Skip to content

Entrevista: DJ KID, paixão e longevidade na música eletrônica

Daniel C. Siriteanu, mais conhecido como DJ KID, é uma figura multifacetada na cena da música eletrônica, um verdadeiro apaixonado pela House Music, amor esse que se manifesta em cada um de seus trabalhos. Nascido no Leste Europeu e com uma trajetória que se iniciou no final de 1992, DJ KID construiu uma carreira sólida que transita entre as cabines de clubs underground, o éter das rádios – de Ibiza Global Radio a Beach Radio – e até mesmo o universo do design de moda na Itália, onde hoje reside. 

Sua experiência diversificada e seu olhar apurado para a estética, seja nas passarelas ou nas pistas, moldaram uma identidade sonora que reflete um profundo conhecimento das raízes do gênero, com uma afeição particular pelo Afro House. Essa dedicação inabalável à música, que ele descreve como a única “droga” de sua vida, o manteve ativo e relevante por décadas. Hoje conta com dois álbuns de estúdio, o suporte de nomes como Black Coffee e Armin Van Buuren, e segue explorando as fronteiras da música eletrônica com sua autenticidade.

Agora, DJ KID retorna à Adesso Music para sua quinta aparição no aclamado selo de Junior Jack, com o single “Let Yourself Go”. A faixa, que chegou oficialmente às principais plataformas no último dia 03 de outubro, reflete perfeitamente a assinatura melódica que o produtor domina tão bem: batidas hipnóticas e arrepiantes, sobrepostas sintetizadores suaves enquanto vocais sussurrados ecoam pela mixagem. É um convite irrecusável para que os dançarinos se entreguem completamente na pista de dança. 

Para aprofundar nessa trajetória e descobrir os bastidores de “Let Yourself Go”, conversamos com DJ KID em uma entrevista exclusiva. Confira:

Daniel, obrigado por nos receber. Sua carreira na música eletrônica começou no início dos anos 90, um período de efervescência e transformação para o House. Como você descreveria a cena daquela época em comparação com a atual, e quais elementos daquele início você se esforça para manter em sua música hoje?

Olá! Fico feliz de estar aqui, com todos vocês. Bem, na década de 90, a música tinha mais alma, na minha humilde opinião, e os subgêneros da house music não eram tantos como são hoje. Os sons analógicos foram o que me fascinaram e, em qualquer momento das minhas produções, estou sempre tentando trazê-los de volta.

Além de DJ e produtor, você também atua como designer de moda em Florença e Music Manager para a Beach Radio UK. Como essas diferentes facetas da sua vida profissional e criativa se interligam e influenciam sua abordagem à música eletrônica?

De forma simples, eu adoro criar roupas, nesse mundo onde a produção em massa tomou conta. Minha boutique apresenta apenas peças únicas, todas desenhadas e feitas por mim e pela minha esposa. Com a música, é meio que a mesma coisa, eu não sigo tendências porque não estou atrás de notoriedade. Eu componho música da mesma forma que desenho roupas.

A loja de DJ Kid se chama Katian Boutique

Legal demais! E voltando pra música, na sua biografia você menciona o Afro House como um dos subgêneros mais “legais e completos”. O que especificamente o atrai tanto ao Afro House, e como você percebe a evolução e o impacto desse estilo na cena nos últimos anos?

O Afro House nasceu como uma afirmação das raízes africanas puras do ritmo. Hoje em dia, infelizmente, se degenera em padrões que tiram essa essência. “Mais legal e mais completo” simplesmente porque tem alma e ritmo. Não é só um ritmo de house 4/4, com graves, agudos e um vocal. É mais do que isso.

A gente concorda. Agora falando sobre “Let Yourself Go”, essa é sua quinta aparição na Adesso Music de Junior Jack. O que torna essa parceria com o selo tão frutífera ao longo dos anos?

O que me chama atenção na minha música é o jeito que ela soa e a sua versatilidade. Ela traz sons novos, frescos, e Junior Jack está sempre em busca de pioneiros da cena da música eletrônica.

“Let Yourself Go” é uma faixa que possui um toque melódico distintivo e vocais sussurrados. Poderia nos contar sobre o processo criativo dela? Houve alguma inspiração específica ou conceito por trás da mensagem de “Let Yourself Go”?

Foi numa manhã em Ibiza que, depois de passar por 4 lugares diferentes, eu fiquei frustrado. Cada lugar parecia igual, com estandes cheios de influenciadores que nem sabiam dançar, e pistas de dança lotadas de pessoas filmando ou tirando selfies. Ninguém parecia estar ali pela música. Ninguém… E foi dessa frustração que nasceu “Let Yourself Go”. Uma vibe incomum, atmosférica, com vocais intrigantes que eu mesmo gravei.

Sua biografia menciona que você sempre buscou seu “verdadeiro som”, encontrando uma maneira de misturar suas raízes latinas com o Tech House. Hoje você acredita que chegou numa identidade ideal? Ou você ainda está se reinventando?

Não existe algo como isso na minha mente. Nada de ideal sobre onde estou, só uma curva constante de aprendizado, ao experimentar o meu som.

A longevidade na indústria musical é um desafio para muitos artistas. Qual você considera ser o segredo para manter a paixão, a criatividade e a relevância em um cenário em constante mudança, como você tem feito?

De forma simples, eu não vejo a música como uma ferramenta para fazer meu nome. A música é apenas a trilha sonora dessa vida incrível que construí para mim, porque eu consigo fazer o que amo, rodeado pelas pessoas que mais amo.

Olhando para frente, quais são os principais objetivos ou sonhos que você ainda almeja alcançar em sua carreira musical, seja como DJ, produtor ou pessoalmente mesmo? Obrigado!

Quero ser capaz de continuar me olhando no espelho e não abaixar a cabeça. Preciso me orgulhar do que estou fazendo, dia após dia. E isso é o mais importante para mim, não importa o que aconteça.

It’s all about groove