Lucas V. conta 6 dicas para DJs que navegam por diversas vertentes

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Por em 25 de maio, 2022 - 25/05/2022

Existe uma nuance potencialmente negativa em cada ação, condição, palavra. Vamos pegar como exemplo o perfeccionismo. Você pode ser uma pessoa perfeccionista, cuidando ao máximo de cada detalhe para que o todo vire algo poderoso. Mas se você voltar atrás muitas vezes, se perder e refinar exaustivamente cada detalhe, acabar paralisado e perder o prazo, talvez tenha sido preciosista. 

Para a versatilidade, podemos seguir o mesmo raciocínio. Trabalhando com discotecagem, ser versátil pode te permitir ser variável, polivalente e, principalmente, criativo. Mas se, diante das pistas, você não souber conduzir sua pesquisa por uma narrativa coerente, bem rápido a versatilidade vira instabilidade, incoerência; vira uma gratuidade que vai mexer diretamente com os sentimentos do público. 

Acostumado à arte da versatilidade em discotecagem está Lucas V., natural de São Paulo e baseado em Blumenau-SC, ele é residente do núcleo Big Fish e já levou também seu ecletismo musical para House Power DJs (São Paulo), Santo Bass (Brasília), Cultura Cosmo (Florianópolis) e Square Music Culture (Inglaterra). Antes disso tudo, ganhou atenção e elogios de nomes maestrais em mixagem, como Ilan Kriger (AIMEC) e Jayboo

Ele também possui o seu próprio projeto chamado ÂmeDeep, onde já está no sétimo episódio e já possui mais de 7 mil plays no SoundCloud, alguns djs que já passaram por lá: CANCCI, Edu Schwartz, Zomero, Lostin, Kelly Moreira e WOHJ.
O set consiste em uma hora de Lucas V e uma hora do convidado onde navegam por gêneros que se aprofundam no sentimento de fazer um culto à música eletrônica.

Pensando em DJs aspirantes ou aqueles que já tocam, mas desejam seguir um caminho mais aventuroso em repertório, decidimos brincar com as palavras e extrair de Lucas V. algumas ideias sobre versatilidade. Vamos lá! 

Lucas V., sobre biblioteca: como organizá-la de maneira eficaz, possibilitando uma apresentação versátil?

Lucas: Eu organizo a biblioteca de acordo com os eventos que toco. Nas colunas, organizo pelo BPM, tonalidade e pelo rating (estrelas) onde avalio o poder que a track terá na pista.
Assim que eu adquiro uma track, coloco a avaliação dela e um range de 0 a 5, isso não quer dizer que 1 seja uma track ruim e 5 uma track perfeita, e sim o quão será o impacto dela na pista, se ela possui muitos “build up”, se possui vocais que “conversem com a pista” e etc…são diversas variações onde tenho o meu próprio “Score” para as tracks.

Sobre repertório: o que diferencia uma seleção boa de uma ruim? 

Lucas: Talvez uma seleção ruim é aquela que o artista não se empenha para montar, não procure surpreender, aquela que ele não se preocupa em escolher uma intro, talvez essa seja um exemplo de seleção ruim.

Sobre mixagem: o que levar em conta ao mesclar gêneros diferentes?

Lucas: É preciso levar em conta o BPM, a tonalidade, o feeling da pista e a atitude de querer surpreender.
Lembrando que você também pode contar uma história através do set e se a história fizer sentido e a pista tiver no hype eles não estarão preocupados em quantos gêneros você navegou, eles sairão da pista dizendo que o quanto curtiram o seu set.

Sobre criatividade: em que momento é interessante, e em que momento é “só pra aparecer”?

Lucas: Durante uma apresentação a criatividade sempre será interessante, mas é preciso entender se essa criatividade faz parte da sua personalidade, se faz parte do seu “eu” como artista.
Não faz parte do meu “eu” como artista subir na mesa e gritar um “PUT FUCK YOUR HANDS UP”, porém eu sempre procuro utilizar “acapellas” no meio do set, pois sempre gostei de ter a adrenalina de realizar esses “live mashups”.
A criatividade também se torna interessante nos momentos de criar uma label, de criar um núcleo de festas ou um movimento. Hoje ainda vejo muito do mesmo no mercado, principalmente na parte cenográfica dos eventos. Faço aqui um parênteses para a última tribe que rolou, palcos lindos, bem pensados e com uma arquitetura de dar inveja! Precisamos mais desse pensamento de experiência e não somente no Line-Up da festa.

Sobre contar histórias: como planejar uma apresentação versátil, mas coerente? 

Lucas: Ter um ouvido bom para escutar diferentes estilos te ajuda a entender o que pode ser coerente dentro de uma apresentação. Novamente volto no ponto da Mixagem harmônica, não se pode se prender a só ela, quanto mais sets e tracks diferentes você ouvir, mais seu ouvido estará apurado para montar uma playlist que surpreenderá o seu público.

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