Conversamos com Dominic Kerley, da Label Worx, sobre a importância das distribuidoras nesta era digital da indústria fonográfica

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Por em 26 de julho, 2023 - 26/07/2023

Um processo natural na indústria musical, principalmente quando se é artista, é a criação de uma gravadora que dê continuidade a sua visão de mercado e que abrace sonoramente projetos que representem esse propósito. Iniciar esse projeto não é difícil, por isso, todos os dias dezenas de labels nascem, mas ao analisarmos atentamente, nesta mesma velocidade, muitos outros morrem. 

Isso porque, além de um sonho, uma gravadora também é uma empresa, que precisa ser tratada com profissionalismo e dedicação, visando a constância a longo prazo. Afinal, fazer lançamentos musicais não é uma tarefa tão simples quanto parece, ainda mais quando se deve pensar na construção de uma marca, seu desenvolvimento e cada nome que está envolvido nesses processos – que são vários, desde cronogramas, contato com editores, A&R até controle de recebimentos e distribuição de royalties. Todas essas áreas precisam estar alinhadas para que o caminho leve ao sucesso. 

Se gerenciar uma gravadora demanda tanta atenção a essas movimentações, imagina a dificuldade desses processos 15 ou 20 anos atrás. Na época, o empreendimento no mundo da música era ainda mais difícil e os questionamentos de gestão ainda maiores e mais complexos. Com a chegada do digital, a democratização abriu espaço para que a cena evoluísse e os artistas pudessem dar vida a esses projetos, mas ainda sim, não é um trabalho a ser empurrado com a barriga.

Dito isso, as distribuidoras passaram a ser ainda mais importantes. Com essa mudança para o digital, o aumento da concorrência, e tantas transformações acontecendo a cada momento, entender e agir corretamente neste cenário é essencial para se destacar, objetivo que pode ser alcançado quando se tem uma distribuidora experiente te auxiliando. Neste quesito, principalmente quando falamos sobre música eletrônica, a britânica LabelWorx possui um conhecimento abrangente da indústria. 

Operando há mais de 15 anos a nível global, a empresa já trabalhou com gravadoras de todos os tamanhos e gêneros, executando campanhas mundiais e levando lançamentos de qualidade para o público em diferentes países. 

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“Sabemos o que funciona ou não, então podemos oferecer conselhos e o tipo de suporte que vem com a experiência do mundo real e, em seguida, ajudar as gravadoras independentes a aplicá-las em suas próprias estratégias para acelerar seu sucesso” comenta Dominic Kerley, que em entrevista exclusiva para a GRVE conta um pouco mais sobre o trabalho da LabelWorx e a importância das distribuidoras nessa era digital. Confira: 

Olá, Dominic! Obrigado por nos atender e aceitar esta entrevista para falarmos um pouco mais sobre seu trabalho junto a LabelWorx. Passamos por um inegável processo de ‘digitalização’ da indústria fonográfica nas últimas duas décadas, fato esse que agregou um caráter mais democrático a esta indústria. Na sua visão, quais caminhos ainda devemos percorrer para tornar o processo de distribuição musical mais acessível e eficiente para diferentes tipos de players? 

A LabelWorx foi criada para solucionar os problemas enfrentados pelas gravadoras que estavam fazendo a transição para um mundo digital, e toda a nossa plataforma foi construída do zero para fornecer aos artistas e gravadoras independentes todas as ferramentas e o suporte de que precisam para apresentar suas músicas aos fãs de todo o mundo. Nunca foi tão fácil para os produtores simplesmente compartilharem suas músicas com os fãs, mas, como sempre, o desafio é como se destacar e ter sucesso, e até mesmo monetizar sua paixão. Simplificamos todo o processo de carregamento e lançamento de músicas, mas também oferecemos suporte pessoal para que nossas gravadoras tenham acesso ao conhecimento e à visão de especialistas de todo o mundo para ajudá-las a apresentar suas músicas ao público certo e desenvolver uma estratégia de longo prazo que inspire um crescimento real.

Percebo que a parte de pagamentos é uma das grandes dificuldades históricas que selos independentes enfrentam, tanto no relacionamento com distribuidoras, quanto junto a suas comunidades de artistas. O que a LabelWorx tem feito para possibilitar relações profissionais mais sólidas nesse sentido?

Acreditamos em uma abordagem aberta e transparente para os pagamentos e, como distribuidor, investimos muito tempo na construção de relacionamentos com as plataformas para as quais entregamos música, por exemplo, Beatport, Spotify e YouTube. Assim, todas as gravadoras que usam nosso serviço de distribuição sabem que podem confiar em nós para garantir que todos os pagamentos sejam contabilizados e coletados, sem ter que se preocupar em buscar faturas para um dos mais de 100 DSPs para os quais entregamos música.

Para ajudar as gravadoras a fornecer um processo de contabilidade igualmente transparente para os artistas que elas assinam, temos uma ferramenta chamada RoyaltyWorx que simplifica completamente a contabilidade dos royalties dos artistas. Nós a projetamos especificamente para as gravadoras independentes, de modo que ela se conecta ao nosso serviço de distribuição e processa automaticamente a enorme quantidade de dados provenientes de plataformas como o Spotify para garantir que todos os artistas possam ser contabilizados dentro do prazo e pagos de forma justa.

A LabelWorx é uma distribuidora que nasceu dentro do universo da música eletrônica. Na sua visão, quais vantagens podem ser atribuídas ao trabalho de vocês por conta dessa característica?

Toda a nossa equipe compartilha a paixão pela música eletrônica, e esse profundo conhecimento da cena é algo que podemos compartilhar com as gravadoras e os artistas com os quais trabalhamos. Temos membros da equipe trabalhando em todo o mundo e cada um deles é capaz de compartilhar percepções diferenciadas sobre os diferentes cenários e gostos dos fãs de música em cada território que representamos. Se você está tentando realizar campanhas globais e apresentar sua música a públicos de diferentes países, esse tipo de informação é inestimável.

Em um nível mais amplo, a LabelWorx opera há 15 anos e, durante esse tempo, trabalhamos com gravadoras de todos os tamanhos e gêneros, por isso sabemos o que funciona e o que não funciona. Podemos oferecer conselhos e o tipo de suporte que vem com a experiência do mundo real e, em seguida, ajudar as gravadoras independentes a aplicá-los em sua própria estratégia para acelerar seu sucesso.

A recente fusão com a Get Digital traz um novo panorama de atuação da LabelWorx junto a cena brasileira. Você poderia compartilhar um pouco mais a respeito da visão que vocês possuem em torno da nossa cena e de como a marca pretende atuar com seus parceiros por aqui?

Estamos muito animados em poder fortalecer nossa conexão com a cena brasileira. Temos um membro permanente da equipe baseado no Brasil que trabalha diretamente com DSPs como o Spotify e nos permite construir um relacionamento bidirecional que não só nos permite conectar os grandes talentos que estão surgindo no Brasil com o resto do mundo, mas também nos permite ajudar a apoiar o crescimento de novos talentos em todo o mundo, oferecendo novas possibilidades de crescimento e exposição no Brasil.

Como um especialista do ramo, o que você considera que são boas práticas que novos artistas e gravadoras devem seguir para obter os melhores resultados em seus lançamentos?

Cada gravadora, cada campanha e cada lançamento é diferente, mas os traços consistentes que vemos em todas as gravadoras bem-sucedidas é que todas são incrivelmente apaixonadas, têm uma estratégia de longo prazo em vigor e têm uma abordagem profissional para o gerenciamento da gravadora. Administrar uma gravadora é essencialmente como administrar uma empresa, portanto, além de ter um A&R forte, você também precisa gerenciar adequadamente coisas como marketing e contabilidade! É necessária uma equipe, mas se você fizer tudo certo, as recompensas podem ser enormes.

Antigamente, boa parte do sucesso de um lançamento se concentrava no fato de ter bons DJs do gênero tocando suas faixas. Na sua opinião, este ainda é um aspecto decisivo no que diz respeito às estratégias que devem ser adotadas? 

No final das contas, a música eletrônica é feita para ser ouvida e ouvir uma faixa em um evento é uma experiência muito diferente de ouvi-la em casa. Qualquer faixa que tenha um efeito poderoso em uma multidão chamará a atenção, mas o desafio para as gravadoras hoje é como capturar esse impacto em uma situação ao vivo e criar o mesmo hype online. Às vezes, as faixas se tornam virais online antes de os DJs as pegarem e, às vezes, são os DJs que divulgam as faixas em um clube, mas, de qualquer forma, o DJ ainda é parte integrante do processo e não deve ser ignorado.

Para finalizar, gostaria que você comentasse, a partir da sua visão e da própria LabelWorx, quais transformações seriam importantes e estão no radar da cena para o mercado de distribuição musical nos próximos anos. O que você destacaria? Obrigado novamente por este bate-papo! 

Uma das coisas mais empolgantes que estamos vendo é uma enorme oportunidade para as gravadoras obterem novo sucesso com lançamentos mais antigos devido ao número crescente de artistas que ganham exposição por meio das mídias sociais. Por exemplo, o TikTok transformou o setor musical não apenas para novos lançamentos, mas também para músicas de catálogos antigos que estão ressurgindo e sendo usadas em vídeos que se tornaram virais. Isso abre oportunidades para as gravadoras relançarem a faixa, realizarem uma nova campanha promocional, lançarem novas mixagens ou divulgarem a faixa em um novo território pela primeira vez. 

Isso realmente nos empolga e significa que precisamos apenas manter nossos dedos no pulso para nos adaptarmos rapidamente às novas tendências à medida que elas acontecem e, em seguida, repassar isso às nossas gravadoras para ajudá-las a crescer. Isso também coloca um novo foco na garantia de que os metadados de cada faixa estejam 100% corretos, e isso inclui todas as músicas antigas também. À medida que aumenta o número de plataformas para as quais distribuímos música, aumentam também as oportunidades de monetização – as gravadoras precisam ser super organizadas em todos os níveis para garantir que os produtores, compositores e colaboradores sejam creditados corretamente para que recebam tudo o que lhes é devido hoje e no futuro.

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ENG US

We talk to Label Worx’s Dominic Kerley about the importance of distributors in this digital age of the music industry.

The British company is the world’s largest independent music distributor specializing in electronic music

A natural process in the music industry, especially when you are an artist, is the creation of a record label that gives continuity to your market vision and sonically embraces projects that represent this purpose. Starting this project is not difficult, so every day dozens of labels are born, but when we analyze carefully, at the same speed, many others die. 

This is because, in addition to a dream, a record label is also a company, which needs to be treated with professionalism and dedication, aiming at long-term constancy. After all, making music releases is not as simple as it seems, especially when you have to think about building a brand, its development and every name that is involved in these processes – which are several, from schedules, contact with editors, A&R to control of receipts and distribution of royalties. All these areas need to be aligned for the path to success. 

If managing a record label requires so much attention to these movements, imagine the difficulty of these processes 15 or 20 years ago. At the time, entrepreneurship in the music world was even more difficult and management questions even bigger and more complex. With the arrival of digital, democratization opened space for the scene to evolve and artists to bring these projects to life, but it is still not an easy job.

That said, distributors have become even more important. With this shift to digital, increased competition, and so many transformations happening at every moment, understanding and acting correctly in this scenario is essential to stand out, a goal that can be achieved when you have an experienced distributor helping you. In this regard, especially when it comes to electronic music, the British LabelWorx has a comprehensive knowledge of the industry. 

Operating globally for over 15 years, the company has worked with labels of all sizes and genres, running worldwide campaigns and bringing quality releases to audiences in different countries. 

“We know what works and what doesn’t, so we can offer advice and the kind of support that comes with real-world experience and then help independent labels apply it to their own strategies to accelerate their success,” says Dominic Kerley, who in an exclusive interview with GRVE tells us a little more about LabelWorx’s work and the importance of distributors in this digital age. Check it out:

Hello Dominic! Thank you for participating on this interview to tell us a little more about your work with LabelWorx. We have undergone an undeniable process of ‘digitalization’ of the music industry over the last two decades, a fact that has added a more democratic character to this industry. In your vision, what paths should we still take to make the music distribution process more accessible and efficient for different types of players? 

LabelWorx was started to solve the problems faced by labels who were transitioning into a digital world and our entire platform has been built from the ground up to provide independent artists and labels with all the tools and support that they need to put their music in front of fans all over the world. It has never been easier for producers to simply share their music with their fans, but as always, the challenge is how to stand out and be successful, and even monetise your passion. We’ve simplified the entire process of up; loading and releasing music, but we also provide personal support so that our labels have access to knowledge and the insight of experts around the world to help them put their music in front of the right audiences and develop a long-term strategy that will inspire real growth.

I realize that the payment aspect is one of the greatest historical difficulties that independent labels face, both in their relationship with distributors and with their artist communities. What has LabelWorx done to enable more solid professional relationships in this sense?

We believe in an open and transparent approach to payments and as a distributor, we have invested a lot of time in building relationships with platforms that we deliver music to, for example, Beatport, Spotify and YouTube. We collect all royalty payments on behalf of our labels and account on a regular basis, so any labels using our distribution service know they can rely on us to ensure all payments are accounted for and collected, without having to worry about chasing invoices for one of the 100+ DSPs we deliver music to.

To help labels provide an equally transparent accounting process for the artists who they sign, we have a tool called RoyaltyWorx which completely streamlines artist royalty accounting. We designed it specifically for independent labels, so it plugs into our distribution service and automatically processes the huge amount of data that comes from platforms like Spotify to ensure every artist can be accounted to on time and paid fairly.

LabelWorx is a distributor that was born within the electronic music universe. In your vision, which advantages can be attributed to your work due to this characteristic?

Our whole team share a passion for electronic music, and this deep understanding of the scene is something we are able to share with the labels and artists we work with. We have members of staff working all over the world and each person is able to share nuanced insights into the different scenes and tastes of music fans in each territory we represent. If you are trying to run global campaigns and put your music in front of audiences in different countries, this kind of information is invaluable.

On a broader level, LabelWorx has been operating for 15 years and during that time, we have worked with labels of every size and every genre, so we know what works and what doesn’t. We can offer advice and the kind of support that comes with real-world experience, and then help independent labels apply it to their own strategy to fast-track their success

The recent merger with Get Digital brings a new panorama of LabelWorx’s work in the Brazilian scene. Could you share a bit more about the vision you have around our scene and how LabelWorx intends to act with its partners around here?

We’re so excited to be able to strengthen our connection with the Brazilian scene. We have a permanent member of the team based in Brazil who works directly with DSPs like Spotify and allows us to build a two-way relationship that not only enables us to connect the great talent coming out of Brazil with the rest of the world, but also for us to help support the growth of new talent worldwide by providing new possibilities for growth and exposure within Brazil.

As an industry expert, what do you consider to be good practices that new artists and labels should follow to get the best results on their releases?

Every label, every campaign and every release is different, but the consistent traits that we see across all successful labels is that they are all incredibly passionate, have a long-term strategy in place, and have a professional approach to label management. Running a label is essentially like running a business, so in addition to having strong A&R, you need to manage things like marketing and accounting properly too! It takes a team, but if you get it right, the rewards can be huge.

In the past, a good part of the success of a release was centered on having good DJs of the genre playing the tracks. In your opinion, is this still a decisive aspect regarding the strategies that should be adopted? 

At the end of the day, electronic music is made to be listened to and hearing a track at an event is such a different experience from listening to it at home. Any track that has a powerful effect on a crowd is going to get attention, but the challenge for labels today is how they capture that impact in a live situation and create the same hype online. Sometimes tracks go viral online first before DJs pick them up, and sometimes DJs are the ones who break the tracks at a club, but either way, the DJ is still an integral part of the process and should not be ignored.

Finally I would like you to comment, from your vision and LabelWorx’s own, which transformations would be important and are on the scene’s radar for the music distribution market in the next years. What would you highlight? Thanks again for this chat!

One of the most exciting things that we’re seeing is a huge opportunity for labels to see new success with older releases due to the increasing number of artists gaining exposure through social media. As an example, TikTok has transformed the music industry not only for new releases but also for back catalogue music which we are seeing resurfacing and used in videos which have then gone viral. This then opens up opportunities for the labels to re-release the track, run a new promo campaign, release new mixes, or push the track in a new territory for the first time. 

This really excites us and it just means we just need to keep our fingers on the pulse to adapt quickly to new trends as they are happening and then feed this back to our labels to help them grow. It also puts a new focus on ensuring that the metadata for every track is 100% correct, and that includes all your old music too. As the number of platforms we distribute music to increases, so do the opportunities for monetising – labels need to be super organised at every level to make sure producers, songwriters and collaborators are credited correctly so they get paid everything they are owed today, as well as in the future.

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