É comum ouvirmos que certos artistas têm uma conexão quase espiritual com a música. No caso de Ion Ludwig, isso se traduz em uma trajetória sólida, guiada por consistência, identidade e atenção aos detalhes. O produtor holandês é considerado por muitos como um dos nomes mais respeitados da cena minimal global — e com razão. Com quase 20 anos de carreira, ele construiu uma discografia densa e respeitada, com foco total em musicalidade e nas diferentes texturas que ela pode ter.
Filho de músicos e iniciado ainda na infância em instrumentos como violão clássico e xilofone, Ludwig teve sua mente virada de cabeça para baixo quando ouviu “Dexter”, de Ricardo Villalobos, faixa originalmente de 2003. “Aquilo mudou completamente minha percepção do que é techno”, contou em uma de suas raras entrevistas, ao portal The Partae. A partir dali, mergulhou de vez na produção musical e começou a experimentar produzir no Reason (software de produção musical) até encontrar seu próprio caminho: uma sonoridade muito própria, introspectiva e complexa.
Entre 2005 e 2010, lançou uma série de EPs por selos como Alphahouse, Underline e Resopal, que já demonstravam sua tendência por faixas extensas, cheias de microelementos, texturas e andamentos mais lentos e hipnóticos. Mas foi com os álbuns triplos Ghost to Coast (2015) e Truth Only Exists in Paradise (2020) que Ludwig se estabeleceu de vez como um nome fora da curva. São trabalhos que muitas vezes fogem da estrutura padrão de pista e se aproximam de uma composição quase experimental.
Outra característica do artista é o fato de quase nunca se apresentar como DJ e sempre apostar nos lives, construídos com equipamentos modulares e processadores ao vivo. Não por acaso, seus sets já entraram para a história do Sunwaves e de outros festivais dedicados ao minimalismo contemporâneo. No Brasil, Ion Ludwig também construiu uma relação especial com o público. Tocou no D-Edge, em 2014, no Terraza Music Park, em 2015, voltou ao país para a TribalTech, em 2017, e se apresentou na virada de ano de 2019 na Troop, em Florianópolis, sempre deixando uma ótima impressão e sendo comparado a lendas como Villalobos e Rhadoo pela maneira como conduz o som com paciência, sutileza e inventividade.
Agora, ele está de volta ao país para um momento muito especial: o aniversário de três anos da label Botanic, que acontece no dia 19 de julho, no palco Nomad do Surreal Park. A noite será conduzida pelo live de Ion Ludwig, pela identidade sonora refinada do Botanic Soundsystem — projeto assinado por Leo Andreazza e Døriva — e pela estreia promissora de Celestia, artista selecionada a partir do Sprout Contest.
O encontro será uma celebração daquilo que a Botanic sempre acreditou: música feita com propósito, curadoria, respeito à pista e espaço para a liberdade criativa, formato que tem feito a Botanic se consolidar como uma das labels mais importantes do país na representação do Minimal. Os ingressos antecipados estão disponíveis pela Ingresse.
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