Diggin With: Rodrigo Fiorillo | Quais os segredos para não errar na hora de construir seu set? Rodrigo Fiorillo compartilha sua visão

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Por em 3 de junho, 2022 - 03/06/2022

Leitura de pista: onde vive, o que come? 

Brincadeiras à parte, sabemos que o atributo acima é um objetivo primordial para a arte do djing. Ler a pista é entender o que aqueles corpos dançantes poderiam estar querendo de você naquele momento, ir testando as águas e entendendo as respostas, mas acima disso, está a capacidade de entregar aquilo que eles precisam e nem sabiam que estavam precisando. Ficou difícil? Siga no texto que prometemos um final feliz!

Se por vezes, a leitura é direta e reta, por exemplo: pista esvaziando, pessoas conversando e afins, por outras, ela é mais subjetiva e igualmente desafiadora. Um bom ou uma boa DJ sabem que pra deixar aquela boa impressão, o coração do clubber precisa ser aquecido durante seu set e algo precisa marcá-lo, o que não necessariamente tem relação com um hit astronômico ou algo parecido. Então sim, caro leitor e cara leitora, via de regra, você não nasce sabendo, você vai lapidando e vai entendendo onde chegar com a arte de ler pistas.

Para melhor explicar o fato, convidamos Rodrigo Fiorillo, DJ que acaba de completar dez anos de jornada e alguns feitos interessantes na carreira. Isso porque, o artista, desde sempre, engajou com campeonatos de DJ, o que renderam a ele apresentações no Warung, Club Vibe, Tribaltech, outros festivais e até o Burn Residency, em Ibiza. E como sabem, a habilidade de ler a pista é algo levado em consideração.

Peguem o caderninho e vamos aprender mais sobre essa habilidade com Rodrigo Fiorillo em nossa coluna Diggin’ with

Rodrigo Fiorillo

Olá galera da GRVE, desde já agradeço o convite de vir aqui abordar este assunto que gosto tanto.

Vamos ao que interessa! O set começa muito antes de subir na cabine. O coração de um set com certeza vem de uma boa pesquisa feita, da qual temos muitas ferramentas disponíveis para nós djs atualmente, como: Beatport, SoundCloud, YouTube, apps de Stream, 1001tracklist, entre outros. Como eu comecei minha carreira com os desafios djs, trazer novidades era lei. Tento sempre trazer as músicas mais novas para as pistas e, alguns clássicos no meio do set também são bem vindos.

Costumo fazer uma seleção de músicas com diferentes bpm’s e peso. Muita gente confunde que bpm e peso são sinônimos, mas para mim a agressividade dos timbres e a forma que a track é feita, dita o peso para os meus ouvidos. Entre tocar uma track 120 bpm no começo da noite com timbres distorcidos e, uma 126 bpm com pads e uma vibe mais atmosférica e tranquila, qual faz mais sentido? Pois é, muita gente foca apenas no bpm e esquece da vibe real da música e o horário que está tocando. Outro ponto, é o quanto a track é preenchida de elementos: as com menos elementos e mais simples na maior parte das vezes, devem vir antes das que são mais cheias, principalmente quando falamos de synths grandes e impactantes. 

Temos que ter sempre um arsenal nas mangas, com as Tracks mais novas e clássicas, as mais lentas e as mais aceleradas, as mais leves e as mais pesadas. Pois nunca sabemos a pista que nos espera.

A tecnologia trouxe grandes avanços na atualidade, como: Mixed In Key, que utilizo muito para mixagens harmônicas e Rekordbox, para o uso de hot cues e formar loops com mais segurança. Apesar de ter aprendido tocar com vinil e com cds, não sou daqueles caras puristas que acham que porque o dj está utilizando o sync, ele não é tão bom quanto o outro que toca no vinil. Cada um tem o seu jeito de se apresentar e se a tecnologia nos permite usarmos as ferramentas que estão disponíveis, por que não usarmos? 

Outro fato importante, é ter atenção a qualidade da música da qual vamos tocar, se você está sendo pago para se apresentar, você tem a obrigação de comprar as tracks para que possa tocar na melhor qualidade possível. Já vi DJs que baixaram a track, não conferiram no espectro e nem escutaram antes de tocar, acabaram mixando em cima de uma que estava soando bem e simplesmente tiraram a energia da pista, esvaziando-a. Então máxima atenção quanto a qualidade das Tracks.

Por último, mas não menos importante: frequente as festas e observe como a noite acontece, seja humilde e se lhe foi confiado o papel de warm up, vá com calma e não se emocione em querer tocar Tracks muito pesadas, essa é a parte da noite em que as pessoas estão chegando e querem se habituar com o lugar, tomar um drink e ir se soltando. Vão ter outros momentos para você ser visto como o cara que quebra tudo na pista e coloca a galera pra gritar e dançar loucamente, mas se você se empolgar muito no warmup pode ser que acabe se queimando com quem lhe confiou esse papel. 

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