Conversamos com Gerra G: 14 anos de música eletrônica com groove e alma regional

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Por em 5 de julho, 2024 - 05/07/2024

De Abaeté, em Minas Gerais, para as pistas do mundo. O DJ e produtor musical Geraldo Gonçalves, também conhecido como Gerra G, tem entregado ao cenário faixas marcadas pela sensibilidade resultantes de uma técnica de produção detalhada e impecável. Para além das palavras nessas linhas, o público pode conferir a riqueza de suas composições sonoras através de lançamentos cheios de significado e ritmo, a exemplo do remix da faixa “Maya“, obra do produtor 7 Estrelo de Belo Horizonte. 

“Maya es la energía interna y externa, es la magia de la vida” 

É com esta frase que o remix de “Maya” começa a desenhar uma jornada envolvente pelos grooves distintos e atmosfera estelar nas mãos de Gerra G, que entrega em seus inputs musicais elementos sofisticados, oferecendo um leque de sensações aos ouvintes. Uma linha de baixo digna das referências de vanguarda e uma vibe alto astral celebram o encontro de uma filosofia espiritual elevada que enaltece o groove funky e boogie, trazendo a obra de 7 Estrelo para uma nova perspectiva. 

Com mais de 40 tracks publicadas entre produções originais, edits e remixes, Gerra G celebra uma carreira frutífera, com diversas passagens em pistas renomadas que fizeram sua arte desembarcar em países como Austrália, Argentina, Alemanha, Uruguai, Portugal, França, Letónia, Grécia e Tailândia. São 14 anos de estrada como artista e 7 anos como headlabel do Núcleo Gatopardo, um coletivo independente que já soma mais de 50 lançamentos no catálogo. 

Elementos regionais, abordagem abrangente e cultural conferem ao público uma jornada musical diversa e cheia de cores, fatos que levaram Gerra G a indicação ao Prêmio da Música Brasileira na categoria de lançamento eletrônico pelo álbum “Todos os Lados“. 

Conversamos com ele para saber um pouco mais sobre sua jornada e, claro, arrancar detalhes deste novo remix que chegou para abrilhantar ainda mais sua discografia.

Olá, Gerra! É um prazer recebê-lo para esta entrevista. Como um dos expoentes na música eletrônica da cultura regional no nosso país e como artista que já se apresentou em diversos países, gostaríamos de saber quais são suas inspirações de um modo mais geral…

Acredito que o que molda meu som é a mistura da música popular brasileira com a música eletrônica. Álbuns como Jacarandá, do Luiz Bonfá, Águas da Amazônia, do Philip Glass e Discovery do Daft Punk são, sem dúvida, referências importantes pra mim. Eu acho que referência como instrumento de produção é a mistura de tudo, não somente os pilares mas o que tem entre eles também. 

Falando em inspirações, o remix de “Maya” traz algumas referências da música eletrônica de vanguarda com seus groove funky e boogie. De onde você partiu para começar a criar o remix?

Acho que nessa época eu tava ouvindo muito LA Priest, Diogo Strauz, Tame Impala e entrei meio que nessa onda. A proposta desse remix foi desconstruir o máximo possível, inclusive estilo da track comparado as minhas músicas anteriores. A liberdade de poder criar coisas diferentes a cada faixa é muito importante para que eu consiga manter essa chama viva.

Você lançou pela Gatopardo um álbum de remixes da banda Zaíra e agora um remix para o 7 Estrelo. Além de serem artistas regionais que se conectam com o teu desejo de difundir a cultura, quais são os outros fatores relevantes na sua busca por parcerias para compor a curadoria na label? 

Hoje em dia, na Gatopardo realizamos menos lançamentos, mas ainda participamos de trabalhos que achamos importantes, como esse Álbum de Remixes do ‘7 Estrelo’, que ainda conta com uma faixa inédita da banda. Eu tenho um carinho especial pelo ‘7 Estrelo’ porque eles fazem parte do folclore do meu estado desde quando comecei a me interessar por música eletrônica. Poder colaborar com eles, seja como label ou como artista (nesse caso os dois) é uma felicidade gigante.

Agora em 2024, você chegou a 14 anos de carreira. Dentre parcerias na cena eletrônica e tours internacionais, nos conte um pouco sobre os pontos mais altos dessa jornada e suas melhores lembranças.

Nossa passou muita água debaixo dessa ponte. Poderia contar várias histórias de viagens, desde andar de bicicleta nas florestas nórdicas e perder um voo na Letônia até comer aranha na Khaosan Road com Netão vulgo Reple. Já peguei uns pokémon ali perto da Torre Galata em Istambul, quando fui pro estúdio do meu amigo Xavier Xique Xique fazer um som, foi massa! Mas o que fica no coração são as amizades que fiz nessa jornada, a conexão que a música proporciona, o calor das pessoas. Tenho muitos amigos que a música me deu e sou muito grato por isso. 

Como produtor, existe algo que você ainda não tenha feito por medo de arriscar? Algum estilo diferente que gostaria de seguir?

Por medo eu acho que não, mas talvez por entender meus limites. Musicalmente tenho vontade de explorar mais a música clássica e a música armorial dentro da música eletrônica de alguma forma. Penso também em um show audiovisual que seria a junção dos meus dois alter egos, artista 3D e produtor musical. Quem sabe no futuro. 

Gerra! Muito obrigada por conceder esta entrevista. Para finalizar, quais são seus próximos passos nesta segunda metade de 2024? 

Estou focado na produção do meu próximo álbum que deve ser lançado no ano que vem. Mas pra esse ano posso dizer que vai rolar um lançamento especial que é uma colaboração com artistas aqui de Curitiba que gosto muito. Conto mais em breve. Obrigado pela oportunidade. 

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