Quando foi anunciada a programação de maio no Surreal Park, em Camboriú, os olhos se voltaram para a vinda de Guy Mantzur. Se tratava de um dos principais produtores da atualidade dentro de um estilo que possui amplo público no Sul do Brasil, o House Progressivo. Mantzur foi revelado pela label Lost & Found de Guy J, por volta de 2014 suas músicas começaram a se destacar, recebendo grande suporte de Hernán Cattaneo. Mantzur criou uma identidade própria, mais melódica, porém sem deixar de ser intensa e com pesadas linhas de baixo.
O Surreal abriu a pista Nomad, que combina muito bem com o estilo sonoro e recebeu um ótimo público no último dia 26. Próximo do evento, foi anunciado um plus artístico com o duo Monkey Safari, produtores que eu admiro pela originalidade.
Cheguei no clube por volta da 01h e Edu Schwartz estava fazendo o warm-up. Foi uma escolha perfeita, já que ele é um DJ qu abraça e combina perfeitamente com o estilo sonoro da noite.
Edu é sem dúvidas um dos melhores DJs de warm-up ou transição do Sul, ele não toca o obvio e mixa super bem, sempre mantendo a pista conectada e dançando. Após ter que parar o set por um instante, devido a um up-date do sistema de som (que ficou muito melhor), ele se viu em uma situação desconfortável para qualquer DJ; precisar reconstruir a pista do zero, em cima do próprio set. Ele recomeçou diferente, mais minimal e com muita personalidade foi trazendo novamente seu estilo até fazer todos vibrarem. Destaco o remix de “My City is On Fire’’ de Jimi Jules.
Monkey Safari e sua estética com vestimentas do oriente médio e um estilo musical muito bem definido assumem o palco colocando um ritmo bem descolado. Eles tocam alinhados com o que produzem, lembrando algo de Guy Gerber, porém sem ser tão viajante. No meio do set, algumas músicas não me agradaram, ainda que estivessem funcionando na pista.
Destaco o momento em que jogaram ‘’Apaga La Luz’’, de Tony Touch com remix de Pablo Fierro, com seu vocal em espanhol hipnótico.
Na última meia hora, eles voltaram para algo mais tribal e cadenciado, sendo o melhor momento do set. Foi uma entrega muito boa para Mantzur assumir as 04h30.
O Israelense fez uma breve introdução, para depois levantar a pista com uma faixa explosiva. Quando entraram as linhas de baixo gordas e groovadas, tão características do seu estilo, todos ficaram impactados com a diferença de energia na pista. Mantzur ganhou ganhou a todos de largada.
É impressionante como o progressive house é capaz de mover e comover uma pista sedente por música e ritmo. Era como se todos os espaços do ambiente finalmente fossem preenchidos por ondas sonoras. Não é à toa que esse estilo é aclamado em todo o mundo há mais de 30 anos.
O lindo vocal da faixa ‘’Alfheim’’ de Sex Mind (Simply City remix) foi o primeiro grande destaque do set. Logo em seguida ele joga a sua melhor produção, imediatamente reconhecida, ‘’Childen With No Name, feat Kamila’’ junto de Khen. Eu adoro a forma como o vocal e os baixos dessa música se falam e se alimentam!
O tempo foi passando e, quando percebemos, começou a amanhecer. Mantzur trouxe um clássico daqueles para desacelerar um pouco, nada menos que “Ultra Violet” do Way Out West, remixado por Guy J. Adoro quando os artistas resgatam músicas de décadas passadas e elas ainda se destacam. Com a luz do dia, “Épika”, outra faixa muito conhecida dele em parceria com seu conterrâneo Roy Rosenfeld, trazendo uma atmosfera mais emotiva para a manhã.
Mais uma que caiu como uma luva foi ‘’Land Of Goshen’’ de Khen com remix de Patrice Baumel, uma faixa que marcou a carreia dos dois produtores em 2016.
Já passavam das 07h30 e Mantzur ainda estava tocando com uma tranquilidade impressionante. Sua evolução como DJ é notável desde a última vez que o vi em 2019. Agora ele toca com muito mais confiança e sabe como construir os climas que esse estilo exige. É sempre maravilhoso quando o Surreal traz esses artistas que o público de Santa Catarina deseja e comparece para tornar tudo possível. Abaixo está a playlist completa da noite: