: Definir-se é limitar-se, mas nesse caleidoscópio musical é importante entender onde vocês se encontram. O GRIFE, portanto, é Organic House e vertentes próximas? Detalhem mais sobre a identidade sonora de vocês…

O GRIFE tem fortes influências melódicas vindas desde a música erudita aos clássicos dos anos 70-90. Sempre buscamos mesclar instrumentos clássicos como o piano e cordas (violino, viola, cello e contrabaixo) com os timbres modernos de sintetizadores e drum kits para chegar nisso que, faz pouco tempo, é chamado de Organic House. Honestamente, evitamos ser taxados por um gênero específico ou outro, ainda vamos transitar e experimentar por diversos gêneros e subgêneros e, possivelmente, nossas produções ainda irão evoluir muito. Mas sim, recentemente temos nos identificado melhor com aquilo que vem sendo categorizado como Organic House e também com muito do que o Progressive House e o Deep House vêm oferecendo.

GRVE: Vocês vão fazer a estreia na Words Not Enough, como foi que aconteceu essa conexão?

Conhecemos o Diego Canellas (Awka) pelas redes sociais e nos aproximamos rapidamente. Ele é um cara fantástico e, como temos objetivos e gostos em comum, a conexão aconteceu de forma natural. Após conhecerem nosso trabalho, ele e o queridíssimo Edu nos convidaram para lançar junto ao selo que, à propósito, vem fazendo um trabalho incrível. Nem hesitamos com o convite!

GRVE: O que podemos esperar desse EP? Há uma colaboração com a dupla HAFT também, certo?

Até agora a recepção tem sido bem positiva, vários dos grandes artistas desta cena melódica têm prestado seu suporte seja com feedbacks ou tocando alguma das faixas, o que nos tem deixado bastante animados com o lançamento. A colaboração na verdade é um remix que o duo iraniano fez para a faixa principal do EP, “About Humanism”. Vínhamos acompanhando o trabalho deles, que colecionam lançamentos em selos como Do Not Sit On The Furniture e Hoomidas e adoramos o resultado final. A releitura deles é resultado de uma visão mais “dark” e introspectiva sobre o tema principal da música, dando realmente outra cara para a obra. Incrível poder contar com o trabalho deles! Esperamos que gostem do lançamento e que toquem por aí. =D

GRVE: Uma curiosidade minha: por que esse título do EP?

A escolha do título em si é por conta da faixa que consideramos como a principal do lançamento, “About Humanism”. Mas o nome dela em se dá pelo que é dito no vocal. A fala completa é “We’re talking about a society in which there will be no rules. Other than those chosen, or those earned. We are really talking about humanism”, do qual o trecho mais acentuado é o último, “talking about humanism”. A ideia musical começou nos acordes do piano e em algumas variações que escrevemos para ele, com o vocal tocando junto. Nos prendeu muito rápido a maneira como o vocal passa a ideia de liberdade, de um modo sincero, calmo e positivo. 

GRVE: Vocês começaram o projeto há poucos anos e aí, logo veio essa pandemia, que abalou a todos nós em algum nível. Houve alguma mudança no curso das coisas para vocês? E qual a sensação de poder retomar as atividades? Já foi possível tocar?

A pandemia acabou afetando e prejudicando demais a cena como um todo, e para nós muito poderia ter acontecido, muitas oportunidades diferentes poderiam ter surgido, não fosse o ocorrido. Mas, mesmo assim, não paramos um instante e, durante o período, assinamos lançamentos com Lee Burridge pela TRYBESof e com Nick Warren pela The Soundgarden. Tivemos suportes do próprio Lee, de Hernan Cattaneo e de diversos outros grandes nomes, assim como também concluímos algumas belas colaborações com o grande artista e amigo Albuquerque, sendo uma delas um remix para o famoso Lost Desert, um dos expoentes do Organic House e do Deep House e um dos maiores nomes do selo All Day I Dream, que saiu pela gravadora do lendário Warung Beach Club, o Warung Recordings. 

No retorno das festas após a pandemia tivemos a honra e oportunidade de fazer um warm up para o Lost Desert no novo Clube Inbox, com direito até mesmo à after. Conquistas assim nos motivam ainda mais para seguir trabalhando firmes como produtores musicais e deixando as coisas acontecerem, sem pressa.

GRVE: Se tudo der certo, 2022 promete. Quais são os planos futuros para o GRIFE a partir de agora? Obrigada!

Temos alguns lançamentos incríveis à caminho e seguimos trabalhando em algumas obras que nos deixam bastante entusiasmados para o que está por vir. Nos juntamos ao Albuquerque para comandar a Sonido Profundo e estamos ansiosos para que os diversos planos saiam do papel. A gravadora da Sonido volta com tudo e aguarda também as demos de artistas interessados em compartilhar seus trabalhos e ver os mesmos sendo lançados conosco. Se interessar à quem leu até aqui, fica aqui o e-mail para envio de demos: demos@sonidoprofundo.art. Agradecemos imensamente pela oportunidade e abertura para expormos um pouco de nosso trabalho com vocês! ❤️

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