A estética underground dos galpões e fábricas abandonadas vai tomar conta de um dos maiores eventos do ano: o The Town. Entre os núcleos convidados para comandar o New Dance Order — palco que ganhou vida no Rock in Rio de 2019 — está a ODD, no dia 10 de setembro.
Uma das mais conceituadas festas de São Paulo combina bem com o conceito proposto do festival, de homenagem à capital paulistana. Cofundador da ODD, DJ e produtor, Davis se prepara para fazer história no irmão mais novo do RiR, ao lado de Vermelho e Zopelar — no mesmo dia também se apresentam Gui Boratto & Emerson, Lion Babe, Paradise Guerrilla, Crazy P Soundsystem e DJ Mau Mau b2b Etcetera.
Expoente da cena eletrônica alternativa no Brasil e cada vez mais reconhecido na gringa, em junho Davis voltou à poderosa gravadora alemã Permanent Vacation. Em seu primeiro lançamento musical de 2023, “The Radiance” mescla a elegância do deep house clássico com timbres acid, que remetem às raves dos anos 90. Ouça aqui.
Batemos um papo com o produtor, que abriu mais sobre sua carreira e o single “The Radiance”, confira.
Davis, você afirmou que “The Radiance” é a sua primeira de muitas músicas no ano. O que te motivou a investir mais energia nas produções agora e quando você considera que uma música está pronta para ser lançada?
Estou muito conectado com as minhas emoções e nesses momentos de conexão sinto que minha energia criativa se expande. Eu amo poder dedicar um tempo na minha rotina, bastante intensa de shows e turnês, para expressar essa energia em forma de música nesses mergulhos criativos nos meus estúdios em casa e em São Paulo.
Considero que a música está pronta para ser lançada depois de tocá-la algumas vezes nas pistas.
A Permanent Vacation é uma gravadora alemã conceituada de onde saíram grandes tracks que fizeram sucesso nas pistas mais undergrounds. Este é o seu segundo lançamento por ela. Fale um pouco sobre o seu relacionamento com eles e o que você acredita que um artista precisa fazer para lançar em labels conceituadas.
Bem, meu primeiro contato foi muito fluido. Eu mandei um email ao Benjamin me apresentando e dizendo que gostaria que ele ouvisse a track. Ele me respondeu no dia seguinte dizendo que a adorou e que tinha uma proposta para lançá-la. O que pra mim foi uma imensa alegria pois a PV é um selo que eu admiro desde o início da minha carreira.
Acredito que produzir sua música da melhor forma que você puder, sem medir esforços para chegar num resultado que te deixe satisfeito e orgulhoso. Direcionar sua música para os selos que você acredita que ela pode se encaixar, e por último, e talvez o mais importante, confiar no inesperado. O universo está sempre trabalhando a seu favor.
Você, que é um dos principais players da cena eletrônica alternativa no Brasil, há tempos vem solidificando o seu nome fora do país, com gigs em clubs expressivos como Panorama Bar, Robert Johnson e Bassiani, e lançamentos consistentes. Como você tem trabalhado esse crescimento, e quais os principais motivos você acredita que o têm levado a ser cada vez mais requisitado internacionalmente? Além da música, você considera o networking importante? Como a ODD também te ajuda em sua carreira internacional?
Acredito que um dos principais motivos é ser relevante artisticamente. Construí uma carreira sólida, criativa e sempre atual/ upfront acreditando na minha visão e não abdicando da liberdade de expressar minha arte da forma que eu acredito, independente das prescrições de outros. Causar um impacto positivo é a minha assinatura energética, é a base de tudo que faço.
Há mais de 10 anos você também nutre um sólido relacionamento com Dixon e o pessoal da Innervisions. Como está esse relacionamento hoje, vocês trocam figurinhas com frequência?
Sim, construímos uma amizade porque temos similaridades e visões muito alinhadas. Estamos explorando bastante o campo das artes visuais e em breve teremos novidades para compartilhar com vocês.
Pela In Their Feelings, vocês já lançaram três coletâneas chamadas “Escape From São Paulo”, que trazem faixas que representam as vivências dos produtores — mesmo que de outras cidades ou países — na selva urbana que é a capital paulista. Dentro desse universo eletrônico particular em que vocês atuam, existe um “som de São Paulo”? Como você o descreveria?
São Paulo é uma cidade plural e as coletâneas retratam essa diversidade sonora. A ideia da coletânea é que cada artista apresente a sua leitura do que é o som de São Paulo.
E para fechar, o que vocês estão preparando para o The Town e para que o público conheça a essência da ODD?
Preparamos um set potente, feito a seis mãos — Davis, Marcio e Zopelar —, trazendo um repertório que representa a história da ODD, mas muito mais que a história, um olhar de futuro para música eletrônica sobre o olhar da ODD.
Acompanhado aos visuais, que sempre foram a marca dessa experiência sinestésica que é a ODD. Os visuais estão sendo pilotados junto com o Julio Parente, que é o coordenador de iluminação da festa, e mais uma equipe de criativos — performers e os próprios DJS.
Ouça “The Radiance”
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