Ele não é um superstar — e nem gostaria de ser —, mas isso não tira o título dele de um dos artistas mais completos e consolidados do Brasil. Estamos falando de DJ Glen, alguém que veio da raiz da discotecagem e se expandiu pelo cenário produzindo inúmeras tracks de grande relevância global, com diversas indicações importantes, incluindo a nomeação na lista The Future Of Dance pelo prestigiado 1001Tracklists, no ano de 2022.
Talvez você o conheça por conta de seu grande hit “First Time”, lançado em 2019 pela Spinnin’ ao lado de Illusionize, que ultrapassou mais de 16 milhões de plays apenas no Spotify, ou pode ser por conta de seus trabalhos em selos como Dirtybird, Relief e Armada, por onde também lançou tracks que rodaram o Brasil e o mundo, como “Oscillator” e “Another Planet”, amplamente tocadas por uma enorme variedade de artistas, de Mochakk a Maceo Plex, de Fisher a Claude Vonstroke, e de Green Velvet a Tiesto, só para nomear alguns.
Mas isso foi apenas uma breve contextualização da carreira de Glen, já que a ideia não é se apegar tanto ao passado, mas sim destacar os principais trabalhos que o brasileiro lançou neste ano, começando pela releitura de “Oscilattor”, que chegou em janeiro e acabou sendo a faixa mais vendida do Traxsource de 2024 na categoria de Electro. Com os vocais icônicos de Chuck Roberts, este foi um dos últimos trabalhos realizados pelo artista americano antes dele falecer em junho após uma luta contra o câncer. Roberts era considerado a principal voz da House Music e participou de tracks icônicas como “Can You Feel It”, de Larry Heard, e “My House”, de Rhythm Control.
Logo depois, DJ Glen lançou uma colaboração épica ao lado de Plastic Robots numa faixa que desafiou qualquer tipo de convenção. “Sarrafo” é uma verdadeira viagem sonora que mistura vocais hipnóticos, batidas e percussões pulsantes e texturas eletrônicas imersivas, tudo envolto por uma atmosfera sombria e agressiva — é uma montanha-russa de energia e suspense. Além da track original, os artistas ainda resolveram liberar os synths utilizados na produção de forma individual para colaborar com a comunidade artística. Todos eles estão disponíveis no Beatport.
A discografia de Glen continuou sendo preenchida com outras faixas que mostram claramente como ele é um produtor criativo e diferenciado dos demais. Em março teve “L=Eq2”, em junho recebeu um remix de Walker & Royce para “2 Tha Moon”, e em outubro foi a sua vez de remixar “Catarsis”, de Plasticwine e XXOFF. Em novembro, foram dois novos releases: “La Fiebre”, uma collab com Climbers, e “Toms From Brianza”, remix para MAGNVM! e Y-DAPT. Algumas dessas produções que refletem uma identidade sonora um pouco diferente dos anos anteriores, mais próximas do Electroclash e do Funk/Disco. Aliás, Glen é um fã assumido de caras como Dj Hell e Anthony Rother, considerando os precursores do movimento Electroclash, que surgiu no final dos anos 90.
Fora do estúdio e dentro das pistas, Glen também viu novos suportes chegando. Dom Dolla, Acraze, e Format B, além de PAWSA, que reviveu a sua clássica “Boogie Mafioso”, lançada em 2012, tocando no Surreal Park. Fez também um live set no Dreamland Festival em Brasília, tocou pela primeira vez na Suíça, teve gig na Itália e em Las Vegas, participou do Burning Man, tocou em um balão… a lista é longa…
Mas talvez o trabalho mais especial e importante do ano seja o que acabou de chegar, no último dia 20 de dezembro. Trata-se de “Brava”, a collab com Vintage Culture que era super esperada pelos fãs de ambos os artistas, produção que já vinha sendo tocada de forma recorrente desde 2023… ou seja, ficou praticamente dois anos rodando por aí antes de ganhar vida oficialmente. Para você ter ideia, a track já foi ouvida no Warung, no Universo Paralello, nas edições do Só Track Boa e até mesmo no EXIT Festival, na Sérvia.
A track saiu como parte da compilação Vintage Culture & Friends, Vol. 6 (Pt. II), junto com uma outra collab de Vintage com Roddy Lima, “Analog Ascent”. Antes, na parte 1, outras duas collabs de Vintage chegaram, uma com Volkoder, “Give It To Me”, e outra com Viot, “Anthem”. Mas não dá pra negar que “Brava” era a mais aguardada entre todas elas. Talvez porque ela foi inspirada na própria carreira de Vintage Culture, já que a dupla buscou criar timbres, arranjos e melodias que refletissem a evolução de Lukas ao longo dos últimos anos, resultando em uma track feita para big rooms e festivais.
“Brava” também representa a maturidade que ambos os artistas alcançaram em suas carreiras, cada um em sua grandeza. Enquanto Vintage conquistou o mundo como DJ e também se tornou um grande empresário, encabeçando seus próprios festivais, Glen se mostrou um produtor respeitado e à frente do tempo, que mesmo estando há anos na indústria, sempre se manteve fiel à sua essência, deixando a criatividade falar mais alto. Confira a track na íntegra abaixo:
It’s all about groove