As influências do passado, especialmente as primeiras impressões sobre certos estilos musicais, moldam profundamente a maneira como os artistas produzem e apreciam música no presente. Imagine uma criança de oito anos, em 2009, descobrindo a energia crua e intensa do dubstep de Skrillex. Essa descoberta inicial abre portas para uma jornada de exploração, curiosidade e construção de identidade. Ao longo dos anos, essa criança expande seu conhecimento para outros gêneros, aprendendo a apreciar a complexidade das vertentes do House, a mergulhar no mundo hipnótico e texturizado do Techno e a unir todas essas diferentes estéticas com que teve contato à sua própria maneira.
Essa é a história resumida de ianni com a música eletrônica, um DJ e produtor jovem, enérgico e ligado no 220v, que nasceu e cresceu em meio ao caos de São Paulo, onde criou suas raízes. É normal então que essa vivência agitada na cidade fosse transferida de alguma forma para o seu perfil artístico, e foi o que aconteceu, dando origem a uma identidade sonora que ele mesmo descreve como “caótica e grotesca”, perceptível nas músicas que ele cria. Sua primeira produção chegou em 2021 de forma independente, batizada de “#6193”; no ano seguinte, no mesmo formato, ele soltou “Da Worst Song Evah”, ano em que também encarou gigs importantes como a sua estreia no D-Edge, com pista lotada até fechar o club.
Em 2023, ele se apresentou no showcase da Dogghauz Records, label do Mochakk, e o trabalho de estúdio continuou com o lançamento de “Deny Your Path” e “Flamin’ Hot Cheeto Sauce”, todas demonstrando sua abordagem mais descontraída ao produzir. Seu primeiro lançamento oficial por uma label veio no final do ano passado através de “Mery D”, faixa em collab com azztech que saiu pela Miniline. Essas faixas chegaram até nomes importantes do circuito e foram parar nos sets de Mochakk, Blackchild, Kidoo, Rinse & Repeat, Pricila Diaz e Jho Roscioli, mas é agora, em 2024, que as coisas têm ficado mais interessantes para ele, já que recentemente ele assinou com a prestigiada Nervous Records a partir de um convite que chegou da própria label.
“Pra mim a Nervous era um sonho até que distante, tanto pela história da gravadora e pelo peso dos nomes que lançavam por ela. É até engraçado porque no começo de 2023 eu tinha feito uma lista de metas que queria alcançar e entre elas eu tinha uma projeção de em uns 5 anos conseguir lançar em alguma label gringa desse porte”, conta. Mas a meta chegou muito antes do previsto com a aprovação de “Horton”, lançada no último dia 05 de julho… “Tô até agora com aquele sentimento de ‘alguém me belisca’, porque eu estava em uma maré de desmotivação, com o sentimento de não me encaixar em nada”, revela ianni.
Mas finalmente seu som achou uma casa e não foi uma casa qualquer. A Nervous ultimamente tem se mostrado comprometida com a busca de novos produtores pelo mundo e tem revelado muita gente talentosa no seu catálogo, abrindo espaço justamente para artistas que não buscam se encaixar em um padrão, tanto que “Horton” reforça as características descritas no texto. É descontraída, informal, despojada, mas ao mesmo tempo tem uma bassline potente e uma ambiência bastante curiosa construída nos breaks e nos momentos de tensão, criando uma atmosfera de suspense na track. Destaque também para o lead que resgata aspectos do G-funk e traz um sentimento nostálgico.
Confira o resultado final deste lançamento e continue acompanhando os próximos passos de ianni pelo Instagram do artista.
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