A música eletrônica africana tem um representante de peso e seu nome é Djorge Cadete. Natural de Angola, o DJ e produtor iniciou a sua jornada musical em 2014, na cidade de Lisboa, em Portugal, e desde então vem construindo uma trajetória brilhante. A princípio, seu estilo predominante era House, mas pouco a pouco o artista foi trazendo cada vez mais influências do Afro House e Afro Techno em suas produções.
Com o desenvolvimento desta identidade musical autêntica e ousada, Djorge ganhou mais espaço na cena eletrônica mundial, chamando a atenção de Gregor Salto, Black Coffee e Shimza, para citar alguns. Além disso, em seu histórico há apresentações em países como Moçambique, Holanda, Suíça, França, Cabo Verde, Angola, Estado Unidos e Dubai.
Como produtor, Cadete reforça ainda mais sua potência musical, tendo apresentado vários sons bem-sucedidos, como “Urânio 235”, “Shella” e “Power”. E agora, depois de quase uma década preparando seu primeiro EP, o artista acaba de lançar “Upendo”, um trabalho coeso e dinâmico, que exalta sua ancestralidade e expõe suas vivências e experiências musicais.
O EP chegou às plataformas no começo de janeiro, assinado pela renomada Seres Produções, label de afro house com quem Djorge já tem uma relação de longa data.
Para contar um pouco mais deste lançamento, convidamos Djorge para uma entrevista. Confira:
Olá, Djorge! Seja bem-vindo! Para começarmos, se apresenta um pouco para o público brasileiro que ainda não te conhece. Como começou a sua trajetória na música e como você define a sua identidade artística?
Sempre tive um fascínio enorme por música, ainda rapazinho lembro-me de ter explodido de emoção ao ver um tio meu, piloto de profissão, recém-chegado da Rússia, com um aparelho de som denominado Denon2000, que funcionava com CDs, para abrilhantar os encontros de família com muita música boa, este foi com certeza o momento em que despertei o bichinho para arte do deejaying.
Aos 13 anos de idade, comecei a tocar em ambientes de família, como aniversários, sentadas aos fins de semana, dentre outros tipos de celebrações, algo que durou não por tanto tempo assim porque, aos 16 anos, tive que abandonar a prática para priorizar os estudos. Aos 19, já trabalhando enquanto estudante, comprei então a minha primeira controladora, desde aí fui ganhando cada vez mais prática, tocando em eventos sempre que possível sem me assumir como DJ.
Aos 28 anos comprei o meu 1º equipamento de som, uma Pioneer Nexus2000 platina e assumi-me oficialmente como DJ, e já produtor e realizador de eventos residente em Portugal, também com foco para o empresariado, dando início à minha carreira de DJ de House Music.
Em 2014 estreei como residente no club Main, passando posteriormente pelo Hawaii, The Docks, Tamariz, Roots, Lick, etc. Fui ganhando algum espaço e notoriedade, e com o tempo convites para tocar em países como Moçambique, Holanda, Suíça, França, Cabo Verde, Estados Unidos e Dubai. Em 2018 lancei o meu 1• Single, “benga new”, e desta feita não mais freei. Hoje conto uma cadeia de singles.
“Upendo” é o seu primeiro EP, mas já são quase 10 anos de carreira como DJ e produtor. Por que esta espera em lançar este trabalho?
Não diria propriamente espera (risos) e sim apreciação do processo. Fui amadurecendo e com o tempo me preparando para o feito, já que o grande objetivo sempre foi fazer bem a arte que me compete enquanto artista e ser humano.
E como foi o processo criativo do EP? Quais foram suas principais influências e referências na hora de criar as faixas?
Fui me deixando envolver pelas situações vividas diariamente com amigos, família e colegas de estrada, como o Djeff e o BZB, que acabaram desempenhando um papel super importante; na senda o Dorivaldo Mix, que acabou dando muito suporte a nível de produção; Home Boyz e mais… todos permitiram que eu concluísse a obra com toda dedicação e cuidado possível.
E qual mensagem você busca passar com “Upendo”?
“Upendo” significa “Amor” em “Swahili”, e como humano amante do mundo, da arte e das pessoas, sempre procurei através da música, de certa forma, despertar o próximo para o amor. Isto porque, com o passar do tempo, o mundo tem se focado mais em questões como a do avanço tecnológico, a exploração de terras e do espaço, fato que tem causado muito a perda dos laços humanos. Quero com isto passar a mensagem de que está mais do que na hora de nos focarmos no que realmente importa: o amor ao próximo.
Tem alguma faixa do EP que é a sua favorita? E por quê?
Bashira (aquele que prevê boas energias), porque me identifico com a palavra.
Você e a Seres Produções já têm um relacionamento de longa data e que trouxe ótimos frutos. Como surgiu esta conexão e como tem sido trabalhar com a label?
Tudo surgiu naturalmente, não consigo datar quando exatamente. Quanto ao trabalho, tem sido prazeroso. O DJ Satélite é meu camarada de longa data e é um artista que dispensa apresentações, está sempre rodeado de bons profissionais.
Para finalizarmos, o que podemos esperar de Djorge Cadete para 2023? Quais são seus objetivos e metas para este ano? Obrigada pelo papo.
Tenho como objetivos e metas para 2023 dar continuidade ao que comecei lá atrás, como contribuir cada vez mais para o desenvolvimento e propagação do gênero musical e da cultura house music com tudo o que estiver ao meu alcance, desde lançamentos de músicas à produção e realização de eventos… pisar novos palcos, explorar outros mercados, colher da experiência dos house masters locais e a volta ao mundo dentro e fora da cabine… continuar a superar-me enquanto humano, pai, filho, amigo e, a nível profissional, servir de bússola orientadora para a geração que está por vir.
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