O techno brasileiro vive um momento de efervescência criativa, com uma nova geração de artistas mulheres conquistando espaço tanto na cena nacional quanto internacional. Entre produtoras, DJs e curadoras, essas artistas brasileiras estão ajudando a expandir o gênero em suas bases locais e, em alguns casos, também representando a nossa bandeira fora do país, seja através de experimentações sonoras ousadas, políticas de inclusão em seus projetos ou pela criação de novos circuitos e oportunidades para artistas emergentes.
Entre produções autorais, sets fora da curva e uma presença crescente em clubs e festivais importantes, elas representam a diversidade estética do techno nacional e a mudança estrutural na forma como a cena se organiza e se projeta globalmente. Da versatilidade criativa aos subgêneros mais pesados, passando por abordagens experimentais, conheça bela coelho, Nebel, Lolly Stardusty, Lexie, Dani Yamamoto e Kamie Devour — seis nomes que simbolizam a força e o futuro da música eletrônica nacional.
Aos 21 anos e com menos de três anos de carreira, bela coelho (assim mesmo, tudo em minúsculo) já conquistou feitos impressionantes. Emergente da cena de Santa Catarina, é cofundadora da label 333 e se destaca por sets imprevisíveis que transitam do techno denso ao indie dance, com desvios para psy trance, minimal e deep tech. Seu lançamento mais recente, “The Substance“, em parceria com HNGT, já ultrapassou 120 mil plays em menos de um mês e recebeu suporte de Wehbba, Victor Ruiz e Nuria. A faixa, inspirada no filme homônimo, marca seu primeiro lançamento internacional pela gravadora Alaula. E não para por aí, após sua estreia pela Kaligo Records, com suporte de Sama’ Abdulhadi, a artista apresentou agora o seu novo trabalho, que alcançou a posição #32 no Top 100 Techno (Peak Time / Driving) do Beatport, além de ser incluída nas playlists do Spotify Techno Bunker e a Electronic Rising, uma das mais importantes do gênero.
Tocando desde 2015, Nebel construiu uma carreira sólida entre Brasil e Europa, com apresentações no D-EDGE, Club Vibe, Fluc Wanne (Viena) e Kømplex (Lisboa). Embora focada no hard techno, transita pelo trance, schranz e breakbeat, sempre com tracks ácidas e dançantes. Como produtora, explora uma mistura de industrial, acid e hard techno, enquanto também comanda a festa Desorient em Curitiba, fomentando a cena local de hard techno.
Iniciou sua carreira em 2019 e rapidamente se tornou uma das principais produtoras culturais do país através da Vortex 323, festa que criou um marco de representatividade no techno brasileiro com políticas inclusivas e foco em artistas LGBTQIAPN+. Em 2024, realizou o primeiro festival nacional de hard techno e se tornou a primeira mulher DJ de hard techno no Brasil a fazer três turnês nacionais. Seus sets combinam hard techno, acid, industrial e EBM, e ela já dividiu palcos com Amelie Lens, Chris Liberator e Andre Salata.
Alexia Riganelli começou na cena paulistana em 2022, trazendo uma pesquisa musical ampla que vai do techno hipnótico ao hard groove. Nascida em Guarulhos, incorpora samples de house, break, hip hop e referências dos anos 90/2000, criando atmosferas versáteis que transmitem energia e introspecção. Destaca-se pela habilidade de conectar diferentes gerações musicais em apresentações marcadas pelo groove e elementos dançantes. Recentemente, teve a oportunidade de gravar um set no famoso HOR, em Berlim.
Clubber desde 2003, construiu trajetória internacional com apresentações no Japão, Índia, Espanha, Colômbia e Portugal. Fundadora da Lov Hard e co-fundadora da Chama, uma festa independente criada por mulheres, ela se destaca pela manipulação criativa dos sons inspirada pela sinestesia, criando experiências sensoriais transcendentais. Seus sets percorrem todo o espectro do techno ao hard techno com kicks fortes, muito groove e energia contagiante, refletindo seu compromisso em compartilhar música através de amor, união e conexão.
Nascida em Brasília e baseada em São Paulo, Kamie Devour combina uma década de experiência na indústria de eventos com nove anos de discotecagem e expressões artísticas que incluem artes circenses e pirofagia. Mente por trás do laboratório criativo Twisted.rec e residente da Rádio Veneno, sua pesquisa sonora explora techno e suas subvertentes — hard, dark, acid, industrial — incorporando EBM, darkpsy e fullon night. Seu som se destaca por camadas energéticas e estética urbana que contrasta influências nostálgicas e obscuras, criando conexão visceral com o caos da cidade e consolidando-se como uma das vozes mais experimentais da cena nacional.
It’s all about groove