Quando o assunto é House Music e suas vertentes, poucos nomes possuem a expertise que Rogério Soldera possui. Afinal, estamos falando de um artista que constrói sua carreira desde o longínquo ano de 2011 e acumula nesse período experiência frente às mais diversas áreas, entre elas a discotecagem, produção musical e até eventos. E, apesar das diversas facetas, consegue administrá-las com uma relevância constante, sendo um dos principais nomes da cena nacional, mesmo com tantos anos de carreira.
Permanecer em uma ascensão há tanto tempo é admirável, sendo este mais um diferencial do artista. Isso se deve muito ao aprimoramento e a reinvenção constante de sua persona artística, já que Soldera é popularmente conhecido por ser uma metamorfose ambulante, que não se mantém na zona de conforto, indo além do óbvio e explorando as mais diversas sonoridades com qualidade e maestria. A prova disso é sua jornada crescente por entre as linhas do Afro House, um gênero que, apesar de ser admirado pelo artista há bastante tempo, tem estado mais presente em suas produções dos últimos anos.
Seu currículo invejável, com passagens por clubes e festivais renomados como XXXPerience, Tomorrowland, e lançamentos por labels como Armada Music, Downpatrol, Sneja, Wired tem alcançado ainda mais prestígio neste encontro com a vertente percussiva. A prova disso são as recentes parcerias, como com a MoBlack Records, label do italiano Mimo Falcone, consagrada a label nº1 de Afro House no mundo, e também o seu retorno à Aluku Records, selo que já possui um vínculo desde 2021.
Esta volta à gravadora britânica comprova não só o sucesso de sua primeira collab, mas também reforça a potência de Soldera dentro do gênero a nível internacional. O lançamento, que chegou às plataformas no dia 27 de julho, traz a união com dois outros projetos, o duo Feels Apart e de Sazi Cele, que colabora com seus belos vocais, levando a mensagem do “Khanyisa” que significa “iluminar” à um ponto ainda mais emocional e envolvente.
Conversamos com Soldera sobre esse lançamento e o atual momento de sua carreira. Confira:
Olá Soldera! Obrigada pela disponibilidade em conversar conosco. Para começarmos a entrevista, queremos propor uma análise à sua trajetória. Como você avalia sua evolução e atuação na cena eletrônica nacional? E quais foram as principais mudanças, principalmente sonoras, da sua identidade artística?
Soldera: E aí, pessoal! Antes de mais nada, valeu pelo convite! Desde lá em 2011, quando decidi levar as coisas a sério (ou nem tão sério assim), sempre fui um entusiasta da house music não mainstream. Passei por uns estilos malucos tipo deep, indie e outras que parecem inventar nomes só pra complicar, mas a essência sempre foi a vibe da house legítima.
Naquela maré de pandemia, quando os eventos sumiram e ninguém estava na correria, dei um pulo na oportunidade e foquei 100% em lapidar minhas habilidades de produção. E olha só, não só isso: dei umas estudadas no samba de coco, para abrasileirar minhas produções de afro house.
Quais são as influências mais pertinentes em sua sonoridade atualmente?
Percussão com ritmo não tradicional conhecido como 4#4, quebrando a métrica tradicional, bastante arpejos e acordes de pianos.
E como você enxerga este atual momento da sua carreira? Quais são seus objetivos e prioridades como artista?
Não tenho dúvidas que artisticamente estou no meu melhor momento, curtindo pra caramba o que faço, escolhendo os lugares onde vou tocar e, olha só, e ganhando reconhecimento fora do Brasil. Depois de tudo o que rolou com essa pandemia, eu fui resiliente e tracei um plano bem sólido, e tô seguindo firme até agora, e já estou começando a colher os frutos disso.
Minha prioridade? Continuar de olho no meu plano e mantendo o foco, sempre olhando pra frente, buscando supports, lançamentos e oportunidades de tocar internacionalmente.
Você sempre pautou a sua sonoridade nas linhas da House Music e suas vertentes, mas nos últimos anos, tem se aproximado cada vez mais do Afro House. Conta para a gente como foi esse encontro com o estilo e o que te atraiu nele a ponto de desenvolver mais produções inspiradas nele.
Em 2015, eu tive meu primeiro encontro com o gênero em Ibiza. Um amigo brasileiro que mora por lá me falou de um DJ chamado Black Coffee. O som dele na época era tipo um deep house soulful, mas tinha um toque único, nem se falava o nome “afro house” na época. Eu fui conferir e, naquele dia, eu me encantei, mas não tinha referências e nem como buscar aquilo na época.
Aí em 2017, esse gênero apareceu de novo em um warm up para o Solomun lá na Milk em Jurerê, aí eu dei uma pesquisada e montei meu primeiro set de afro. O problema foi que não dei sequência, o mercado estava pedindo outras coisas na época e eu estava meio engrenado na engrenagem. Só lá em 2020 que eu finalmente vesti a camisa de vez, entrei de cabeça no gênero.
Agora voltando a este seu recente lançamento. Como foi o processo criativo de Khanyisa? Quais elementos você buscou ressaltar e qual a mensagem proposta?
Ela é uma canção de linguagem Zulu, então tentei deixar mais perto o possível do house com os pianos e do tribal nas percussões.
Essa também é uma colaboração com o duo Feels Apart e Sazi Cele. Qual é a história por trás dessa parceria e como foi trabalhar com esses nomes?
Eu conheci os meninos em um evento que rolou na Anzu. Depois da minha apresentação, o Murilo subiu lá e se apresentou, disse que tinha curtido o meu set de afro e que tava na produzindo nesse estilo também, então ele me passou o projeto da Khanyisa e de uma outra que a gente vai soltar em breve, com os vocais do Idd Aizys. E, desde então, os caras são os produtores com quem mais estou em contato, conversamos diariamente.
E a essa volta ao catálogo da Azulu Records. Como é o contato e trabalho com a label?
O A&R é o Jodie, um cara mega respeitado no ramo. Ele só bota pra frente músicas e projetos que realmente têm uma vibe única, saca? Ele não fica só olhando para números ou pra fama no histórico, o negócio dele é a alma da coisa. Então, quando rola um lançamento com ele, é sinônimo de qualidade e autenticidade.
Para finalizar, quais são os seus planos para os próximos meses? Algum spoiler ou novidade que já pode nos adiantar?
Está rolando um monte de coisas legais, remixes oficiais para cantoras e bandas de sucesso, collabs e lançamentos em gravadoras gigantes. Mas olha, por causa de contratos e porque curto manter um certo mistério, não vou dar spoiler nenhum agora. O que eu posso garantir é que todo mês eu vou estar por aqui para contar sobre os lançamentos, pois eles vão ser mensais 🙂
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