Como Gabe segue no topo depois de 20 anos: a pioneira trajetória do “rei das chineladas”

Tags: , , ,
Por em 21 de julho, 2023 - 21/07/2023

Para que fenômenos como Alok e Vintage Culture pudessem existir, alguns aventureiros desbravaram territórios desconhecidos e inóspitos, em uma época em que a tecnologia e o acesso à informação eram consideravelmente menores. Sem dúvida alguma, um desses pioneiros é Gabe.

Natural de São Paulo, Gabriel Serrasqueiro foi responsável por abrir muitos caminhos na cena eletrônica nacional. Na juventude, tinha uma banda de punk rock e começou a ter contato com a música eletrônica por trabalhar em uma loja da Galeria Ouro Fino, point importante de artistas, promoters e entusiastas daquele estilo que mal era compreendido no país.

Na mesma época, quando por aqui contava-se nos dedos os DJs que também eram produtores, ele aprendeu a produzir em um jogo para PlayStation chamado “MTV Music Generator”. Essas foram as bases para que nascesse, na virada do milênio, o Wrecked Machines: projeto que, em poucos anos, se consolidaria como um dos precursores do psytrance no Brasil.

Com hits como “Music in U”, “​​Rubberneck” e o clássico remix para “Enjoy the Silence”, do Depeche Mode, assinado pelo Growling Machines (fusão com o famoso duo holandês GMS), o Wrecked Machines lançou por gravadoras relevantes da época — como EtnicaNet, de Ibiza, e a japonesa Solstice Music International — e fez turnês mundiais, passando por países como África do Sul, Alemanha, Israel, Japão, México e Portugal. Seu sucesso foi tão expressivo que, em 2006, conquistou o 55º lugar no Top 100 da DJ Mag, sendo um dos primeiros brasileiros a figurar no ranking, junto a ícones como DJ Marky e Anderson Noise.

Poderia ser tentador deitar em berço esplêndido e insistir na repetição do que havia dado muito certo, mas a visão e a inquietude artísticas de Gabriel o levaram a ousar mais uma vez. Em 2007, sabendo que sucesso e acomodação são incompatíveis, ele se reinventava como Gabe, um DJ voltado às batidas mais cadenciadas da house e do techno. 

Em sua nova faceta — que incluiu no começo um duo chamado Velkro, com Marcello V.O.R. —, seguiu ditando tendências e participando do crescimento da cena nacional, ao mesmo tempo em que era reconhecido internacionalmente. Ao longo dos anos, seu som chamou a atenção de nomes como HOSH, John Digweed, Sasha e Solomun, e o levou a assinar com labels como Repopulate Mars, Hottrax, Solotoko, Spinnin’ Deep, Get Physical, Bunny Tiger, Sprout e Defected.

Já plenamente consolidado no tech house (inclusive no comando da própria gravadora, a G-Spot), Gabe mostrou recentemente, mais uma vez, a sua ousadia e versatilidade com os lançamentos de “Naquele Pique” (produção baseada no hit de MC TH, que mistura música eletrônica e funk, em collab com Eddy M) e o remix para “Como Eu Te Quero”, do rapper Black Alien, em collab com Viot. As tracks bombaram nas pistas e nas plataformas, e já constam como duas de suas maiores “chineladas”, ao lado de pérolas como “Caught in Between” e “Creep” (ambas com Vintage Culture e Bondi), “Tangie” (com Illusionize) e “Good Times” e o remix para “Malemolência”, da cantora e compositora Céu (ambas com Tough Art).

Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por Gabe (@gabemusic)

Mas talvez o mais incrível em toda essa história seja a relação que estabeleceu com seus fãs. No país, são poucos os que podem se orgulhar de terem visto surgir apelidos, símbolos e bordões próprios (como uma espécie de marca registrada), de maneira espontânea. Basta falar no “rei das chineladas” ou no “tiozão” — ou, melhor ainda, apenas fazer o gesto de uma cotovelada — em alguma festa do meio, e todos saberão de quem se trata.

Jogue todos esses ingredientes em um mixer e você começa a entender por que Gabe é um dos mais longevos e inventivos expoentes da música eletrônica brasileira.

Mais sobre Gabe

Gabe é uma verdadeira lenda brasileira. Sem espaço para exageros, trata-se de um dos melhores produtores nacionais, com a carreira mais sólida e regular dos últimos 20 anos. Do tech-house ao techno, seu maior gol foi manter os olhos e sua sonoridade no futuro, formando opinião, ditando tendências e conquistando o coração de várias gerações. 

Gabriel Serrasqueiro iniciou a carreira com o projeto de psytrance Wrecked Machines, em 1999, e em 2007 deu vida ao Gabe. Além de produtor musical também é dono da gravadora G-Spot Records, e da sua festa, Gabe All Night Long. 

Vivendo sua fase mais intensa, como uma espécie de “coringa” na cena brasileira, ele continua a lançar e a tocar suas chineladas, visitando e revisitando festivais como XXXperience, Tribe, Só Track Boa, Rock in Rio e Ultra Music Festival. Nos últimos anos, selos como Repopulate Mars (de Lee Foss), Hottrax (de Jamie Jones), Solotoko (de Sonny Fodera) e a gigante Spinnin’ Deep têm apoiado seu trabalho.

Produziu faixas com nomes como Vintage Culture, Gordo (ex-Carnage), Marco Strous, Illusionize e D-Nox, fez gigs históricas, esgotou ingressos e destilou suas “cotoveladas” nos clubs mais conceituados do país. Segue o tio!

=> Instagram @gabemusic.

Tags: , , ,