Falando com D-Nox antes de seu retorno ao Surreal Park

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Por em 16 de maio, 2025 - 16/05/2025

Falar sobre D-Nox é falar sobre pista de dança em sua essência. Ao longo de mais de três décadas, Christian Wedekind construiu uma trajetória que foge do imediatismo e se apoia na experiência real com o público. Seja sozinho ou ao lado de Beckers, seu nome virou referência entre DJs e clubbers por sua habilidade de entregar sets envolventes, cheios de dinâmica e com muita identidade — sempre em sintonia com o momento e o ambiente.

Vindo da Alemanha e vivendo no Brasil nos últimos anos, D-Nox também desenvolveu uma relação especial com o nosso país — tanto com o público quanto com as pistas, tocando com frequência em clubs e festivais e criando conexões reais com a cena daqui. E é com esse repertório de vivência e sensibilidade de pista que ele volta ao Surreal Park nesta sexta (16), ao lado de ZAC, Waltervelt, Alaikke e Vykk, para uma noite exclusiva no palco Bells — conhecido por sua atmosfera introspectiva e sonora mais progressiva.

Nós tivemos a oportunidade de trocar algumas palavrinhas com ele dias antes da sua apresentação, e o resultado final dessa conversa você confere a seguir: 

Chris, obrigado por nos receber e pelo seu tempo. Você é um artista que já viveu muita coisa, muitas transformações, e hoje soma mais de três décadas de carreira. Qual é, para você, a característica mais importante para se manter relevante nos dias atuais, com a cena tendo tantos artistas disputando o mesmo espaço?

Olá, pessoal! Obrigado pelo convite. Eu estou aqui hoje porque amo muito o que eu faço. Para mim, tocar as musicas que eu escolho e produzo para meu público é a coisa mais foda de todas. Me conectar com o público através da minha arte como DJ me dá muito prazer e felicidade. Eu nasci para ser um DJ e não me imagino fazendo outra coisa. Quero dizer, eu acredito muito no que faço, eu confio em meu gosto musical e minhas experiências me ajudaram ser a pessoa e artista que sou hoje — e isso me dá esse espaço no mercado durante 30 e poucos anos. 

Falando em ‘disputar o mesmo espaço’, isso me lembrou um vídeo seu que viralizou recentemente, falando sobre a pista de dança ser um lugar para dançar, e não para conversar ou descansar. Imaginamos, então, que você seja a favor de mais festas com a ‘No Phone Policy’…

A pista não é exclusivamente para dançar, mas sim, é o lugar para dançar. Sozinho, com seus amigos ou com pessoas que você não conhece. Lógico que vai rolar um papo em certos momentos, mas não pode ser que a pista vira um lugar para se encontrar e conversar e esquecer que tem pessoas que querem curtir a música sem ser pertubardo. E para o DJ é muito chato tocar para uma pista que nem está ali ouvindo o som. Quando eu toco, eu sempre entrego o melhor e abro meu coração. Imagina o quanto doi tocar para uma pista que não se liga no trabalho do DJ…


E sim, as festas sem celular sem dúvidas são melhores porque o público está mais focado na música em vez de gravar. Mas também sei que não tem como mudar isso. O celular hoje faz parte da nossa vida. Eu também uso bastante. No fim, acho que cada um tem que respeitar a situação e não perturbar os outros que estão curtindo a música.

Apesar do uso cada vez mais recorrente dos celulares na pista, a gente vê o público muito conectado com o seu set geralmente. Essa é uma característica sua… Se olhar para o passado, você acha que alguma coisa mudou na forma como você se relaciona com a pista de dança desde os seus primeiros sets até agora?

Na verdade, para mim, poucas coisas mudaram. Eu faço com a mesma intensidade e paixão de sempre. Para mim é essencial criar aquela conexão com meu público, eu dependo de isso. Quanto mais profunda essa ligação com meu público, melhor eu toco. 

E falar sobre conexão é falar sobre Brasil. Sua conexão com o nosso país vai muito além dos gigs: você vive aqui, se casou aqui, e parece realmente ter criado um vínculo com a cena e com o público brasileiro. O que te fez escolher o Brasil como casa?

Isso foi um processo que aconteceu durante 22 anos que toco aqui. Os primeiros anos para mim não foram fáceis. Eu não falava português e encontrar alguém que falasse inglês não foi fácil. Então a minha conexão cresceu bem devagar e naturalmente. Uma vez falando o idioma, as coisas mudaram e eu encontrei pessoas que viraram amigos e família. O Brasil é muito bonito em vários aspectos e hoje eu me sinto em casa. Não posso nem imaginar voltar para a Alemanha. Obviamente tem muito a ver com as festas e meu trabalho, mas além disso eu achei um amor profundo aqui e pessoas que me amam. 

Assistimos também uma entrevista sua mais antiga onde você comenta que sempre se enxergou mais como DJ do que como produtor. Hoje, como você lida com essa dualidade?

Eu tinha esquecido dessa entrevista… mas sim, até hoje eu sou um DJ em primeiro lugar. Gosto muito de produzir e durante os últimos 10 anos eu aprendi a lidar melhor com todo esse processo. Hoje eu entendo melhor a importância de ter minhas próprias produções. 

Indo para um lado mais pessoal… você ainda tem alguma ambição não realizada? Ou o foco está mais em curtir o processo e compartilhar experiência com o público e artistas mais jovens?

Minha ambição é continuar levando minha arte a todos os cantos desse mundo e fazer deixar as pistas ‘em fogo’. 

Por fim, uma pergunta sobre uma próxima gig sua, que vai acontecer no Surreal Park. Você já tocou lá antes e agora retorna ao palco Bells ao lado de ZAC e Waltervelt. O que você tem a dizer sobre o local e o que o público pode esperar desse novo encontro? Obrigado! 

Não vejo a hora voltar porque o Surreal na minha opinião é uma das baladas mais lindas neste mundo. O que o Renato e sua equipe criaram ali é fora da curva. Tocar com meu amigo ZAC é sempre algo especial, eu o considero um dos melhores DJs no Brasil porque a gente toca um som bem parecido. Estou muito grato por poder voltar ao Surreal. Nos vemos sexta-feira. 

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