Um bate-papo com Denise Klein, que ao lado de Gui Boratto comanda a nova agência de bookings Atomic Soda

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Por em 17 de setembro, 2024 - 17/09/2024

Denise Klein é uma dessas pessoas que simplesmente não pode passar despercebida quando se fala de música eletrônica no Brasil. Talvez você não a conheça porque seu trabalho foi feito essencialmente no background, mas vamos mudar isso agora. Denise morou em Israel por um tempo e voltou ao Brasil no início dos anos 2000, quando a cena eletrônica florescia por aqui. Foi neste momento que sua carreira na música começou de verdade.

Ela então trabalhou como tour manager de vários artistas internacionais até 2009, depois passou por agências importantes como a Remix, no departamento internacional, atuou como booker na Plus Talent, ajudou a idealizar a Nova Bookings, passou também pela Entourage e em 2023 assumiu o cargo de sócia diretora na Plusnetwork. Durante todos esses anos, Denise foi uma peça-chave no desenvolvimento da cena brasileira, mas agora ela encara provavelmente um dos desafios profissionais mais significativos até aqui. 

No final de julho, Denise anunciou oficialmente sua própria agência de bookings, a Atomic Soda, projeto que assume ao lado de Gui Boratto para escreverem juntos um novo capítulo na história da música eletrônica nacional. Atualmente o casting já conta com grandes nomes como Sarah Stenzel, Coppola, Junior C, Felguk, Marky, Zerb e Gabriel Brasil, além do próprio Gui Boratto. Nós aproveitamos essa importante novidade e conseguimos alguns minutos de seu tempo para um bate-papo exclusivo que você confere agora:

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Denise, obrigado por nos receber! Sua história inclui passagens por grandes agências como a Remix, a Plus Talent, a Nova Bookings e a Entourage. O que de mais valioso você aprendeu com essas experiências para aplicar no momento atual da sua carreira?


Foram muitos anos de aprendizado lidando com centenas de artistas de todos os tamanhos e gêneros musicais. Mas de uma coisa eu tenho certeza, um case de sucesso acontece na união do talento e o foco do artista, com uma agência que acredite nele. Aprendi a confiar no meu feeling, o que me levou a  apostar em artistas totalmente desconhecidos e juntos conseguimos alcançar uma posição de reconhecimento na cena global. 

Pretendo trazer para a Atomic artistas de potencial ainda inexplorado para se juntarem a outros artistas já inseridos na cena.

Pegando como gancho a pergunta acima, qual você acredita que seja o grande diferencial da Atomic Soda perante as outras agências do mercado? E quais os principais valores e/ou conceitos que vocês irão implementar daqui pra frente?


Eu acredito que o diferencial de cada agência são as pessoas que nela trabalham.. Eu e o Gui estamos sintonizados e escolhemos profissionais com excelência em todos os departamentos.

Nossa missão se resume em oferecer  suporte diferenciado aos contratantes e artistas. Particularmente eu me importo muito na satisfação geral, construindo uma relação mais próxima e duradoura com todos. 

Nosso foco com nossos artistas é traçar um plano de carreira para projetá-los.

Trabalhar ao lado de Gui Boratto não é para qualquer um e imagino que para você seja algo bastante especial também. Desde quando essa relação de amizade e parceria vem sendo construída? O que de melhor essa união pode trazer, na sua visão? 

Minha história com o Gui começou na Plus em 2012. Além de booker dele, também fui de vários artistas da D.O.C. Então,  sempre tivemos a mesma meta: a de alavancar a carreira de nossos artistas.

Pensamos muito parecido e com objetivos iguais. Eu diria que nos complementamos perfeitamente.

A amizade se fortaleceu com os anos e é muito prazeroso trabalhar ao lado de um profissional com princípios iguais aos meus. Fora isso, também admiro muito o Gui como artista.

A Atomic Soda se apresentou com um elenco de artistas muito forte. Vocês pretendem aumentar esse casting com o tempo? Terá espaço também para artistas em fase mais inicial de carreira? O que vocês mais devem olhar com mais carinho ao considerar abraçar um novo artista? 

Nossa ideia é construir uma agência com poucos artistas para que cada um receba atendimento personalizado. 

Gabriel Brasil é um bom exemplo. Vimos nele um potencial gigante e acreditamos que se tornará um grande nome na cena. 

Comecei a trabalhar com o Coppola quando ele tinha 16 anos e agora está em sua melhor fase! Então, na real, estamos de olhos bem abertos mas com limitação no número de artistas.

É comum lermos e ouvirmos que o mercado brasileiro está saturado no momento com a entrada de tantos novos DJs e produtores. Você também enxerga dessa forma?

No início da minha carreira não haviam tantos DJs e o número de eventos era muito maior do que o atual. Isso facilitava muito o meu trabalho em fazer o artista rodar pelo Brasil.

Hoje em dia, se o artista não tem um diferencial para se destacar no mercado, com a falta de oportunidades para mostrar seu trabalho, fica muito mais complicado para se destacar. A competição está grande mas isso não pode fazer com que desanimem. 

Foco e perseverança são essenciais para alcançar um sonho.

Agora, os artistas que já conquistaram  um patamar mais alto, devem se preocupar em como se manter, porque com tantos novos talentos aparecendo, se o artista se acomodar, outro pode vir a tomar seu lugar.

Para encerrarmos, considerando sua vasta experiência, quais são suas expectativas para o futuro da música eletrônica no Brasil? Como você enxerga o cenário daqui para frente — com otimismo ou há desafios que merecem mais atenção? Obrigado!

Infelizmente a fase atual que estamos passando não é muito animadora. Nosso mercado retraiu muito, muitos clubes fecharam e eventos foram cancelados. Mas isso é um reflexo da crise mundial. 

Eu acredito que com a união dos artistas, agências e eventos, vamos conseguir superar e dias melhores virão.

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