Sunsetstrip Buenos Aires – mais de 30 mil pessoas para comemorar o aniversário do lendário DJ argentino Hernán Cattaneo

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Por em 21 de março, 2024 - 21/03/2024

Eu demorei quase 10 dias para conseguir começar esse review. Motivo? O impacto de um final de semana em Buenos Aires é tremendo. Leva um certo tempo para conseguir sintetizar as memórias em algo plausível. Mesmo sendo a terceira vez conferindo o Sunsetstrip de Hernán Cattaneo na capital Argentina, a sensação de ‘’não quero voltar’’ só aumentou no embarque ao Brasil. Ainda bem que leva apenas duas horas para voltar, tempo esse que é dominado por um único pensamento: quando será a próxima? 

Bem, cheguei em Buenos Aires na sexta-feira (01/03) e fui direto para o bairro Palermo (melhor região para ficar por lá, na minha opinião). Comecei a tarde com o pé direto ao conseguir uma mesa no considerado ‘’melhor restaurante de carnes do mundo’’ o Don Júlio, (sem possuir reserva, isso é uma sorte muito grande, acredite). À noite fui convidado a conhecer uma típica Parrilla chamada ‘’El Ferroviario’’ (ao lado do estádio do Vélez, aliás, Buenos Aires tem a maior concentração de estádios de futebol por metro quadrado do mundo!). Um restaurante simples, embaixo dos trilhos de trem, aquele tipo de lugar onde só os locais frequentam e se pode comer carne de qualidade pagando 1/3 dos restaurantes famosos. 

Após o jantar regado a muito vinho, fui conhecer a incrível coleção de discos de vinil na casa do meu amigo argentino Ariel, que conheci no Warung em dezembro. 

Sábado, 2 de março, amanheceu esquisito, com o clima nublado e previsão de chuva para mais de 50%. O dia passou e as coisas continuaram iguais, porém, nada que abalasse o ânimo de prestigiar um evento do mais alto nível em uma das capitais mais importantes do mundo dentro da cena eletrônica. 

Eu estava junto de um time de brasileiros que entendem e valorizam o que a Argentina tem a oferecer. Chegamos na cidade universitária por volta das 17h30. O local do evento é um complexo gigantesco com muitos campos gramados entre os prédios estudantis. Cercado de um lado pelo Rio de La Plata e do outro pelo Estádio Monumental (River Plate). Para completar, o aeroporto Jorge Newbery fica muito próximo e ter o evento como rota por onde os aviões passam para pousar realmente é a cereja do bolo deste mundo mágico onde por duas tardes/noites, torna-se o epicentro da cultura eletrônica mundial. Não tenho dúvidas, naqueles 2 dias, não havia lugar melhor para se estar.  

DIA 1 

Estávamos fazendo a caminhada até o evento (uns 600 metros), e aquele medo que estava presente durante todo o dia bateu à porta; começou a dar uns pingos de chuva! Cheguei a comprar uma capa plástica para me proteger, parecia que a qualquer momento iria desmoronar um mundo de água. Uma coisa era certa; todos estavam mentalmente preparados para curtir debaixo de chuva mesmo. 

Ao passar pelo sistema duplo de conferência dos ingressos, de longe avistei um telão gigantesco escrito ‘’Sunsetstrip’’ em azul mar. Me chamou muita atenção, pois era ainda maior que o do evento de 2023. E havia um destaque, uma segunda tela em forma de arco sobrepondo-se ao telão retangular. De cara, me lembrou o palco da épica tour Pulse do Pink Floyd de 1994. Uma referência? Possivelmente. Como de costume, o time da produtora Buena tinha a missão de surpreender o público e de fato eles conseguiram. As imagens mudavam de um tom azul para amarelo, escondendo seu verdadeiro poder (que seria mostrado ao longo da noite). 

Estava se apresentando o argentino Dub Format, eu gosto de suas produções, ele tem um estilo autêntico e mais leve, sendo bem escolhido para abrir os trabalhos. Logo ele deu lugar para o live de Bora Uzer, que trouxe suas influências de Jazz e Soul para o evento, com momentos mais descontraídos, um som que tem entrada no público mais novo.

Aos poucos o enorme gramado foi ganhando corpos e um vento leve nos brindava com uma brisa muito agradável, 25 graus, era quase perfeito, se não fosse a sensação de chuva. Hernán entraria às 19h15, e posso dizer que todos só pensavam em sua chegada. 

Dei mais uma circulada e pude perceber todas as ações para redução de danos que o evento proporcionava; água no bebedouro de graça, banheiros limpos, organização, cuidados diversos como massagem, pintura facial, áreas de descanso (refresh), tudo pensado para o público sentir-se à vontade e curtir da melhor forma. 

Faltando 10 minutos para HC aparecer, como em um passe de mágica, o tempo mudou rapidamente, parecia tudo calculado, as nuvens escuras foram se espaçando e em seu lugar um tom laranja lindo surgiu ao nosso redor. 

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Finalmente a ideia das cores no telão fez sentido, criando uma fusão de imagem que se misturava ao skyline, um verdadeiro Sunset acontecendo diante de nossos olhos. Como me disse Hernán no dia seguinte ‘’Eu devo ter sido muito bom em outra vida’’. Devido a tamanha sorte do tempo virar bem na hora que ele chegou para tocar. Mais uma prova de que ‘’El maestro’’ domina todos os aspectos de sua cidade e o tempo é claro, estava a seu favor. 

Quando ele surgiu no palco, o coração acelerou e não me contive, fui para o front encontrar com a turma do grupo ‘’Resident’’. Amigos argentinos que fiz ao longo dos anos. Eles são a primeira linha dos fãs e o balanço que impõem a frente do palco contagia a todos, isso se espalha como um vírus do bem, da música e do clássico movimento com os pés firmes no chão. 

O início foi seu tradicional deep progressivo tribal, com um destaque para a faixa ‘’Supose We Are’’ do BP, com um vocal lindo do grande filósofo inglês Alan Watts, difusor das teses orientais para o mundo ocidental. Foi um dos primeiros momentos de ‘’conexão coletiva’’ do público.

Quando se espera que no primeiro dia ele vai jogar mais tranquilo, ledo engano, mal escureceu, e já entraram faixas mais sérias, a exemplo de ‘’Cetus’’ do brasileiro Wilian Kraupp. 

O ‘’atropelo’’ que era esperado somente no domingo, veio já às 20h30, com uma sequência clubber que é muito o estilo dele. Non Stop, mixagens desconcertantes e um estado de euforia se dissipando por todos os lados. 

Posso pedir para ouvirem as faixas ‘’Kore’’ de Kamilo Sanclemente, ‘’Casino’’ de Agustin Pengov e ‘’Body Language’’ de Eric Lune, que vocês irão entender a pegada que Hernán trilhou no principal momento do set. 

Vale destacar também o remix de Kalima para ‘’Stripped’’ do Depeche Mode. Ouvir a voz ímpar do Dave Gahan naquele Sound System foi emocionante.

‘’Cosmos’’ de Jim Rivers também quero mencionar, pois é uma faixa que eu ouvi muito nos últimos meses, desde quando Danny Howells a tocou no River Club em Montenegro. Foi realmente inesperado Hernán jogá-la e mais: ele fez um mash-up com o vocal de ‘’Rainy’’ de Johnny Belinda no break de Cosmos, deixando tudo ainda mais especial. Não se trata apenas de jogar músicas, entende? E sim de imaginar momentos juntando peças para criar algo único.  

Após baixar o ritmo e tentar relaxar o público, ele finaliza tocando ‘’Just like Heaven’’ da banda The Cure. Seria uma homenagem para sua esposa que estava na pista? Provável. Também foi para todos cantarem e deixar tudo no ar para o que viria no dia seguinte. 

Hernán gosta de surpreender, de mudar a direção de como termina um set. Se ele jogou essa música do The Cure, era porque tinha a confiança de que todos estavam extasiados e prontos para algo sem batidas ao final. O importante é sempre estar preparado para as sensações que o público transmite. 

Eu poderia mencionar diversas faixas incríveis deste primeiro dia, mas não há espaço, de qualquer forma uma parte do tracklist estará no final do texto para vocês ouvirem. 

Deixamos o evento após a meia noite com certo desnorteio e uma sensação de ‘’não tem o que falar’’. O melhor de tudo é que em algumas horas estaríamos vivendo tudo aquilo de novo! 

Tentei ser mais conciso no review do dia 1, porque há muitas coisas a se comentar sobre o segundo dia. O Sábado foi espetacular, sendo a versão ‘’Cattadance’’ que todos esperam: energia, emoção, peso, estava tudo lá e a diversão foi garantida. 

DIA 2

O domingo amanheceu ensolarado, em torno de 23 graus, simplesmente perfeito. A tarde esquentou um pouco, quando chegamos no evento estava um pouco quente, os palhaços da Alegria Intensiva, ONG em prol de levar sorrisos às crianças com câncer, estavam chamando as garotas para pular corda na entrada e a estrutura estava impecável novamente. 

Um bom público já estava colado no telão que fazia sombra à sua frente. Martin Garcia, uma verdadeira lenda da cena Argentina estava no comando. Ele é mestre na arte de fazer warm-up e sua escolha não foi por acaso, ela estava de acordo com o que Hernán apresentaria neste dia. 

Martin nos concedeu uma aula de deep groove dark, super lento e com hats e snares bem marcantes. É uma escolha de vida, fazer esse tipo de som e tocar em momentos especiais. Não há toa é o DJ favorito do John Digwed para abrir shows. Hernán chega e Martin solta a melhor música do seu set, criando uma atmosfera emocionante através de um break beat e um arranjo dramático de piano. 

Hernan o abraçou várias vezes e pediu os merecidos aplausos do público. Eles são as referências de toda uma geração dos anos 90 que cresceu ouvindo seus sets como um ritual religioso. Os dois estarem ali, dividindo palco após tantos anos, após uma vida dedicada ao Progressive House e diante de 15 mil pessoas realmente interessadas, foi como uma vitória. A satisfação deles estava clara – ‘’nós vencemos!’’.

Hernán inicia às 18h em ponto, logo de cara joga um edit para ‘’Brown’’ da cantora Nina Simone. Faixas mais tribais e alguns vocais marcantes, como o de Billie Eilish em ‘’I love you’’ (Lich Ignacio Unoficcial Edit). Estava tudo indo parecido como no dia anterior, aquela vibe linda de final de tarde e os aviões passando sobre nós como se não fosse nada. Eu ficava vidrado a cada passagem com o som das turbinas contrastando com a música. 

No final da primeira hora a faixa ‘’Tiger Forest’’ (Ryan Davis Rework), de Dibby Dougherty & David Young, foi algo que me chamou atenção, era um ponto de inflexão no início do escurecer. Uma faixa de 2011 com uma melodia muito peculiar e que deu uma sensação de desconstrução espacial naquele ambiente aberto e cheio de pessoas. Um sinal do tom sonoro que ele iria aderir mais tarde. 

‘’Kasiope’’ do Sébastien Léger coloca o set novamente na direção de arpejos lisérgicos e viajantes até a segunda hora. Com a noite vencendo o dia, Hernán então vestiu seu velho manto de cavaleiro das trevas para nos proporcionar uma aula de musicalidade. 

‘’Flow’’ de Sam Hopgood e ‘’Marimba’’ de Robag Wruhme descrevem melhor o que quero dizer. Além de ‘’Zoe’’ remix de Timo Maas de 1998! 

Suas escolhas foram de um estilo de música que ele provavelmente guarda em alguma pasta especial, pensando que em algum momento poderá criar um set só com elas. Claro que em um set tradicional, ele também toca sons assim, porém agora as felizes almas que lá estavam, foram agraciadas com um set inteiro de um ‘’deep tech, techno progressivo, melodic house obscuro!’’ Algo totalmente diferente do dia anterior.

Escala menor, as notas pretas do piano! Drama, certa melancolia, melodias reflexivas, menor incidência de elementos nas caixas de bateria, tudo para ser ouvido e sentido parte por parte. 

Depois das 20h a aceleração natural da construção pode ser percebida com faixas como ‘’Fahrrad’’ de Gai Barone, ‘’Before We Drown’’ do Depeche Mode (Chris Avantegarde Remix) e ‘’Can’t Stay’’ de Enamour & Paraleven. 

Eu estava mais ao fundo com meus amigos quando comecei a ouvir um timbre e notas bem familiares, não pude acreditar, me apressei a ir para frente para poder gravar ‘’Xpander’’ do Sasha, em uma versão antiga do Anthony Pappa. Que momento! A faixa original completa esse ano 25 anos de lançamento, e claro, Hernán é muito atento a músicas que marcam a construção da história deste estilo musical. 

A terceira hora é realmente algo sublime, eu estava lá no front decidido a ficar, pois é uma missão conseguir chegar, precisa de todo um preparo para entrar naquele mar de pessoas querendo só se divertir.  Levei comigo duas brasileiras que me chamaram lá no evento e me disseram que estavam lá, em outro país, influenciadas pelo meu review do evento em 2023. Fiquei realmente impressionado e obviamente lhes disse que a experiência de pegar um Sunsetstrip em Buenos Aires só estaria completa se fossem lá no front, ficando frente a frente com o ser capaz de mover tantos Argentinos por tantos anos em uma paixão eterna por seu estilo e música. 

‘’Ineffable Moment’’ do Stereo Underground, é uma faixa especial. Sabe aquele tipo de música atemporal? Me lembrou das músicas que ele tocava lá por 2010. Nostalgia e contemplação.  

Era 21h30 quando apareceu um vídeo de pessoas caminhando por um cruzamento movimentado, fiquei paralisado naquele loop de imagem e depois me dei conta que era Shibuya em Tóquio, onde fica o maior cruzamento de ruas do mundo. Não preciso mencionar o amor e admiração que Hernán possui pela cultura e povo Japonês, onde foi por muitos anos um dos públicos mais fiéis do circuito.

Foi uma linda homenagem a uma fase importante de sua carreira. Aquele vocal feminino, aquela imagem vermelha, aquele break com um acorde de piano limpo nos transportando para fora de lá até explodir em um bassline matador. Com certeza um dos melhores momentos do final de semana. 

Outro destaque foi com ‘’Only Love’’ do Mind Against (edit), com um vocal ecoando por todos os lados e repetindo esse mantra que pode ser o resumo de uma vida. Apenas amor. 

Depois da calmaria, voltaram as linhas de baixo mais fortes com ‘’Reality’’ de Gadi Mitani e remix de Hernan & Soundelixe. Nesse vídeo abaixo foi mais um daqueles momentos em que fiquei arrepiado, que faixa! No telão, uma viagem através de um túnel geométrico que te deixava preso ao contexto. 

Entramos nas últimas 2 horas de set, que seriam de fortes emoções, com o som ganhando cada vez mais peso, a exemplo do remix de Jonathan Kasper para ‘’Hand In Hand’’ de Tiga & Kolsh. Tinlicker com ‘’Blowfish’’ fez todos colocarem as mãos para cima! Ainda coube um breakbeat apenas para dizer ‘’eu estou no comando’’

Um pouco de euforia veio com um remix de ‘’Lets Go Dancing’’, novamente de Tiga com Audion. Que momento, no break com tudo em vermelho, eu ouço ‘’Dale Peluca’’. Mais clássico que isso impossível. 

Voltei um pouco aos fundos para ver o início do show de efeitos que o telão proporciona. Em alguns momentos se criava uma sensação 3D incrível, olhando de frente, era como se o palco tivesse afundado e Hernán estaria tocando então dentro de um globo exalando brilhos, texturas. 

Mais cedo ele havia se transformado em um sol laranja quente, em uma lua cinza, ou em uma bola azul que passava a sensação de frio.

Por diversas vezes eu me arrepiava com aquela mistura de tons menores das músicas, que somada as imagens, nos davam um feeling de sinestesia, onde se combina várias sensações humanas através de expressões, que nesse caso era a soma de música e imagem, ativando não só nossa visão e audição, mas também o tato e paladar. 

Sentir calor ao ver um laranja forte, ou frio com um azul gélido, ou quando as luzes ao redor da tela piscavam junto de lasers em múltiplas direções, nos atravessando e prendendo ali naquele universo ‘’Cattanico’’. 

’My Lexicon’’ de Artfaq com remix de Eze Arias às 23h40 foi para as meninas subirem nos ombros para vibrar como se não houvesse amanhã.

Com a pista na mão e aquela vibe que não há como colocar em palavras, o ouro da noite aparece bem devagar, através do timbre sonoro de ‘’Flutes’’ entrando em cena para me deixar realmente levitando. Uma das minhas faixas da vida sendo ouvida ali, naquele som forte e limpo, foi como uma nova conquista de um verdadeiro clássico. 

Deu para cantar alto quando entrou seu vocal icónico e o brilho nos olhos de todos, do pessoal mais velho que sabia que era algo especial até os mais novos que estavam apaixonados pela música que ainda soa muito atual. 

‘’Ember’’ de WhoMadeWho (Melodiam Remix) vem na sequência, além de ‘’Voyage” de Hernan com Hicky & Kalo. 

Já havíamos passado da meia noite e o ápice do set chega com ‘’Leave A Trace’’ de CHVRCHES, com um Edit do Ezequiel Arias magnífico. Aquele vocal em loop que vai se esvaziando até virar em um bass poderoso que fez todos vibrarem! Depois dessa música ele poderia tocar mais umas horas se fosse possível, foi  um renovar de energias. 

Hernán baixa o canal e recebe os aplausos sinceros, junto disso o ‘’parabéns para você’’ Argentino é cantado e eu só apreciei a história sendo escrita.

Mais música? Sim, ‘’Love Will Tear Us Apart’’ (Tensnake Remix), um remake do Joy Division com um vocal feminino lindo. Que faixa! 

Ninguém pedia mais nada, estavam todos satisfeitos, Hernán queria dar mais um presente neste início de novo ciclo, que oficialmente era seu aniversário. Me dei conta que era segunda-feira e eu estava em Buenos Aires vivendo tudo aquilo, só agradeci ao universo por tudo e o presente foi nada menos que ‘’Time’’ do Pachanga Boys, com um novo edit do John Cosani. A sensação que essa música transmite é algo difícil de descrever, só sei que no final você terá revisitado toda a sua vida umas três a quatro vezes.

Hernan esteve muito concentrado em quase todas as 6h30 de set, com poucos desvios para acenar aos fãs. Eu olhava ao redor para ver as reações das pessoas e é realmente incrível o nível de entendimento dos Argentinos diante de um set mais complexo, com muitas faixas que ele normalmente não tocaria na maioria dos clubes e festivais mundo afora. Tocá-las em casa, para o seu público, onde mais? Me parece justo. 

Lembrei-me de sua fala durante uma conversa que tivemos em sua tour no Brasil – ‘’O DJ é quem tem o comando!!’’. Ou seja, ele é quem vai dizer como a pista vai se comportar, para o bem e para o mal. 

Trata-se de ter colhões, porque ele simplesmente poderia ter feito um set como em 2023, levando todos ao delírio o tempo todo. Mas não, escolheu fazer um set com diferentes movimentos rítmicos, buscando um ‘’estado de espírito’’ distinto, que exige um grau de entendimento enorme.

Era como um master chef que preparava uma sequência de pratos especiais, com todo cuidado e paciência, servindo-os pouco a pouco, para você degustar cada elemento, cada transição, cada mixagem que exigia sua melhor versão, pois não havia margem para qualquer erro de tempo.

Com aquele SS tão poderoso, tudo se percebe, mas para alguém de tamanho refino, a percepção ficava apenas em: ‘’que tremenda capacidade técnica’’. O tempo passou em câmera lenta, como se ele atrasasse a chegada de mais um dia de aniversário. 

O que vimos foi um concerto eletrônico, um verdadeiro recital de músicas cinematográficas! Muitos argentinos comentaram que só tinham ouvido algo assim mais de 10 anos antes na última Moonpark! Dá para ter noção da dimensão? 

Foi uma imersão sonora com sincronia nas imagens. Hernan e sua equipe souberam tirar o máximo dos gigantescos telões com formatos abstratos que mexiam com nossos sentidos mais adormecidos. O verdadeiro propósito de um show audiovisual é esse – extrair do público sentimentos diversos, elevando a experiência sonora a outro patamar, porém sem jamais ser mais importante do que a música.

Já imaginou se tivéssemos uma nave espacial capaz de voar pela escuridão do cosmos sem saber o destino? Ela então passaria por explosões de super novas, raios cósmicos, chuvas de meteoros e riscaria a borda de massivos buracos negros, prontos para nos atrair até o infinito. Seria uma viagem um tanto desafiadora, porém cheia de descobertas e momentos de contemplação. Se tal viagem fosse possível, qual seria a trilha sonora? Suspeito que já possuímos, apenas precisaria passar previamente por Buenos Aires, mais precisamente no bairro de Caballito, na caixa de areia do Parque Rivadavia ou melhor, ao lado do Winco, um móvel de madeira que saí música. ‘’Hey, menino, estás pronto para essa jornada?’’

Respondo – sim, ele estaria.  

Obs: as listas abaixo não refletem 100% a ordem das músicas e não está completa

HERNAN CATTANEO SUNSETSTRIP 2024 CIUDAD UNIVERSITARIA. 

 DIA 1 TRACKLIST

Solomon Grey – Choir To The Wild (Vandelor Remix)

BIRDD (AR) – Mevak

BP – Suppose We Are

Vandelor – ID

Wilian Kraupp – Cetus (Original mix) 

Sebastien Leger – Nations

FJL – No Return (BIRDD remix)

Skyhunter – Hideaway (B.I.R.DD (AR) Remix) 

Shai T – ID

Emanuel Satie, Maga, Sean Doron – Sleepless

Emi Galvan & DJ Zombi – Frequency Shift 

Boy Oh Boy, Bar.ba – Welcome Home (Several Definitions Remix)

Soundexile & Gadi Mitrani – ID

Stephan Bodzin – Powers of Ten (Maceo Plex & Shall Ocin Remix)

Jim Rivers – Cosmos

Johnny Belinda – Pablo Bolivar Rainy Ambient Version (Facundo Mohrr Edit)

Hurts – Better Than Love (EANP Unofficial Remix)

Jamie Stevens, Zankee Gulati – Low Tide (Ezequiel Arias Remix)

Nicolas Benedetti – Meraki 

Bjork – hidden places (Fideles re-interpretation)

TEELCO – into the light (ruben karapetyan remix)

1979 – Vulcano 💣

2 nobody Zuccasam

Antrim – ID

Kamilo Sanclemente – Kore 

RY X – The Water (Fran Bux Remix)

Nicolas Benedetti – Meraki

Agustin Pengov – Casino

Eric Lune – Body Language 

Simply City – The Ripple Effect

Depeche Mode – Stripped (Kalima Remix)

Augusto Yepes, Presi On, Renate – Mawu (Abracadabra)

Adhim – You’re Not Alone

Colorist baz za

Undo X Applescal – Until Meet Again X Acid Summer (Kevin Di Serna Edit)

The Cure – Just like Heaven (closing)

HERNAN CATTANEO SUNSETSTRIP 2024 CIUDAD UNIVERSITARIA. 

 DIA 2 TRACKLIST 

• 0:00:00 Nina Simone – Brown Baby (ID Mix)

•Ivan Aliaga – Ordinary Craziness. 

•Martin Gardoqui & Nacho Garcia – El Perfume (Club mix)

•Billie Eilish – I love you (Licha Ignacio Unofficial Remix)

• 25:55 GMJ, Matter – Skyline Depth

• 27:35 Weekend Heroes – Delta (Gai Barone Remix)

• 33:16 Kasey Taylor – Mysterious Madness (Gai Barone Remix)

• 39:30 EANP – Uncut Gems

• 51:52 Dibby Dougherty, David Young – Tiger Forest

•Sebastien Leger – Kasiope

•Sam Paganini – Zoe (Timo Mass Remix)

•Sam Hopgood – Flow

•Infusion – Legacy (Junkie XL remix)

• 1:01:40 Slow B – Everest

• 1:07:02 ID – ID

• 1:29:18 GHEIST – Marimba (Robag Wruhme Dimona Negeff NB Remix)

• 1:24:59 Felix E, Michael Ritter – Plastikrosen feat. Solveig Eger (Patrice Baumel Remix)

•Enamour & Paraleven – Can’t Stay

•2Qimic – Suggestion Level

•Will DeKeizerl -ID

•Living Stereo – Falling ft: Boema

•Living Stereo – Believe

•Nicolas Benedetti – ID

• 2:05:33 ID – ID

• 2:25:41 Gai Barrone – Fahrrad (Remix)

• 2:49.48 Depeche Mode – Before We Drown (Chris Avantgarde Remix)

• 2:21:33 Enamour, Paraleven, ALLKNIGHT – Can’t Stay (feat. ALLKNIGHT)

• 2:44:32 EANP, Juan Deminicis – The Other Side

• 2:54:07 Sasha – Xpander – (Anthony Pappa Mashup)

• 3:11:00 Paul Deep – ID

• 3.15:54 Stereo Underground – Ineffable Moment

• 3:25:51 Cadillac Express, The Cobb – Siberia (Original Mix)

• 3:30:54 Mind Against – OnlyL ft. TSHA & NIMMO

• 3:45:54 ID – ID

• 4:01:25 Tiga, Kölsch – Hand In Hand (Jonathan Kaspar Remix)

• 4:07:17 Tinlicker – Blowfish

• 4:29:45 ID – ID

• 4:37:35 ID – ID

•Tiga & Audion – Let’s Go Dancing (ID remix)

• 4:53:50 D-Nox & Stereo Underground – Gruuve (Original Mix)

• 5:10:00 ID – ID

• 5:25:52 Artfaq – Lexion (Ezequiel Arias Remix)

• 5:32:19 Hot Chip – Flutes (Sasha Remix) 

•WhoMadeWho – Ember (Melodiam AR remix )

•Hernan Cattaneo, Hicky & Kalo – Voyage (Original Mix)

• 6:03:55 CHVRCHES – Leave A Trace (Four Tet Remix) (Ezequiel Arias Edit)

• 6:04:47 R Plus & Amelia Fox – Love Will Tear Us Apart (Tensnake Remix)

CIERRE:

•Pachanga Boys – Time (ID Remix)

•Martin Gardoqui & Nacho Garcia – El Perfume (Club mix)

•Billie Eilish – I love you (Licha Ignacio Unofficial Remix)

• 25:55 GMJ, Matter – Skyline Depth

• 27:35 Weekend Heroes – Delta (Gai Barone Remix)

• 33:16 Kasey Taylor – Mysterious Madness (Gai Barone Remix)

• 39:30 EANP – Uncut Gems

• 51:52 Dibby Dougherty, David Young – Tiger Forest

•Sebastien Leger – Kasiope

•Sam Paganini – Zoe (Timo Mass Remix)

•Sam Hopgood – Flow

•Infusion – Legacy (Junkie XL remix)

• 1:01:40 Slow B – Everest

• 1:07:02 ID – ID

• 1:29:18 GHEIST – Marimba (Robag Wruhme Dimona Negeff NB Remix)

• 1:24:59 Felix E, Michael Ritter – Plastikrosen feat. Solveig Eger (Patrice Baumel Remix)

•Enamour & Paraleven – Can’t Stay

•2Qimic – Suggestion Level

•Will DeKeizerl -ID

•Living Stereo – Falling ft: Boema

•Living Stereo – Believe

•Nicolas Benedetti – ID

• 2:05:33 ID – ID

• 2:25:41 Gai Barrone – Fahrrad (Remix)

• 2:49.48 Depeche Mode – Before We Drown (Chris Avantgarde Remix)

• 2:21:33 Enamour, Paraleven, ALLKNIGHT – Can’t Stay (feat. ALLKNIGHT)

• 2:44:32 EANP, Juan Deminicis – The Other Side

• 2:54:07 Sasha – Xpander – (Anthony Pappa Mashup)

• 3:11:00 Paul Deep – ID

• 3.15:54 Stereo Underground – Ineffable Moment

• 3:25:51 Cadillac Express, The Cobb – Siberia (Original Mix)

• 3:30:54 Mind Against – OnlyL ft. TSHA & NIMMO

• 3:45:54 ID – ID

• 4:01:25 Tiga, Kölsch – Hand In Hand (Jonathan Kaspar Remix)

• 4:07:17 Tinlicker – Blowfish

• 4:29:45 ID – ID

• 4:37:35 ID – ID

•Tiga & Audion – Let’s Go Dancing (ID remix)

• 4:53:50 D-Nox & Stereo Underground – Gruuve (Original Mix)

• 5:10:00 ID – ID

• 5:25:52 Artfaq – Lexion (Ezequiel Arias Remix)

• 5:32:19 Hot Chip – Flutes (Sasha Remix) 🔥🔥🔥

•WhoMadeWho – Ember (Melodiam AR remix )

•Hernan Cattaneo, Hicky & Kalo – Voyage (Original Mix)

• 6:03:55 CHVRCHES – Leave A Trace (Four Tet Remix) (Ezequiel Arias Edit)

• 6:04:47 R Plus & Amelia Fox – Love Will Tear Us Apart (Tensnake Remix)

CIERRE:

•Pachanga Boys – Time (ID Remix)

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