por Mia Lunis
Trazendo história e representatividade, Pitros acaba de lançar “Que Maravilha”, pela gravadora Nervous, uma faixa que promete ser lembrada pelas futuras gerações. É na simplicidade de um refrão cantado por seu tio-avô que o produtor constrói uma ponte que conecta seu público com o passado e o futuro, a voz nostálgica remete aos grandes sambistas que desenharam a história da MPB, remetendo às rodas de samba em que o pesar cotidiano se tornaram melodias sinceras de um povo que, apesar das dores, ainda consegue dançar.
O mesmo acontece com a geração atual que independente de estilos musicais encontra na música uma maneira de se expressar e se conectar com o todo. Dentre referências de House Music à Tech House, Pitros conseguiu mesclar com maestria a ancestralidade que temos no Samba com toda a originalidade da música eletrônica. Uma prova irrefutável do talento e pesquisa do artista é o resultado dessa orquestra que possibilita reviver a história por meio da música e torná-la atual, dando alma a cada beat e fazendo o público cantar e dançar a cada refrão.
A nosso convite, Pitros contou um pouco mais da história dessa música tão importante pra ele, tanto no lado pessoal, como profissional:
“Minha família, tanto por parte de pai quanto por parte de mãe, são envolvidas e realizam blocos de carnaval tradicionais aqui na cidade (São João del Rei-MG) passando de geração para geração. Apesar de não ter chegado a conhecer a escola de Samba Vermelho e Branco, tive uma influência direta frequentando o bloco de rua “Copo-Sujo”, bloco de carnaval que era tradicional na cidade onde um dos fundadores foi o Jota D’angelo, compositor da obra original. E por anos as músicas de sua autoria foram cantadas também no bloco.
A minha versão surgiu bem ao acaso. Certo dia minha mãe pediu para eu baixar as músicas no site do D’angelo para gravar um CD para um tio idoso que não sabia entrar no site. Quando fiz o download das músicas, resolvi dar uma olhada e de primeira me encantei com várias! E como um DJ/Produtor, logo encontrei algumas coisas ali que daria pra samplear (risos). Acho muito legal o fato da faixa ser completamente produzida por São Joanense, e tomar essa proporção em uma big label do exterior… é muito louco como as coisas acontecem!
O processo de produção aconteceu naturalmente, recortei uma frase do violão, e o vocal “Veja só que maravilha”. Daí já tinha um tema, conceitual, vintage, pegada mais clássica. Tive o cuidado de tentar fazer algo bem mais orgânico, percussão, baterias e baixos, daí a faixa aconteceu naturalmente. Gostei muito do resultado, ficou na minha opinião bem fora da caixa, pois não seguiu uma ‘estética convencional’ de House, ela simplesmente foi nascendo naturalmente e acabou do jeito que foi pelo caminho que se deu…
Acho que de fato é uma obra, pois apesar de não ter um formato muito convencional, sempre que toco dá muito resultado, e apesar de ser uma faixa que tem pouco mais de 1 ano, segue sendo uma das minhas favoritas”.
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