Em um mundo saturado de lançamentos, playlists infinitas e algoritmos que ditam o que toca, poucas obras conseguem soar genuinamente humanas. A coletânea “Sprout Achievements Vol 01”, lançada em 02 de maio pela gravadora Sprout Music, de D-Nox, é uma dessas raras exceções. E o principal motivo disso atende pelo nome de André Moret. Ouça aqui.
Player Spotify
O produtor e DJ brasileiro foi convidado pessoalmente por D-Nox — nome icônico do progressive house global — para assinar a curadoria completa do projeto, e o resultado é uma viagem musical coesa, sofisticada e emocionalmente rica. O tipo de trabalho que não apenas reúne faixas boas, mas conta uma história sonora do início ao fim.
Muito além de um V.A. qualquer
A ideia do projeto surgiu de forma informal, durante um churrasco entre amigos, quando André mostrou uma de suas faixas para o dono da Sprout. O alemão curtiu o som e lançou o convite: “Vamos fazer um V.A. com a sua curadoria?”. O que nasceu de um momento despretensioso evoluiu para um trabalho meticuloso de seleção, refinamento técnico e construção de identidade.
Durante meses, Moret ouviu demos, trocou ideias com produtores e montou uma tracklist que reflete não só seu gosto pessoal, mas sua visão artística sobre o progressive house. O resultado reúne 12 faixas de artistas brasileiros e internacionais como Kamilo Sanclemente, ZAC, Dabeat, Gorkiz, Mariusso, Luciano Scheffer, Anonimat, Yudi Watanabe, entre outros — todos orbitando em torno de uma estética harmônica, atmosférica e dançante.
André Moret: a sensibilidade por trás da curadoria
Mais do que um nome em ascensão, André Moret é um artesão do som. Formado em Engenharia Eletrônica, com especialização em Engenharia de Áudio, ele funde conhecimento técnico com uma sensibilidade rara. Em suas produções e sets, é possível sentir não apenas batidas, mas emoções cuidadosamente desenhadas.
Essa bagagem foi fundamental para o resultado da coletânea. Todas as faixas foram masterizadas por ele, o que garante uma fluidez incomum entre diferentes produtores — como se um único espírito musical atravessasse o disco do começo ao fim. E é isso que diferencia “Sprout Achievements Vol 01” de outras compilações do gênero: ela respira como um álbum autoral, embora seja uma colcha de retalhos de múltiplas vozes.
Suporte dos grandes e um futuro promissor
Dois dos maiores nomes do progressive mundial já deram o aval: Hernán Cattáneo tocou “Lost Spell”, de Mariusso, e “Atonal”, de Gorkiz, ambas presentes na compilação. Se Cattáneo — mestre do storytelling sonoro — está colocando essas faixas em seus sets, é porque há algo de especial aqui.
E no centro dessa conquista está Moret, que, além de consolidar sua carreira internacional com gigs na Argentina, Colômbia e Uruguai, vem se destacando como referência da nova geração brasileira.
Seus lançamentos anteriores por Soundteller, The Soundgarden, Univak e Plattenbank já haviam chamado atenção de John Digweed, Nick Warren e Guy Mantzur. Agora, ao liderar esse projeto pela Sprout, ele reafirma seu espaço como um dos curadores mais sensíveis e relevantes da cena atual.
Por que ouvir?
Porque é música com propósito, feita com coração, cabeça e técnica. No meio da selva sonora da música eletrônica, André Moret ergueu uma clareira na qual o progressive house pode respirar com elegância, groove e profundidade. E porque, honestamente, poucos artistas hoje têm coragem e capacidade de reunir tantos talentos e ainda fazer tudo soar como uma única obra coesa.
Ouvir “Sprout Achievements Vol 01” é entender o que acontece quando um artista decide fazer mais do que tocar ou produzir: ele conta uma história. E, neste caso, é uma história que vale cada batida.
It’s all about groove