Diggin With: Pitros | O que é preciso para um produtor se destacar no mercado musical?

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Por em 17 de abril, 2023 - 17/04/2023

Diante de um mercado cada vez mais saturado como o da indústria fonográfica, quem nunca parou para se questionar qual direção DJs e produtores musicais têm tomado para enfrentar o desafio de se destacar no mercado de música e mídia digital? Pois Pitros no ano passado, ao estar prestes a finalizar a formação em Administração na Universidade Federal de São João del-Rei, decidiu levar seu questionamento – e de tantos outros artistas – para análise no mundo acadêmico, fazendo do tema o objeto de estudo de seu trabalho de conclusão de curso. 

Natural de São João del-Rei, no interior de Minas Gerais, antes mesmo de solidificar seu projeto musical, o artista já pensava de maneira estratégica, promovendo festas e eventos em que a música era a atração principal, como forma de fomentar a escassa cena eletrônica na pequena cidade. E assim, Pitros pode orgulhar-se de não apenas ter iniciado um belo movimento pela dance music na região, como também expandido seu nome, tornando-se um importante expoente do Tech House no estado e emplacando lançamentos em labels internacionais de prestígio, como a Nervous Records

Para a pesquisa, o DJ e produtor teve como principal objetivo entender mais a fundo como e se a administração e o empreendedorismo vêm sendo utilizados para a gestão artística em

diferentes fases da carreira, diante de um mercado tão competitivo. Na era do streaming, milhares de músicas são lançadas diariamente e isso propõe um novo desafio: em meio a tantas músicas e mídias, como cativar a atenção do público? Para conseguir essa e outras respostas, Pitros conversou com sete profissionais do music business.

“Eu vejo que muitos músicos tentam não se envolver, ou tentam terceirizar o lado administrativo da música. Mas, em um estágio inicial, ou será inviável financeiramente terceirizar a gestão de demais tarefas como marketing, produção de conteúdo e bookings, ou ficar sem cuidar disso vai levar a uma carreira estagnada, sem direcionamento e objetivos e, por fim, sem resultados práticos e financeiros, caso a pessoa queira fazer a vida como um artista.

Além disso, parece haver um certa exigência ética atrelada a um proceder underground da música eletrônica que problematiza a relação entre artistas e a indústria da música. Acredito que ainda haja um tabu, quando se fala de mercado, vendas, e de administração para DJs. É de se pensar que boas práticas de gestão, mesmo que de forma simples, podem trazer um bom resultado. É necessário desmistificar a administração para que mais músicos em estágio inicial, ou que sejam independentes, possam viver da sua arte, alcançar mais pessoas e construir de fato uma carreira sustentável”, compartilha o artista em seu artigo. 

Apoiada em conceitos da administração, marketing e empreendedorismo, como planejamento estratégico, mercados, redes, segmentação, praça, personificação do marketing, e amor à marca, Pitros trouxe insights valiosos para que artistas possam passar a utilizar essas ferramentas no plano de crescimento de suas carreiras. 

Um dos conceitos abordados por ele na pesquisa foi o de “orientação de mercado” vs. “orientação para o produto”. No primeiro tópico, a empresa está orientada para os consumidores, entende o desejo do consumidor final e escolhe seu nicho ou segmento com base nessas necessidades. Já no segundo, a empresa tem a crença de que fazendo o melhor produto, na concepção da própria empresa, ele vai se vender, independente do mercado.

“Uma hipótese que levanto a partir de minha atuação na indústria musical é que haja uma parcela considerável de músicos praticando a orientação para o produto, que fazem uma música experimental, um produto que eles próprios julgam excelente. Músicos que estão somente preocupados em fazer a música que consideram a melhor, sem tentar conhecer o mercado consumidor, isto é, o ouvinte para aquilo que está sendo produzido.

Pode ser um enorme perigo, pois correm os riscos: de produzir muito, por muito tempo, e não conseguir cobrir os próprios custos; de não conseguir vender; e de não conseguir estruturar uma base de ouvintes com potencial para se tornarem posteriormente fãs. Além de tudo isso, correm o risco de atingir um público completamente indesejado, por exemplo, sem ter o controle da direção do seu negócio”, complementa Pitros no texto da pesquisa.

Em conversa com os entrevistados, Pitros afirma que já é possível notar a conscientização da importância desse pensamento estratégico e envolvimento dos artistas no gerenciamento de suas próximas carreiras.  

“É possível notar em todas as falas um certo nível de profissionalização e até a presença termos técnicos da administração vindo dos artistas. Apesar de um dos desafios para o DJ ser o de conciliar, em alguns momentos, a parte administrativa e a parte musical, muitos destacaram a necessidade de o artista ser “360”, isso é, ele deve entender um pouco sobre tudo que engloba uma carreira.”

Para sintetizar, Pitros compartilha que através da pesquisa foi possível perceber que os conceitos somados aos insights do artigo sugerem que a personificação ou humanização do marketing está cada vez mais recorrente para os artistas, e que essa pode ser uma boa direção para chamar atenção do público por meio da identificação.

Quem curtiu o assunto e quer se aprofundar no tema, tendo acesso também às entrevistas feitas para a pesquisa, Pitros disponibilizou o artigo completo para download aqui. 

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