Não é novidade para muitos profissionais – de qualquer indústria, aliás – que a consistência e a dedicação, ao longo do tempo, muitas vezes ganham do talento. No meio artístico, entretanto, muitas vezes há um pensamento de que, desde que você tenha boas ideias e algumas conquistas iniciais, os caminhos estarão abertos para você. Marye se abstém de tal linha de pensamento.
Não quer dizer que não se reconheça que a sociedade tem uma queda pelo machismo ou que certos privilégios demográficos e geográficos podem facilitar bastante uma carreira em desenvolvimento. Mas, certamente, apesar de todo e qualquer status quo a ser enfrentado, Marye não desanimou; da pacata cidade de Capão Bonito, ela passou a ganhar o Brasil e, nos tempos recentes, a representar e inspirar pessoas também com sua atuação no exterior.
SE VOCÊ DEIXAR DE APRENDER, É PORQUE MORREU
A necessidade de estar sempre estudando e se atualizando vai muito além de ter vontade de ser conhecido ou não. Na verdade, muitas vezes vislumbrar-se por uma tração inicial em um carreira artística pode trazer um comodismo que tende a cobrar caro no futuro. Afinal, tendências, movimentos e picos de spotlight vão, vêm e se renovam o tempo inteiro, e nem todos terão longevidade em seu desenvolvimento.
“Acredito que a melhor forma de estar antenado é você focar no que gosta muito e conhecer aos poucos o máximo possível sobre. Isso passou a ser parte do meu dia a dia desde quando comecei a estudar música. Não sabia nada, nada mesmo sobre discotecagem e produção e tive que insistir muito para aprender, até mesmo fazer uma mesma matéria mais de uma vez. A minha única certeza desde o primeiro momento, foi a de que era algo que eu iria fazer para o resto da minha vida. Estarmos antenados a tudo nos dias de hoje é impossível. Quando passamos a fazer isso, escolhemos um caminho sem volta, desafiando as nossas 24 horas e a nossa saúde física e mental, além de afastarmos as pessoas que amamos. Temos que fazer o que nos faz bem”, conta Marye. A DJ e produtora começou seus estudos em 2012, na formação de produção fonográfica da Anhembi Morumbi, em São Paulo.
De lá para cá, alguns nomes que compartilharam conhecimento com Marye foram André Salata (com quem Marye estuda até hoje na cada vez mais popular Comunidade de Áudio), Thomas Gruetzmacher e Magal. Os longos anos de estudo culminaram em um resultado importante: sua primeira faixa, “Aurora”, saiu em um dos selos mais respeitados do cenário internacional, a Get Physical. Ela viria a lançar mais por lá, em seguida.