A timeless tem o intuito de resgatar músicas perdidas nas cases e Hds de DJs nacionais e colocá-las em evidência novamente. Cada convidado recebe a missão de trazer 3 músicas que poderiam estar atualmente em seus sets. Sons que possuem características atuais em seus timbres e arranjos.
Nosso convidado da semana: Marcos Deon
Marcos Deon é um dos principais nomes da cena eletrônica do Rio Grande do Sul e presença constante nos line-ups dos melhores clubs e festas gaúchas há quase duas décadas. Grande responsável pela consolidação da House Music e suas vertentes em Passo Fundo e região, o DJ é idealizador e apresentador do programa House Culture
Manuel Tur & Roman Salzger – You Won’t Change (Day Edit) [Electraluxe – 2006]
O alemão Manuel Tur é definitivamente um dos meus produtores favoritos. É muito difícil não encontrar alguma música dele sempre presente nos meus sets. You Won’t Change é uma colaboração com Roman Salzger e foi lançada em 2006, como o único release da Electraluxe, label do canadense Luke Fair, artista que é grande referência pra mim.
Lembro que esperei bastante tempo pelo lançamento, Luke sempre tocava em seus sets, e quando consegui veio em um CD presenteado pelo Lucas Grazziotin, meu grande amigo e proprietário do extinto Moinho Lounge, durante o meio do meu set, em uma festa que comemorava o meu aniversário na pista eletrônica do club. Obviamente já toquei naquela noite mesmo!
A música é linda, rica em detalhes, dançante, emotiva, e na minha visão é a definição perfeita de Melodic House, rótulo que nem existia até então. Sempre que posso relembro na pista e gosto de tocar principalmente quando estou fazendo o closing set, como uma das últimas músicas da noite.
02. Ossie – Holyland (Original Mix) [Sick Watona – 2007]
Esse progressive house lançado em 2007 pela Sick Watona, gravadora do hermano Ricky Ryan, outra grande referência para o meu trabalho, teve suporte de grandes nomes do gênero na época, como Sander Kleinenberg, Nick Warren, Rowan Blades, Desyn Masiello, Jody Wisternoff, o próprio Ricky (é claro), entre outros. Também é super melódica, emotiva, em alguns momentos lembra muito uma faixa de trance, e a sequência de notas da frase principal é como chiclete, gruda e não sai da cabeça.
Considero Holyland muito especial e guardo ótimas recordações da euforia que ela gerava na pista. Talvez foi o “meu maior hit”, aquela música que de tanto eu tocar, o público associava a mim. É bem comum, quando algum amigo ou conhecido “das antigas” está na pista, vir o pedido. Ainda funciona muito bem e chama sempre a atenção da galera mais nova por fugir da estética sonora das produções atuais.
03. Shapeshifters – Lola’s Theme (Main Mix) [Positiva – 2004]
Lançado em 2004 pela Positiva Records, o 12” de Lola’s Theme, do renomado DJ e produtor inglês Shapeshifters, foi meu primeiro disco de vinil e marcou demais o meu início de carreira. Comecei a discotecar profissionalmente nessa mesma época, e lembro que nos treinos diários na garagem da casa dos meus pais eu sempre a mixava e me arrepiava imaginando como seria a reação do público quando estivesse tocando ela em um club. E realmente era uma bomba na pista, nas primeiras gigs que toquei, o resultado foi incrível, muito melhor do que eu idealizava na minha cabeça.
Sampleada de “Johnnie Taylor – What About My Love”, a track virou um hino e acabou se tornando um grande clássico da House Music. É uma verdadeira obra-prima, mesmo quase 20 anos após seu lançamento ainda soa moderna, e a minha versão favorita é a “Main Mix”, que não chega a ser uma versão dub, mas é a “menos cantada” do EP. Continua tendo lugar garantido no meu “case” e sigo tocando até hoje!