5 curiosidades do livro ‘’O sonho de um DJ’’ de Hernan Cattaneo

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Por em 21 de dezembro, 2022 - 21/12/2022

Após o el maestro Hernan Cattaneo anunciar lançamento da versão em português de seu livro de memórias e autobiográfico, nosso colunista Jon Facchi antecipou cinco curiosidades do livro. São mais de 40 anos de carreira retratados no livro, desde os primeiros discos ainda criança, passando pela participação da construção da cena eletrônica na Argentina até a ascensão ao posto de um dos maiores DJs de todos os tempos.

O lançamento oficial ocorre na próxima semana [28] no Warung Beach Club, além de um tour pelo verão Brasileiro a partir de 19 de janeiro em cidades como Chapecó (Amazon), Recife, Morro de São Paulo, Trancoso (Som festival) e Maresias no carnaval 2023.

Hernán vinha de ônibus com um amigo para comprar discos de vinil em Porto Alegre nos anos 80;

‘’Filia foi o lugar ideal para começar a tocar os discos que havia trazido do Brasil. Lá, remixes existiam, um gênero que levou muito tempo para chegar à Argentina. Aqui, inacreditavelmente, não havia remixes ou versões estendidas das músicas mais dançantes de Charly García, Virus, Soda, e lá sim o faziam com Paralamas, Guilherme Arantes, Caetano Veloso ou Simone, para mencionar apenas alguns. A grande diferença era que as gravadoras brasileiras pensavam muito na pista de dança. Com Julio Lugones, íamos a Porto Alegre especialmente para conseguir LPs.’’ (pag 75)

O álbum favorito e que mudou sua vida;

‘’mas o que me deixou louco foi o Pink Floyd. Dark Side Of The Moon, era a média perfeita, era a quintessência da música, e até mesmo a capa era um ímã. Ainda é. A música que eu toco tem mais denominadores comuns com esse álbum do que com muitos outros eletrônicos.’’ (pag 42)

Seu ídolo máximo foi Frankie Knuckles, o pai da house music, Hernán chegou a vender seu carro para poder ir a NY ve-lo tocar:

‘’Assim que chegamos em Nova York, fui ao clube onde a Knuckles tocava, o Sound Factory. Entrei com o local quase vazio e descobri uma escadinha que levava a um lugar privilegiado: a cabine estava visível e a poucos metros de distância já estava Frankie. Não havia nenhuma decoração ou encenação chamativa, o importante era a pista de dança.’’ (pag 102)

‘’Não me importava em congelar embaixo da neve na porta, aprendia tanto lá que era como ir para a faculdade’’. (103 pag)

‘’…estava tentando descobrir de que era feita a magia dele. Knuckles tinha um grande domínio do grave e fiquei surpreso com a calma com que levava a noite. Enquanto tocava música, recebia discos trazidos por algum conhecido, os ouvia na hora, os experimentava, alguns descartava, outros não. Tinha pequenos detalhes técnicos que nunca tinha tido a oportunidade de ver antes. Seu nível era muito superior ao nosso em todos os aspectos: em como mixava, selecionava, organizava. Ele fazia o que agora se chama open to close….’’ (pag 104)

Em 1993, então residente do club Pachá de Buenos Aires, Hernán perdeu a chance de tocar exclusivamente para ninguém menos que Madonna…;

‘’Numa tarde de domingo em dezembro de 1993, aproveitei o fato de não ter que trabalhar e fui ao Cinema. Saí da minha casa às seis horas, comi por aí, voltei à meia-noite e notei que uma pequena luz vermelha estava cintilando na caixa de mensagens. Estava cheia, isso era estranho. A secretária eletrônica colocava as mensagens na ordem inversa a qual tinham chegado. O primeiro que aparecia era o último que tinham gravado. Escutei e não entendi. Fui montando a história até ouvir a primeira: “Hernán, disseram à Madonna que você tocava house music, ela está curiosa e parece que quer vir a Pachá, você pode vir? A próxima já estava confirmada. “Hernán, onde você está? A Madonna está a caminho. A voz ia se agravando até que avisaram que ela já tinha saído. Finalmente, ela foi para Pachá, mas não havia um DJ lá. Acho que ela deve ter saído, perguntado se havia algum lugar para ir dançar e alguém prometeu abrir a Pachá para ela. Essas coisas aconteciam, o grupo do Depeche Mode foi numa sexta-feira, por exemplo, me senti tão feliz de estar com eles por perto, depois de tê-los ouvido minha vida inteira.’’ (pag 118)

Hernán Cattaneo já desfilou por uma escola de samba em pleno carnaval Brasileiro, 1999, duvida? Enquanto fazia a tour mundial com Paul Oakenfold, sendo seu DJ de warm-up, ele viveu essa história;

‘’voamos para Rio de Janeiro e lá foi bárbaro também. No dia seguinte à festa, fomos convidados para o carnaval. Fomos para o sambódromo com Paul Oakenfold e, assim que chegamos, ele disse que queria participar. Era o número um do mundo, quem iria dizer não? A produção comprou o lugar de um grupo de membros da Escola Beija Flor, que haviam ensaiado boa parte do ano, mas, lhes caiu bem ter quinhentos dólares no bolso. Nos deram cinco lugares na parte de trás do compasso e Paul me deu um. Tivemos que praticar passos de samba e vestir trajes brilhantes. Foi uma sensação incrível, era como se fossem quatro ruas com as arquibancadas cheias. Paul estava rindo, fiquei um pouco impressionado. Antes de começarmos a dançar, nos alinhamos em uma grande fileira em uma rua lateral ocupando cerca de cem metros de comprimento. Tínhamos que nos mover no local até que nos fizessem um sinal. Começamos, viramos e de repente entramos no sambódromo. Era como estar no coliseu romano. Fico arrepiado ao lembrar disso. Foi inesquecível, o clarão de tanta luz no rosto, o ritmo que nunca parava, os gritos, a música alegre, os corpos quase nus, os copos gigantes de cerveja. Foi muito divertido e felizmente não há vídeos meus dançando….’’

Voce pode adquirir o livro no site da Pod Editora:

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