A música de Pedro Bertho é um reflexo de sua trajetória. Ele tem sangue brasileiro, mas resolveu se mudar para a Europa há cinco anos, mais especificamente Lyon, na França, movimento que fez com que ele praticamente começasse sua carreira do zero. “Aqui muitas pessoas acham que comecei a tocar há pouco tempo, mas na verdade comecei a tocar quando tinha 12 anos de idade”, reforça. Algo que ajudou a abrir as portas do mercado para ele foi a produção musical, território que ele não vê mais longe. “Produzir me ajudou a me encontrar melhor na profissão. Hoje é quase 50% do que faço e, financeiramente, também é muito importante”.
Por conta dessa vivência que mistura Brasil com Europa, Bertho carrega em seu DNA musical ritmos e influências que não se limitam a apenas uma ou duas categorias. Seu trabalho apresenta uma assinatura própria que fica entre a UK House e Techno, com um flerte muito grande com o Dub, Dancehall e até Reggae. Fora isso, ele também se apresenta com vinil, o que lhe permite resgatar sonoridades do final dos anos 90 e início dos anos 2000 de forma mais particular. “Gosto da liberdade de tocar como preferir, com discos, fazendo scratches, às vezes usando 3 ou 4 decks ao mesmo tempo, transitando de um estilo a outro…”, diz.
Com mais de 40 faixas lançadas em selos como Cracki, Hell Yeah Records e Fauve Records, Bertho tem conquistado espaço em clubes e festivais pelo mundo, como Primavera Sounds, Nuits Sonores, Almaty (Cazaquistão) experiência que também o fez se tornar DJ residente do icônico Le Sucre, em Lyon, há dois anos. Mas seu impacto vai além da música que produz e toca. Seu projeto de formação para DJs e produtores “não prioritários” — focado em mulheres e na comunidade LGBTQIA+ — já formou mais de 300 pessoas ao redor do mundo entre França, Costa do Marfim, Colômbia e Brasil, promovendo acesso e diversidade dentro da cena eletrônica.
Agora, Bertho abre um novo capítulo na sua história com o lançamento do EP Sola, uma obra que traduz suas experiências na Colômbia e na Costa do Marfim. Composto por duas faixas — “Dembow à Babi” e “Rinze” —, o trabalho é uma celebração das sonoridades do Equador, onde a energia solar intensa se traduz em beats quentes e grooves hipnóticos. É um EP que reflete sua abordagem descompromissada, mas profundamente conectada às pistas de dança e às histórias que carrega consigo. “O EP traz essencialmente ritmos caribenhos e a estrutura do Dembow nas percussões. Também busquei incorporar referências do Reggaeton, Coupé-décalé e até mesmo do Amapiano, tudo dentro de uma estrutura 4×4 totalmente voltada para pista de dança”, detalha.
O lançamento dá continuidade ao recente lançamento de sua gravadora, Chez Pedro, um selo criado para explorar sua total liberdade criativa. Mais do que um espaço para suas próprias produções, o projeto nasce com a intenção de expandir diálogos musicais e dar vazão a novas colaborações.
Enquanto segue pavimentando esse novo caminho, Pedro Bertho desembarca no Brasil para um momento especial: sua estreia no Gop Tun Festival, dia 19 de abril, no primeiro dia do evento. Na sequência, ele também toca na festa Hometown, em Curitiba, trazendo consigo toda a bagagem sonora que construiu entre a Europa, a África e a América Latina. Serão ótimas oportunidades para estar em contato direto com seu som que visita territórios e culturas diversas.
Pela frente, ele ainda deve retornar à Colômbia e à Costa do Marfim este ano e, se tudo der certo, fazer sua primeira tour pela Ásia no final de 2025.
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