Fotos por: Denilson stp
No último dia 7 de outubro ocorreu a tão aguardada segunda edição da festa Aura em São Paulo. Desta vez, os organizadores apostam em um novo espaço; o hangar do aeroporto, Campo de Marte, localizado na zona norte e referência para o tráfego de helicópteros e aviões de pequeno porte. Um local com uma vista incrível de pousos e decolagens, além de sugerir um ambiente exclusivo para os clubbers que chegavam ao evento.
Ao adentrar todos se depararam com obras de arte, um espaço para tatuagem, dando um clima underground antes de chegar na pista.
Falando ainda de estrutura, um bar de drinks, camarotes e um enorme backstage com nada menos do que caixas da Funktion-One para ninguém ficar desguarnecido de boa música com alto e cristalino volume. Na pista o SS era da consagrada marca inglesa Void.
Realmente a qualidade sonora me impressionou e claro, como haviam DJs headliners com estilos mais complexos, ter sonorização de alto nível era muito importante. A capital paulista historicamente tem laços mais fortes com o techno e o minimal house. Porém, não é de hoje que nomes do progressive house, som que predomina no sul do país, vem ganhando espaço na selva de pedra.
Outro destaque do evento era sua quantidade de horas, onde praticamente aconteceram duas festas dentro de uma, com público se renovando durante a noite.
Eu cheguei logo às 19h para pegar o warm-up dos DJs locais Pedrada Vs Ortus. O duo apresentou um estilo bem sério em uma levada de baixo bpm, como pedia para o horário, porém sem deixar de ter batidas fortes e imprimirem o que acreditam. É importante quando DJs têm a consciência do horário que estão tocando, fazendo com que os presentes liberem energia aos poucos.
Encontrei muitos amigos e produtores vindo prestigiar o evento, entre eles PACS e André Moret, uma grande promessa da cena progressiva Brasileira.
Ezequiel Arias assume uma pista super acelerada às 09h30, a festa já estava cheia e iria ficar ainda mais durante suas duas horas de pura classe. Ele não pode fazer qualquer intro, precisando ir direto ao estilo que o lançou para o mundo, tocando um progressive house mais limpo, de personalidade, mixagens envolventes e momentos que fizeram a pista vibrar, especialmente no front, onde os fãs marcaram presença para ‘’fazer acontecer’’ e tirar sorrisos do jovem artista Argentino. Além de grande produtor, ele também demonstra que a tão famosa qualidade argentina de DJs está sendo passada de geração em geração.
Destaque para faixas como ‘’Lost on the Road’’ de Montw (Arnas D remix), ‘’Dust’’ de EMPHI (John Cosani Remix), ‘’Dimesional’’ de Roger Martinez, e um final incrível com a faixa ‘’Opal’’ de Bicep e remix de Four Tet. Que escolha perfeita para o horário!
Às 23h30 o finlandês Cid Inc assume o comando, ele é uma face difícil de decifrar, havia se mantido tranquilo enquanto assistia a hora final de Ezequiel. Eu estava curioso em como ele iria dar continuidade a ótima vibe que Arias criou.
Logo nas primeiras músicas ele espelhou o som anterior e aos poucos foi colocando uma linha mais obscura, com tonalidades mais misteriosas e cheias de tensão. Seria algo como aquela linha de som que o Hernán toca às 04h am no Warung.
Cid definitivamente é um dos maiores produtores desse estilo, atuando na cena a 30 anos e trabalhando com as melhores gravadoras do mundo como engenheiro de áudio. Mas, e como DJ? Suas duas horas passaram voando, isso é sinal de que a conexão do público com o artista foi tremenda. Ele foi construindo seu set para chegar no grande momento ao tocar seu maior sucesso – a faixa ‘’Shifter’’. É uma música com uma energia atômica que te leva ao delírio. O publicou colocou as mãos para cima e vibrou no que considerou o melhor momento da noite.
‘’Cidão’’ como é chamado pelos fãs, estava dando uma aula de condução de pista e transmissão de confiança a todos, que dançaram sem parar. A sensação foi que ele poderia ter tocado mais duas horas tranquilamente, todos queriam mais. Espero em breve poder vê-lo com mais tempo para desenvolver seu set em outras direções.
Na sequência da noite se apresentou o DJ residente do evento Stenx, com a difícil missão de fazer a transição de sonoridades com melodias para o Indie Dance. O paulista manteve uma energia vibrante no público, o evento estava no seu auge e ele se colocou com ótima presença de palco, mixagens mais rápidas e viradas surpreendendo o público.
Rafael Cerato, outro dos headliners, assume às 03h. Algumas pessoas chegaram ao evento só para vê-lo. Hoje é considerado um dos maiores expoentes desse novo estilo denominado Indie Dance. Seu som passeia entre melodic, tech house e techno. O francês realmente sabe como comandar uma pista, com seriedade e personalidade.
Um destaque; durante as apresentações, espetáculos circenses chamaram atenção, tanto na pista, quanto no palco, algo esteticamente muito bonito e que mostra a preocupação dos organizadores em entregar uma experiência mais imersiva.
Sai no final do set de Cerato, a festa estava cheia, carregada de intensidade e com uma vibe de amizade muito bacana. Espero que os organizadores continuem apostando em nomes de progressive house, rompendo assim com o lugar comum, afinal, a AURA me pareceu aquele tipo de evento que veio para ficar, com qualidade, organização e como manda a cartilha paulista; muitas, muitas horas de música.