O progressive house é um estilo de música eletrônica que surgiu nos anos 90, sendo uma evolução natural do house e do trance, com uma abordagem mais melódica e atmosférica. Este gênero se caracteriza por linhas de baixo profundas, arranjos complexos e uma progressão constante que constroi uma tensão gradual até um ápice emocional. Artistas como Sasha, John Digweed e Chris Fortier foram responsáveis por moldar os primeiros momentos de popularidade do estilo, que rapidamente se consolidou como uma das principais forças nos clubs ao redor do mundo.
A questão dos estilos musicais na música eletrônica, como em outras vertentes da arte, é cíclica. Desde sua fundação nos anos 90, o progressive house passou por diferentes momentos de alta e baixa popularidade. No entanto, o estilo se manteve como um pilar fundamental dentro da música eletrônica de pista, resistindo a modismos e continuando a influenciar gerações de novos produtores e DJs. Essa persistência se deve ao seu caráter evolutivo e inovador, que permite uma constante renovação, mantendo-se sempre relevante, mesmo em face das mudanças nas tendências musicais.
Por volta dos anos 2000 e começo dos anos 10, o termo “progressive house” foi muitas vezes mal interpretado e distorcido, especialmente por gravadoras e artistas da cena EDM comercial. A apropriação indevida do nome do estilo nas lojas de música digital gerou confusão, misturando sons distantes do verdadeiro conceito do progressive house. No entanto, esse movimento não impediu o crescimento e a vitalidade do gênero, que segue sendo um dos principais pilares da música eletrônica moderna. Não custa lembrar que progressive house e EDM são coisas diferentes e embora possam se observar algum nível de semelhança em determinados aspectos, a profundidade e a evolução sonora do progressive house sempre foram suas características definidoras.
No Brasil, o momento do progressive house é positivo e promissor. Novas festas, iniciativas e até marcas dedicadas ao estilo estão surgindo. Além disso, o mais importante, a cena está se fortalecendo com uma nova geração de talentos nacionais na produção musical. A seguir, destacamos seis produtores brasileiros que, em 2025, podem alcançar grandes resultados em termos de suportes, lançamentos e novidades em suas carreiras, mantendo viva a chama do progressive house no país.
DAANN
Natural do oeste de Santa Catarina, DAANN é um artista em ascensão que começou a colher os frutos de seu trabalho principalmente no ano passado, quando teve a oportunidade de fazer o warm up para Guy J no Amazon Club e quando viu algumas de suas produções ganharam suportes de ZAC — ao tocar antes de Sasha b2b Digweed no Warung — e de Hernan Cattaneo no seu tradicional podcast Resident. Seu som carrega bastante influência do Organic House e equilibra energia e sensibilidade na medida certa.
Campaner (BR)
Recentemente integrado à Epicenter Artists, a primeira agência brasileira focada em artistas de Progressive House, 2024 também foi um ano importante para o crescimento de Campaner na cena do gênero. Foi quando alcançou boas posições nos charts do Beatport, especialmente com seus trabalhos pela YOMO Records, além de ter lançado um mix pela conceituada Electronic Groove. Ele também já assinou com Fluxo e Aletheia Recordings, e recentemente foi convidado por Luciano Scheffer para um podcast na Proton Radio.
Carla Cimino
Nascida e criada em São Paulo, Carla é uma pesquisadora incansável. DJ desde 2005 e produtora musical desde 2013, sua identidade também se equilibra entre as linhas do Progressive House e do Organic House. Já figurou no catálogo da Warung Recordings, onedotsixtwo e Transensations Records, viu Guy J e Hernan Cattaneo tocar suas tracks e aos poucos vem mostrando que tem maturidade de sobra para estrelar em lineups importantes.
Gorkiz
Gorkiz é outro nome experiente da lista. Além de já ter estampado seus trabalhos ao lado de labels tradicionais do gênero como Clubsonica e Mango Alley, ele também comanda a sua própria: Transensations Records, hoje a principal label de Progressive House do país. Atualmente também tem realizado a curadoria da Proton Radio e com frequência consolida sua identidade imersiva dentro do Progressive através da sua própria série de podcasts: Groove Essentials.
Wilian Kraupp
Para quem está na cena há mais tempo, Wilian Kraupp é um nome conhecido, mas o que muitos não sabem é que ele se “reinventou”. Voltou à cena após um hiato de cinco anos, deixando o Tech House para trás e apresentando uma nova versão artística em volta do Progressive House, acreditando no poder de um som mais intenso, imersivo e hipnótico. Atualmente lidera seu próprio selo, Universe View, cujo EPs têm rodado com frequência nas mãos de Hernan Cattaneo. Ao todo, são mais de 10 anos de experiência, agora com um foco renovado para somar ainda mais à crescente cena do Progressive House brasileira.
Hybrid Horses
Para fechar, um duo relativamente novo que atende pelo nome de Hybrid Horses. Formado por Vinicius Zanella e Bianco Vargas, o projeto tem construído sua identidade através de uma abordagem que alia tecnologia à organicidade, um mix entre a vanguarda tecnológica e a fluidez natural da música eletrônica. Lançaram seu EP de estreia pela Noise In Harmony em outubro do ano passado e recentemente se uniram à Govinda (Arg) e Glamour’s Joint no EP Floriana pela AH Digital, trabalho que também foi apoiado por Hernan Cattaneo no seu podcast Residente 678.