Já imaginou ir tocar em um dos países com a cena eletrônica mais pulsantes e desenvolvidas do mundo, sair no outro dia para curtir um mega evento com o maior ídolo deste país e, no meio da multidão, encontrar um fã com seu rosto tatuado nas costas?… Um sonho que todos gostariam de viver, certo? Pois foi exatamente isso que aconteceu com a brasileira BLANCAh em sua última passagem pela Argentina. A catarinense se apresentou no último dia 8 de dezembro na impressionante cidade de Mendoza, conhecida como a capital do vinho sul americano. No dia seguinte, como boa clubber que é, foi para a pré-cordilheira dos andes bailar ao som de Hernán Cattaneo junto de expoentes da cena local como Mariano Mellino e Graziano Raffa, e lá, no meio do deserto, um fã de nome Emiliano lhe mostrou seu rosto nas costas.
Esse tipo de devoção é típico do Argentinos, eles vivem e levam a vida de forma sanguínea, porém, essa idolatria para com artistas Brasileiros não é algo tão comum. Nos anos 2000, Fabrício Peçanha detinha uma base de fãs considerável no país, chegando a ter a bandeira do Brasil com seu nome levantada em pleno festival Creamfields. O comum sempre foi os excelentes DJs argentinos virem tocar no Brasil e ganharem nossa admiração, especialmente no litoral Catarinense, onde muitos já tocaram por anos seguidos e até viraram residentes (Ricky Ryan no Warung), porém, nos últimos anos, com a ascensão do mercado brasileiro de produtores, o intercâmbio passou a ficar mais equilibrado. Nomes como Zac, Fran Bortolossi e Albuquerque passaram a ter países como Argentina, Chile, Paraguai, Equador e até Colômbia e Peru como destinos.
BLANCAh, porém, parece ter alcançado um novo patamar nessa tentativa de criar laços profundos na América do Sul. Sua estética é única, sua originalidade, e claro, sua música com camadas profundas, intensas e progressivas caiu como uma luva em um continente quente e emocional, como diria Hernan Cattaneo.
Para você ter ideia, apenas no segundo semestre, ela se apresentou 13 vezes em países da américa latina, e isso com certeza chama atenção da mídia nacional. Seja como headliner, seja somando-se a line ups de peso (Joris Vorn, Hernan Cattaneo, Nick Warren, Denis Horvart, Fideles, Soel, Coeus e Korolova) BLANCAh figura como uma das artistas brasileiras com maior visibilidade e presença em palcos sul-americanos. E por isso decidimos conversar com ela para entender mais o que ela tem encontrado de diferente nos nossos vizinhos de cena.
O que encanta no público argentino?
” Primeiro sua educação musical. Sinto o público argentino mais aberto a ouvir o que o artista tem para mostrar, nunca sofri pressão da pista para que eu tocasse um som especifico. Sempre me senti muito à vontade para tocar o que eu gosto e para experimentar mais.”
“Segundo a paixão. este é um povo apaixonado que carrega no coração os ídolos. Que tatua no corpo e que é fiel até o fim.”
“Em terceiro e não menos importante a maneira enérgica com que eles dançam. Eles se jogam de corpo inteiro na pista. Nunca vi uma mulher de salto alto na pista. Todas estão de tênis ou botas confortáveis, pois o intuito é dançar até o fim. Sempre toco sorrindo quando os vejo dançando. “
Em um post no Instagram há algumas semanas, ela declarou: ‘’Entendam porque eu amo esse povo argentino. MANIJAS ZARPADOS que bailam como nadie en este mundo!’’
Como isso tudo começou?
‘’Começou em em 2015, quando toquei pela primeira vez na Argentina numa sequência de 3 shows promovidos pela produtora GrooveBeat. Essa primeira passagem pela terra dos hermanos ficou registrada em vídeo no set gravado junto a produtora do evento em um leaving room sessions.’’
Em 2017 seu nome se fortaleceu entre o público argentino após BLANCAh ter sua música “Talus” remixada por Hernan Cattaneo e Audio Junkies na compilação de Aniversário do Selo alemão Steyoyoke. BLANCAh nos conta:
“Naquela época eu tinha a missão de escolher um artista para remixar a minha música para este projeto de aniversário da gravadora. Eu estava em Buenos Aires para duas semanas de shows e pensei ” já que estou aqui, porque não tentar a sorte e arriscar alto? ” Consegui o email do Hernan com um amigo e escrevi a ele um email me apresentando e humildemente o convidando para este projeto. Honestamente eu não tinha muita esperança que ele fosse sequer responder ao meu email. E para minha surpresa, em menos de 24hs ele me retornou dizendo que adorava minha música – nessa época eu já tinha o suporte dele em pelo menos quatro tracks (Hamato, Revoada, Albatroz e Talus) – e que seria um prazer remixa-la. Foi aí que começou a minha relação de amor e admiração por este ser humano! E foi aí também que o público Argentino passou a me conhecer mais, e aos poucos outros países também passaram a me escutar’’
Em 2019, ela se apresentou com Hernan e Nick Warren no Uruguai através da label party de Nick e Petra, Soundgarden. Vídeo na mesa com Nick e Hernan.
‘’Para esta ocasião preparei uma edição da música ‘’Gracias a La vida’’, cantada por Mercedes Sosa. Desde criança eu escutava os cds da Mercedes com a minha mãe, sempre tive um amor por esta cantora que tanto representa a América Latina, e quando soltei este tema no final do meu set, o público foi ao delírio. Recebi inúmeras mensagens de gente emocionada. Repeti este feito inúmeras vezes como uma maneira de nos conectarmos a todos. Afinal somos todos latinos, somos todos irmãos.’’
Entrevista de BLANCAh para o portal Cordoba Beat a respeito de Mercedes Sosa:
‘’Também estreitei os laços com o público Cordobés que tanto amo. Para mim são os melhores que temos bailando. Um dos melhores registros meus na Argentina está no set gravado ao vivo em La Estacion.’’
Apresentação na cidade de Córdoba – La Estacion Indoor.
Apresentação em La Plata no Circus Festival.
Um dos inúmeros suportes de Hernan a BLANCAh na faixa ‘’Signs Of Bliss’’
Apresentação na capital Buenos Aires.
Apresentação na cidade de Rosario com FIDELES
Apresentação no Chile (Mirage club)
BLANCAh está de volta a Argentina no dia 6 de janeiro na cidade de Formosa. Confira agenda completa da artista.
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