Duas semanas após apresentar “Ayó”, a DJ e produtora de PsyTrance Ekanta soltou uma nova faixa, “Awavena”, essa em collab com Alurian. Ambas fazem parte do seu álbum “Vozes”, que lança oficialmente nesta sexta-feira (03) pela Vagalume Records. O último LP lançado por Ekanta havia sido em 2015, o “Raízes Eletrônicas”, portanto, esse novo disco está sendo muito aguardado pelos fãs da artista.
Nós aproveitamos esse momento quente da carreira para trocar uma ideia rápida tanto com Ekanta como com Alurian sobre como “Awavena” ganhou vida e o que a música traz de mais especial:
GRVE: Ekanta como foi a experiência de troca com o povo Yawanawá, em especial com a Pajé Hushashu Yawanawa, que deu voz à faixa Awavena?
Ekanta: Me encontrei com alguns Yawanawas no mês de Julho, em Minas, na gravação do álbum do Alok com vários povos indígenas. Na semana em que estive por lá, não participei de nenhuma cerimônia com medicina, mas fizemos com música e fogueira. Foi bem lindo e inesquecível! Eles tem muito a nos ensinar! A Hushashu não estava presente, mas conheci outras lideranças femininas muito especiais…
Sobre o nome da faixa, sabemos que Awavena significa ‘Borboleta Azul’. Esse animal é a representação de algum arquétipo sagrado também para você?
A borboleta azul representa o feminino, um ser tão leve a ao mesmo tempo tão forte! Tão lindo e que tem esse poder de transformação intenso.. Nossa doçura e nosso empoderamento, o dom de transitar por vários universos de voar, de ser e estar.
E como foi o processo de criação ao lado de Alurian?
Milos é um super produtor, com muita experiência e me ensinou bastante… é sempre bem válido e engrandecedor trabalhar com artistas de outros países, trazendo essa mistura cultural cheia de aprendizado. Foram poucas sessões, mas o resultado ficou incrível! Estamos muito felizes com a Awavena e os Yawanawas também estão!
Alurian, “Awavena” é sua primeira faixa sob esse atual projeto. O que você busca através do Alurian, diferente do Copycat?
Alurian: Sim, Awavena é o ponto de partida do projeto Alurian e eu estou animado com isso.
A ideia por trás é tentar trazer de volta a sensação de manhãs cheias de som e sentimentos antigos à tona. Eu testei muitos caminhos com o projeto Copycat. No começo, estava escrevendo progressive offbeat com swing grooves e nos últimos 3-4 anos produzi muitas tracks de psytrance melódico, então acho que o projeto começou a ficar confuso para o público… A única solução foi eu separar os dois estilos através da criação de um novo projeto — Alurian.
Sobre o processo de produção da faixa: você também teve a oportunidade de estar em contato com a cultura do povo Yawanawá? O que a essência cultural dessa faixa significou para você?
Infelizmente não tive a oportunidade, mas um dia espero ter. Ekanta conversou comigo sobre a ideia por trás de seu álbum e nossa colaboração em uma track. Ela me apresentou o áudio de uma tribo, que eu achei muito inspirador para compormos a track em volta. Foi assim que começou. Às vezes, você não precisa conhecer ou entender uma cultura para conseguir sentir ela. A cultura tribal é profundamente conectada com a cena psytrance de hoje e isso é um lembrete importante de que a música é uma língua universal.
Como foi a experiência de produzir Awavena ao lado de Ekanta, pioneira e uma das principais representantes do Psytrance brasileiro?
Foi uma experiência muito harmônica. Ekanta é uma pessoa muito prazerosa de se trabalhar lado-a-lado no estúdio, e ela realmente sente a música de um jeito diferente, devido ao tempo de experiência dela nessa cena. Por isso, foi muito fácil seguir seu fluxo na track. Resumindo, ela era a alma, e eu a força, no processo de criação… Eu adoraria muito se trabalhássemos mais juntos no futuro.