A renovação da identidade sonora muda o rumo da carreira de um DJ? Dani Borges fala sobre seu novo momento

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Por em 11 de julho, 2022 - 11/07/2022

É muito improvável que um artista siga fazendo as mesmas coisas por tanto tempo. Da mesma maneira que, de um modo geral, as tendências e os gostos do público se modificam, o mesmo acontece com DJs e produtores. Para muitos, a reformulação da identidade sonora, portanto, é algo inevitável em um determinado momento da carreira. 

Isso não significa, entretanto, que seja algo fácil. Quando você ensina a sua audiência, seus seguidores, fãs e contratantes que você toca um estilo de som, você já criou um imaginário na mente dessas pessoas sobre o que elas podem esperar de você. Para que haja coerência até mesmo na transição, há necessidade de reposicionamento gradual. 

O DJ e produtor Dani Borges está entre os artistas que vêm renovando tal imaginário. Embora mudanças não sejam uma novidade para ele — afinal, ele é cria do Heavy Metal — seu momento de carreira atravessa uma transição de identidade, do Melodic Techno e Progressive House para o Indie Dance. Seu set mais recente, promovido pelo podcast Intersum da label Resurgemus, já dá uma ideia do que está por vir. 

Eu estava ouvindo alguns sets e fazendo pesquisa musical e notei que 80% das faixas que eu tinha gostado estavam categorizadas no Beatport como Indie Dance. Comecei a prestar mais atenção nas faixas dos charts e descobri que era a vibe que eu buscava para meus sets”, conta Dani.

Se antes ele tinha como carta na manga uma pesquisa focada em batidas com graves fortes e momentos melódicos de tensão crescente, presente em selos como Kaligo Records, Klubinho e Fluxo Records, agora, a estrutura hipnótica comum ao estilo recebeu novos ares com sua pesquisa repertorial, que segue a intenção de contar histórias musicalmente com vários altos e baixos ao longo das apresentações. 

Eu estava conseguindo resultados legais no Melodic e Progressive, tinha acabado de lançar na Transensations, uma gigante do Progressive House do Brasil e fiquei com receio da mudança. Demorei para entender o gênero e conseguir produzir algo que me agradasse. Mas os resultados estão vindo e tenho muita novidade para esse segundo semestre”, adianta.

Um exemplo de artista que migrou de uma identidade já consolidada para o Indie Dance é o duo Touchtalk. Após quase dez anos de carreira, a dupla começou a preparar sua audiência para uma nova fase musical. O interesse em fazer um planejamento foi determinante nesse sentido: a mudança se fez ao longo de alguns meses até que, finalmente, se fizeram entender nesta nova sonoridade.

A nossa sorte é que o Brasil vem forte. Touchtalk está entre os maiores do gênero, lançaram nas maiores labels e conseguiram suporte de vários artistas gigantes. Outros brasileiros que  gosto muito também são o BRK e do André Rech. São alguns artistas que vou ter como referência daqui pra frente”, diz.

Dani Borges está dando um passo que muitos artistas vão dar daqui em diante, especialmente em um período que o Indie Dance dá sinais de revival. Em um mundo em constante readaptação, artistas que se renovam estão sendo coerentes com o ethos da dance music: criatividade em constante desenvolvimento. 

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