Direto, intuitivo e com uma personalidade que salta das caixas de som. O romeno GruuvElement’s vem conquistando espaço na cena internacional apostando no essencial. Seu som nasce de basslines firmes, percussões quentes e arranjos minimalistas que não precisam de muito para funcionar. Ele conecta a pista de um jeito natural, daquele tipo que faz o corpo reagir antes da cabeça perceber.
Com lançamentos por selos como Solid Grooves Raw, Mindshake, Moan e outras labels de respeito, GruuvElement’s consolidou seu lugar no circuito global. Seu som já encontrou suporte de nomes como Paco Osuna, Marco Carola, Jamie Jones, Joseph Capriati e Damian Lazarus — reconhecimento que reforça sua presença entre os produtores mais promissores do tech house e do minimal hoje.
É um artista guiado pela autenticidade. Para ele, música é energia colocada no mundo do jeito mais direto possível. Talvez por isso seu trabalho soe tão pulsante: ele transforma instinto em groove, e groove em linguagem universal.
A seguir, conseguimos uma entrevista especial com ele onde falamos sobre trajetória, influências e seu momento atual. Confira!
Para quem está conhecendo você agora: quais elementos da sua história são indispensáveis para entender quem você é como artista?
Primeiramente obrigado pelo espaço! Acho que a parte mais importante da minha história é que eu nunca vim de um ambiente musical tradicional. Eu não cresci cercado de instrumentos ou estúdios. Construí tudo a partir de curiosidade, tentativa e erro — e muita teimosia. Aprendi a produzir num laptop velho, com a ajuda de um amigo que me apresentou ao FL Studio.
Essa trajetória me moldou profundamente. Me ensinou resiliência, mas também a valorizar autenticidade. Cada passo que dei foi independente e um pouco caótico, então minha identidade artística está muito ligada a essa ideia de abrir o próprio caminho: sem atalhos, só paixão e persistência.
E hoje, como você define seu estilo e sua identidade artística? Você busca se manter mais focado no Tech House ou não pensa muito em “um único estilo”?
Sempre senti que gêneros são mais pontos de referência do que caixas fechadas. O Tech House é definitivamente minha casa — é de onde vem meu groove, onde me sinto mais natural. Mas minha identidade não se limita a bpm ou a padrões de bateria.
Pra mim, o objetivo é manter o “DNA GruuvElement” reconhecível, mesmo que a estética evolua. Esse DNA é swing, tensão, basslines brincalhonas e um senso de movimento quase físico. Se eu ficar só no Tech House, ótimo. Se amanhã eu lançar algo puxando para o minimal ou para o techno, também está tudo bem. Estou comprometido com o sentimento da música.
Artistas sempre possuem referências, sejam diretas ou indiretas. No seu caso, que artista ocupa um espaço mais importante na sua carreira e por quê?
Paco Osuna sempre foi uma grande referência — não só musicalmente, mas profissionalmente. A precisão dele, a forma como cuida de cada detalhe dos sets, o entendimento de psicologia de pista, a disciplina… tudo isso me influenciou demais.
Mas, do mesmo jeito, admiro muito artistas que construíram seus nomes de baixo para cima, no underground, sem correr atrás de tendência, mas criando as próprias. Essa mentalidade me inspira mais do que qualquer sonoridade específica.
Inclusive, você realizou um sonho recentemente tocando ao lado de Paco Osuna no Hï Ibiza, não foi? Nos conte um pouco mais dessa experiência…
Foi surreal. Você se prepara por anos para um momento assim, mas quando acontece de verdade, nada te prepara emocionalmente. O Hï Ibiza é um daqueles lugares onde cada detalhe — das luzes ao som — amplifica tudo o que você faz como artista.
Dividir a cabine com o Paco, alguém que admiro tão profundamente, foi como validar cada madrugada no estúdio, cada gig pequena, cada dúvida. A energia da pista estava insana, e saí do palco pensando: ‘É exatamente por isso que faço o que faço.’
Sua música ganhou espaço no mundo inteiro nos últimos anos. Como você enxerga seu papel dentro da cena atual? Qual é seu objetivo principal através da música?
Me vejo como parte de uma nova geração de produtores que quer trazer frescor, groove e personalidade pra cena. Meu objetivo não é ser o maior, mas ser consistente — alguém cujas faixas tragam alegria para as pistas ao redor do mundo. Música, pra mim, é comunicação. Se alguém ouve um drop meu e sorri na hora ou sente aquela vontade instantânea de se mover, eu cumpri minha função.
O público conhece seu som, mas nem sempre sua história. Existe algo sobre você que merece mais atenção?
Talvez as pessoas não percebam o quanto eu gasto tempo nos pequenos detalhes. Sou obcecado por eles — o swing de um hi-hat, a nuance numa percussão, o jeito que uma bassline “respira”. Posso passar horas ajustando algo que muita gente nem vai notar conscientemente, mas acredito que é isso que torna uma faixa memorável.
E também sou muito conectado com a comunidade. Respondo DMs, ajudo produtores novos, compartilho o que sei. Lembro muito bem como era não ter ninguém pra perguntar.
Para fechar: sempre perguntamos sobre planos e projetos. No que você está trabalhando atualmente e o que podemos esperar para 2026? Obrigado!
2026 vai ser um ano muito especial. Estou finalizando um novo EP que representa um ponto de virada no meu som — mais groovado, mais ousado e mais minimalista ao mesmo tempo. Também estou planejando uma turnê pela América do Sul e pela Europa, e vou lançar uma série de edit packs e ferramentas de samples para produtores que acompanham meu trabalho.
E sim, tem uma colaboração muito especial a caminho, mas ainda não posso revelar. Só posso dizer que é alguém que influenciou minha trajetória desde o começo.
Obrigado pelo espaço e pelo apoio. O melhor ainda está por vir!
It’s all about groove