Batemos um papo com ICLE & Morgado para entender as etapas do processo criativo de seu novo EP, ‘Green Eyes’

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Por em 2 de junho, 2023 - 02/06/2023

Guitarras, pianos, vocais, instrumentos de percussão… o mais novo lançamento da Underdogs Music — selo carioca que busca sempre unir música eletrônica com o charme das sonoridades e do talento brasileiro — está riquíssimo em termos de sonoridade e surpreende por não ser exatamente um trabalho voltados para a pista de dança, mas sim para contemplar e imergir em cada detalhe presente.

Batizado de “Green Eyes”, o EP carrega duas faixas originais, uma por ICLE e Morgado, dois dos heads do selo, em colaboração com a cantora Michele Mara, outra apenas por ICLE, com a participação de outra mulher nos vocais, Luiza Casé. Há ainda um remix para a faixa título assinado por Soldera, nome super relevante no Brasil quando falamos de Tech e Afro House.

Apesar de serem apenas três faixas, há muito o que explorar em cada uma delas, e é por isso que fizemos essa entrevista exclusiva com a dupla principal por trás deste release, vem com a gente!

GRVE: Olá, pessoal! Obrigado por cederem um tempo para falar um pouco mais sobre este importante lançamento da Underdogs. Gostaríamos de começar primeiramente perguntando sobre a sonoridade presente que vocês apostaram neste EP. É uma mistura de Deep House com Organic House, trazendo, é claro, participações de cantoras brasileiras. Como esse EP ganhou vida inicialmente? 

Morgado: Durante a pandemia, eu tive uma experiência catártica e uma melodia ficou na minha cabeça. Por coincidência, quando fui visitar o ICLE no estúdio dele, ele já havia começado uma track, que era muito similar, então propus a ele trabalharmos juntos na ideia e fizemos algumas sessões no Home Studio dele, gravamos as guitarras, violões, e ela tomou corpo rapidamente. Achamos que a track precisava de vocais numa linha bem soul e vocalizada, e aí buscamos a Michele Mara.

GRVE: No geral, quais foram as principais referências presentes nas faixas que vocês podem apontar? Já que percebemos que tem Rock, um pouco de Jazz, um pouco de R&B…

Morgado: Tanto eu quanto o ICLE viemos desse universo do Rock. Então diria que a influência mais latente na Green Eyes é o rock progressivo de bandas como Pink Floyd, Yes, Jethro Tull, etc. Já na faixa The day We said Goodbye, tem uma clara influência mais pro Indie Rock que o ICLE utilizou, ficou com uma pegada a La “Gui Boratto” na minha opinião, que de fato é um dos nossos ídolos na música eletrônica. Claro que a ideia é pegar essas influências e trazer pro universo do house music, dentro dessa estética sonora.

GRVE: Morgado, vimos que você foi o responsável pelo som e solos de guitarra presentes na música Green Eyes. Sabemos também que você é um fãzaço de Rock e trouxe essas influências pra dentro desse lançamento. Como foi esse processo de gravação e mixagem autoral nesta faixa? O som foi improvisado? 

Morgado: A gravação rolou no Homestudio do ICLE e sim teve improviso. Inicialmente ele mostrou o groove inicial da música, com as batidas baixo e os synths, então passei pra ele a minha ideia de arranjo e partimos logo para gravar a guitarra. Eu tinha várias melodias do solo na minha cabeça nas quais fui executando, durante essa execução eu fui também improvisando em cima daquela base, de forma que a ideia foi maturando até a execução final desse solo. A Michele também improvisou os vocais, mandou algumas trilhas pra gente e a gente montou. Uma coisa curiosa que você pode notar, é que no Remix do Soldera as partes usadas dos vocais e solos são outras, visto que ele escolheu, além de também gravar um groove de guitarra próprio.

GRVE: ICLE, você assina sozinho a segunda faixa, “The Day We Said Goodbye”, trazendo a participação da Luiza Casé. Como foi a escolha e decisão de colocar os vocais dela na track?

ICLE: Essa música foi inicialmente feita no violão, pensando em alguma coisa mais indie rock. Quando finalizei a música achei que uma voz feminina ficaria melhor.

A parceria com a Luiza já é antiga, já trabalhamos juntos em outras músicas e a escolha foi natural, pois ela tem muita experiência com rock e achei que encaixaria bem.

Quando comecei a produzir a música, acabei incluindo alguns layers com uma puxada mais eletrônica conforme a música vai subindo e achei que ficou interessante. Então essa mistura de sonoridades ficou do indie com o eletrônico.

GRVE: E quanto à Michele Mara, Morgado? Você já conhecia o trabalho dela? O que te motivou a apostar no vocal dela em Green Eyes? 

Morgado: Sim. O Gustavo Vidigal, que é um super baixista que tocou comigo lá atrás, teve um projeto com ela. E tinha me apresentado alguns vídeos. A potência da voz dela me impressionou na época, e queria algo exatamente assim. Por isso, quando surgiu essa demanda, lembrei na hora e contatei o Gustavo que fez a ponte.

Pra completar, ainda teve o remix do Soldera, que deu um brilho a mais no EP, uma escolha certeira na nossa opinião, já que ele vem de alguns bons releases que traz justamente essa vibe mais orgânica nas produções… comentem sobre esse convite também.

Morgado: O Soldera é um cara que acompanho o trabalho e admiro há algum tempo. A gente já vinha se falando pela net, e acabamos nos esbarrando em uma gig juntos ali no morro da urca, com o ARTBAT. Eu falei sobre a faixa e que estava buscando um remix. Quando ele ouviu, curtiu a faixa e topou, fiquei muito feliz e achei o resultado sensacional. Espero que a primeira de muitas collabs nossas.

Vocês ficaram um bom tempo sem lançar um novo trabalho pela Underdogs. Qual é a previsão pro restante desse ano? 

Morgado: Sim, a gente teve que reorganizar a label como um todo. A ideia é ter ainda mais 2 lançamentos esse ano ainda. Tem algumas coisas saindo do forno, inclusive com artistas externos do crew, que em breve vou poder contar pra vocês.

Underdogs Music Instagram

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