Falamos com Processman, artista que explora as raízes brasileiras de forma genial na música eletrônica

Tags: , , , ,
Por em 17 de julho, 2024 - 17/07/2024

Processman é um artista que tem suas raízes profundamente entrelaçadas com a cena musical de Salvador. Nascido e criado nessa cidade que transpira brasilidade, Alexandre Processo encontrou desde cedo inspiração nos vinis de Gilberto Gil, um ícone da música brasileira. Então, aprendeu a tocar violão de nylon e começou a mergulhar no universo da MPB. No âmbito profissional, ele produziu artistas de diferentes gêneros musicais e sempre esteve antenado nas tecnologias aplicadas, foi então que a produção de música eletrônica acabou aparecendo no seu caminho, inicialmente a partir de remixes e edits. 

Os primeiros releases chegaram em 2019 e desde então ele conquistou alguns feitos bem interessantes, como uma colaboração com Yuksek e lançamentos por Paper Disco e File Under Disco, onde destilou seu som universal que mistura grooves dançantes de Disco, Funk, House e Música Brasileira. Outro destaque veio em 2022, quando ele estreou no line-up do Mareh Music NYE23 Festival e sua faixa “Baba Oni” foi escolhida para ser a trilha sonora do vídeo oficial de lançamento do festival.

Seguindo nessa trajetória até então muito prolífica, com uma agenda de shows movimentada que atravessa diferentes partes do Brasil e abre espaço até para aparições internacionais, ele recentemente lançou o EP “Dendê Funk“, em colaboração com Fabio Santanna, pelo selo Aureum, do Bruce Leroys. Essa nova colaboração chegou para destacar o que há de melhor e mais fresco na sonoridade de ambos os artistas, que uniram referências cariocas e baianas em duas faixas super contagiantes que receberam ainda remixes dos heads Bruce Leroys e do americano Jacques Renault.

Ouça abaixo enquanto te levamos para passear pela história de Processman:

Olá, Alexandre! Obrigado por nos atender. Geograficamente estamos a uma boa distância, mas musicalmente estamos bem perto. Adoramos a cultura musical brasileira e os artistas que não deixam de enaltecê-la, principalmente conectando-a com a música eletrônica. Dito isso, gostaríamos de saber sobre seu passado, seu histórico… como começou essa relação de amor com a música brasileira?

Olá, pessoal! Obrigado pelo espaço. Sou nascido e criado em Salvador, lugar que transpira brasilidade! Apesar dos estereótipos de “baianidade”, morando lá sempre tive acesso a todo tipo de boa música, do Brasil e do mundo. Bem antes de me tornar músico, ainda na infância, eu passava horas do meu dia escutando vinis e lendo os encartes. 

Meu primeiro grande ídolo foi Gilberto Gil, um artista ícone da música brasileira, que tem uma extensa obra que conecta toda essa brasilidade com a música do mundo inteiro. O primeiro instrumento musical que aprendi a tocar foi o violão, com cordas de nylon, o que naturalmente me induziu a estudar muito o repertório de MPB.

E em que momento você começou a conectar as coisas e a produzir música eletrônica? Teve uma virada de chave ou o processo foi acontecendo naturalmente? 

Venho produzindo artistas há alguns anos, de gêneros musicais bem distintos. Sempre fui bem antenado ao uso de tecnologias e o emprego delas no fazer musical. Produzir música eletrônica acabou se tornando uma consequência do meu amadurecimento enquanto artista solo.

Fui integrante de algumas bandas, como músico, compositor e também produtor musical, mas em determinado instante da minha carreira me senti preparado para ter meu próprio trabalho. Me tornar um DJ foi uma opção que me permitiu performar minhas produções autorais e abriu um leque de possibilidades novas de criação com remixes e edits.

No Beatport seus primeiros trabalhos datam meados de 2019, com o single “It’s Carnaval”. Esse foi realmente sua primeira música lançada oficialmente ou tiveram algumas antes que não estão na plataforma? 

Sim, essa foi a primeira. Tive a felicidade de assinar com um selo gringo, especializado em Disco e House logo de cara. Isso me motivou bastante a continuar no caminho.

E na sua trajetória até aqui, quais foram os momentos mais importantes e marcantes para você?

Um momento muito marcante na minha carreira foi a parceria com Yuksek, um cara que eu já tinha uma grande admiração. Essa collab me abriu muitas portas, me deu bastante visibilidade e trouxe credibilidade pra meu trabalho. 

Agora falando mais do presente e das novidades… você acabou de lançar o EP Dendê Funk, junto com Fabio Santanna, artista que você já conhecia e tinha uma relação de mais tempo, não é? Inclusive tem um remix seu para ele da faixa “Na Linha do Equador”… nos fale mais sobre essa parceria.

Temos uma relação muito bacana de admiração e respeito. A gente vinha se falando bastante pela internet e quando tive a primeira oportunidade de ir ao Rio, fiquei hospedado no estúdio dele, num intensivão de criação e produção. 

Nas duas faixas originais, tem como distinguir onde tem mais o toque do Processman e onde tem mais a pegada do Fabio Santanna? E como foi o processo criativo ao lado dele quando esteve no Rio? 

Nós temos bastante coisa em comum. Isso foi um dos principais fatores que fez com que nós nos aproximássemos. Talvez seja difícil pro ouvinte identificar o que cada um fez nas músicas, apesar do fato de que os beats do Fabio tem uma cara muito dele. Nosso processo de criação foi muito fluido, muito dinâmico e tudo aconteceu muito rápido porque nossa comunicação não tinha ruídos. Nos entendemos muito bem!

O Aureum já era um selo que você tinha conhecimento? Ou foi uma daquelas “gratas surpresas” que você acabou ficando sabendo por acaso? 

Conheci o Marcelo pelo Instagram. Ele acabou me descobrindo por conta de tracks que eu tinha lançado e que ele passou a tocar quando ia discotecar. Começamos a trocar ideias sobre música e descobrimos bastante coisa em comum, assuntos relacionados a áudio e produção musical. Foi também uma grata surpresa a receptividade do selo com o meu trabalho. Eles me deram carta branca para criar o EP com o Fabio baseado apenas em fragmentos de ideias e esboços que apresentei. 

Vimos que sua agenda de apresentações de julho está bem recheada, com 7 datas no total. Você já passou por Curitiba, Floripa, São Paulo, e vai finalizar com um show no Rio antes de voltar a Salvador… esse pode ser descrito como um dos momentos mais movimentados da sua carreira? Essas experiências em diferentes partes do Brasil contribuem também para sua evolução artística?

Contribuem bastante, sim. Na verdade, servem pra ver de perto o resultado do trabalho que venho fazendo, sentindo na pele a energia das pessoas que curtem meu som. Aproveito esses momentos que estou viajando também para me conectar com outros artistas e acabo criando novas músicas. 

Inclusive, você também esteve em Nova York há algumas semanas. Como foi essa passagem por lá e o que rendeu de mais produtivo? Deu pra trazer algo de lá para o Brasil, musicalmente/criativamente falando? 

Viajar e tocar no exterior sempre é uma experiência engrandecedora. Além de Nova Iorque também estive no Canadá e nesses lugares vivem muitos imigrantes dos quatro cantos do planeta. Isso faz com que a cultura seja muito rica e diversa. É muito interessante interagir com essas pessoas e ver como elas reagem na pista.

Por fim, sempre gostamos de perguntar sobre novidades e expectativas para os meses seguintes. O que está no seu horizonte e o que você pode nos revelar para o futuro? Obrigado!

Até o final do ano tenho outros lançamentos de tracks originais. Estou planejando a próxima turnê internacional, dessa vez na Europa e Ásia. Minha intenção é circular por cada vez mais lugares, fazer minha música chegar nas pessoas. 

Siga Processman no Instagram

It’s all about groove

Tags: , , , ,