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“Tira A Roupa”, nova faixa de Beltran em collab com MC Jajau, ilustra como samples podem agregar ao mercado musical

Notou algo de familiar na nova track do Beltran? Se você não, os fãs do Mc Jajau com certeza sim. Isso porque a faixa utiliza de uma técnica chamada “sampling”, que consiste na incorporação de trechos de obras musicais pré-existentes incorporados em novas composições. No caso de “Tira a Roupa”, Beltran traz o vocal da música de mesmo nome, lançada no ano passado pelo MC, trazendo essa fusão do Funk com o Tech House

A utilização de samples não é um caso particular desta faixa; muito pelo contrário, essa sintetização de sons é muito conhecida e usada com bastante frequência nos mais diferentes ritmos. E, quando bem feitas, essas técnicas tendem a agregar, já que adicionam camadas de significado e complexidade, criando conexões emocionais com o público e recontextualizando o material original de maneira inovadora. 

A legitimidade desses métodos não é o debate que queremos trazer aqui. Afinal, até o Grammy consideram músicas com samples elegíveis ao prêmio. Ou seja, há um reconhecimento que essas técnicas têm agregado valor ao mercado atual e isso se comprova ainda mais ao olharmos a quantidade de boas músicas que surgem diariamente e utilizam desses recursos. 

Na música eletrônica temos bons exemplos com artistas explorando cada vez mais o uso de samples, criando produções criativas e promovendo a união de diferentes públicos, como vimos nos hits “Catuca” de Classmatic, que traz o vocal de Mc Th da faixa de mesmo nome e em “Naquele Pique”, onde Gabe e Eddy M incorporam o mesmo elemento de outra track do funkeiro.

Mas, vale lembrar que a utilização desse método também tem suas normas legais, sendo necessário o crédito e autorização dos autores da faixa original, como aconteceu nos casos citados assim. Ainda sim, não é incomum encontrarmos faixas por aí que exploram estes recursos sem transparência. A verdade é que, muitas vezes, artistas e produtores podem se sentir tentados a usar elementos de obras originais sem atribuir o devido crédito, seja por falta de consciência sobre os direitos autorais ou por motivos comerciais e essa é uma questão preocupante que vale o debate, já que não apenas prejudica os criadores, privando-os do reconhecimento e dos royalties merecidos, mas também mina a integridade na comunidade musical. 

Portanto, é essencial uma abordagem ética e transparente ao utilizar elementos de obras originais em suas criações, incluindo a atribuição de crédito aos autores originais, permissões necessárias e respeito aos direitos autorais. Neste contexto, “Tira a Roupa” chega ao mercado promovendo o uso desses recursos de forma legal e mostrando como isso pode ser benéfico para todos os envolvidos. 

Isso porque ao incorporar vocais de MC Jajau, Beltran estabelece não apenas um precedente positivo ao reconhecer e creditar a fonte original de sua inspiração, mas também inclui Jajau como colaborador. Essa abordagem demonstra respeito pelo trabalho do artista, evidenciando o seu nome e trabalho, e promove uma cultura de colaboração e reconhecimento mútuo, que abre as portas para uma nova audiência. Assim, os fãs de MC Jajau, que podem não estar familiarizados com o trabalho de Beltran, agora têm a oportunidade de descobrir sua música através dessa colaboração e vice-versa, fortalecendo assim ambos os públicos.

Além disso, a união de nichos diferentes pode resultar em um aumento da visibilidade nas plataformas de streaming e nas redes sociais, já que os algoritmos muitas vezes promovem conteúdos que atraem uma variedade de públicos, e uma colaboração entre dois artistas pode atrair uma base de fãs mais ampla, gerando mais engajamento e visibilidade. Isso sem falar na oportunidade de ambos os artistas divulgarem a música conjunta através de seus próprios canais. 

Ou seja, ao unir o Tech House ao Funk de maneira explícita, a faixa “Tira A Roupa” amplia as fronteiras sonoras, destacando a riqueza da diversidade musical. Essa fusão de gêneros proporciona uma experiência auditiva única para os ouvintes, chama  atenção de ambos os públicos e também fortalece os laços entre diferentes comunidades musicais, enriquecendo o panorama sonoro da música eletrônica nacional. Um belo exemplo de como um sample e criatividade podem agregar à indústria musical. 

Esperamos que mais iniciativas como essas possam chegar ao mercado, propondo uma cena musical ainda mais diversificada, capaz de inspirar e unir audiências de diferentes origens e preferências musicais.

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