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Mau Maioli e Vasconcellos falam sobre “Rave” e celebram quatro anos da Synce como plataforma cultural

Depois de anos de parceria e colaborações pontuais, Mau Maioli e Vasconcellos acabam de assinar seu primeiro EP em conjunto: “Rave”

O lançamento pelo selo berlinense Inner Shah Recordings chega em um momento importante, já que a dupla também comemora os quatro anos da Synce, projeto que começou como radio show e hoje se consolida como uma plataforma cultural que une gravadora, festas, produção de conteúdo e conexões internacionais. 

Nesta entrevista, eles falam sobre o processo de criação do EP, a evolução da Synce e os próximos passos que vêm pela frente.

Apesar da parceria de anos, vocês acabam de assinar o primeiro EP juntos. Falem um pouco sobre o lançamento e a parceria na construção de “Rave”.

Vasconcellos: Esse EP marca um momento muito especial na nossa trajetória. Eu e o Mau já tínhamos lançado várias colaborações em single, mas esse é o nosso primeiro EP juntos, algo que vinha sendo amadurecido há bastante tempo. 

“Rave” nasce como resultado de experimentos que não aconteceram de uma hora para outra; foi um processo de transformação, de insistência e de acreditar no som até encontrar a nossa verdade.

O lançamento pela Inner Shah, gravadora de Berlim em que já tive a oportunidade de lançar anteriormente, simboliza também um retorno em um formato novo: agora em parceria com o Mau. 

São duas faixas, “Rave” e “Crow Groove”, que mesclam referências dos anos 80, com sintetizadores atmosféricos e nostálgicos, e a energia crua das raves dos anos 90. O resultado é um som de pista, intenso, feito para o auge da noite, que carrega a essência do que acreditamos como artistas.

Além disso, esse lançamento acontece em um ano emblemático para nós: a Synce, nosso selo, completa quatro anos. Dentro de tantas conquistas e projetos que marcam esse ciclo, esse EP chega como a cereja do bolo, reafirmando nossa sonoridade e nosso compromisso em levar adiante a cultura da música eletrônica. Estamos muito felizes de poder compartilhar esse trabalho e de celebrar tudo o que ele representa na nossa caminhada.

Como nasceu a ideia da Synce e qual foi a motivação inicial para criar o projeto?

Mau Maioli: A Synce começou como um radio show, há quatro anos, dentro da Rádio Veneno, uma das referências do underground online. Na época, eu e o Vasconcellos já éramos amigos de longa data e compartilhávamos uma paixão pela sonoridade nostálgica dos anos 70, 80 e 90, algo que estava muito em evidência com o boom do indie dance em 2020 e 2021. 

Criamos o projeto para convidar artistas que compartilhassem desse mesmo sentimento, valorizando o old school e trazendo suas referências para dentro do programa. A motivação inicial sempre foi essa: reverenciar a memória afetiva da música eletrônica e dar espaço para artistas que dialogam com essa estética.

De que forma a Synce se diferencia de outros programas de rádio/labels da cena eletrônica nacional?

Vasconcellos: Nosso diferencial está na troca. Criamos uma dinâmica que desafia os convidados a escolherem uma faixa de referência que marcou sua trajetória — algo difícil, mas que gera conversas profundas sobre memórias, influências e sentimentos. A partir daí, eles desenvolvem seus sets livremente. 

O radio show não é sobre nós tocarmos, mas sobre darmos voz a quem convidamos: de 12 edições no ano, apenas uma ou duas são nossas. Essa valorização da história e da perspectiva do artista é o que nos diferencia. Além disso, como trabalhamos também com comunicação, conseguimos levar esse know-how para a divulgação dos eventos e colaborações, criando conteúdos que potencializam cada ação.

Quais foram os momentos mais marcantes nesses quatro anos, tanto no programa quanto nas festas e lançamentos?

Mau Maioli: Foram muitos. No radio show, o episódio 50 com Renato Cohen e Ney Faustini foi emblemático, assim como o primeiro episódio em estúdio com DJ Magal e, mais recentemente, com Eli Iwasa e Camilo Rocha

Na gravadora, tivemos convidados de peso no segmento Invite, como Rafael Cerato e AFFKT, da gravadora Sincopat. Em eventos, já assinamos noites no Caracol, D-EDGE SP, Terraza em Florianópolis e D-EDGE Rio, sempre levando a estética da Synce para a pista. E nos lançamentos, tivemos faixas apoiadas por nomes como Solomun, Rafael Cerato, Eli Iwasa e Kyle Starkey, o que também foi muito especial.

Como vocês enxergam a evolução da Synce: é mais um programa de rádio, um selo, uma plataforma cultural…?

Vasconcellos: Hoje, a Synce é uma plataforma cultural. É um hub que conecta gravadora, programa de rádio, festas e produção de conteúdo. Todas essas frentes se movimentam de maneira equilibrada, reforçando a ideia de que não é apenas um label ou um radio show, mas uma plataforma que dialoga com a cena de várias formas.

Mau Maioli: Pegando o gancho de dialogar com diversas cenas, quem faz parte do time da Synce também possui abordagens diferentes, mas essenciais para o nosso crescimento. São eles: André Rech, Cris d., Heritage e MeMachine. Cada um com sua singularidade na hora de evoluir e falar sobre a música que nos conecta.

Que estética sonora vocês buscam promover, e como ela se conecta com o trabalho individual de vocês?

Mau Maioli: Nossa estética é old school. Buscamos referências nas décadas de 70, 80 e 90, disco, new wave, trance, boogie, breakbeat, indie. Sempre com a intenção de trazer memória afetiva e resgatar o que moldou a cultura eletrônica. Esse olhar se conecta naturalmente ao nosso trabalho individual, porque tanto eu quanto o Vasconcellos temos essa essência no que produzimos e tocamos.

Quais são os próximos passos de vocês, tanto individualmente quanto com a Synce: novos lançamentos, festas, colaborações, expansões internacionais…?

Vasconcellos: Com a Synce, temos uma agenda intensa até o fim do ano, com festas em São Paulo e fora da capital, novos lançamentos (planejados até março de 2026) e, pela primeira vez, a entrada de artistas internacionais no catálogo da gravadora. Também vamos expandir nossa frente de conteúdo, consolidando a Synce como plataforma. 

Individualmente, sigo com minha agenda de gigs pelo Brasil, Sul, Rio, São Paulo, Floripa, Curitiba, além de lançamentos em gravadoras nacionais e internacionais. É um momento de muita movimentação, tanto coletiva quanto individual, e de fortalecer nossa voz dentro da cena.

Mau Maioli: A Synce segue a todo vapor. Muitos projetos e lugares onde estaremos com a marca e um planejamento enorme para os próximos meses, como o Rafa citou. Individualmente, tenho um lançamento pela própria label no final do ano junto com o MeMachine, além de colaborações com Eli Iwasa, Pedro Gariani, Nana Kohatt, Ortus, Malu Fitipaldi e Cris D., que estão sendo criadas neste exato momento e logo ganharão as pistas. Além disso, tenho retornos ao Rio Grande do Sul no Cultive e Levels, em Imperatriz do Maranhão na BlackBox e mais umas coisitas que em breve poderei contar. 

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