Sérvia x Brasil – o blend cultural do duo Duc in Altum

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Por em 20 de junho, 2022 - 20/06/2022

Algo que pode definir como as pessoas se comportam é o misto de “nature versus nurture”. Este conceito, utilizado desde o período medieval, em tradução livre é “natureza versus criação” e quer dizer que os seres humanos são moldados em parte pelos fatores genéticos, e em outra pelas vivências enquanto crescem.

Por isso se fala tanto em cultura e o quanto ela é importante na vida de um sujeito. A depender dos fatores de uma cultura, uma pessoa está condicionada a se comportar de determinado modo em várias esferas da vivência humana. Dentro da cultura há também um elemento que expressa a visão de mundo e que, para muitas pessoas, é uma das mais poderosas ferramentas da existência: a arte.

Dois artistas de países diferentes se conectaram há muitos anos e uniram-se além do match relacional; a dupla Duc in Altum, formada por Eric Frizzo Jonsson e Arjana Vrhovac Jonsson, segue um caminho sólido na dance music, reverberando nas pistas sonoridades de minimal e micro house que frequentemente também se ramificam para tech house, leftfield house, entre outros.

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Os dois se conheceram no Brasil, mas enquanto Eric é brasileiro, Arjana nasceu na Sérvia. Juntos tocaram tanto em lugares importantes no Brasil, como D-Edge e Surreal Park, como na Europa, como Sunwaves Festival (Romênia), Epizode festval (Albânia), Exit Festival (Sérvia), Half Club (Belgrado) e este ano irão se apresentar em novos lugares como LoveFest, também na Sérvia, Waveul Festival, em Montenegro, além de shows em Portugal, no Clube Ministerium, em Lisboa, e o famoso e Club Gare, em Porto, Portugal.

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Em 2020, fizeram um crossover interessante que brinca justamente com esta essência cultural diferente que existe em cada um. Inclusive, o EP “Pannonian Sumaré”, de 2020, lançado pela label Cabana Music, traduz musicalmente e de maneira conceitual, dentro de moldes minimal, um pouco de São Paulo e um pouco de Panônia – nome antigo dado à região do Império Romano e depois Austro Hungaro, onde hoje se encontra a Sérvia e onde existia um mar antigo chamado “Panonian sea”.

Pensando então no fator “criação” e nas vivências com a arte, decidimos falar com cada metade deste duo de maneira dinâmica, como um Q&A cultural em que entendemos em dez perguntas um pouco da Sérvia e um pouco do Brasil. Vamos lá? 

Um aspecto cultural querido de seu país-natal?

Arjana: Meu país, diferente do Brasil, é um lugar que no passado teve muitas guerras e conflitos. Praticamente, desde o século 13, sempre foi participando devido a seu posicionamento estratégico central, entre leste e oeste. Isso trouxe uma diversidade cultural e um ambiente multicultural em forma de um “blend cultural” que tem um pouco de elementos de muitas antigas civilizações que habitavam na região. É uma cultura velha com tradições do passado e letra oficial “cirilico”, que é bem diferente do Brasil. Ao mesmo tempo, hoje em dia é um país moderno, então o aspecto cultural mais marcante seria este encontro de cultura antiga + moderna.

Eri: O Brasil é um país culturalmente rico e que tem uma energia ímpar. Também, foi uma mistura de imigrantes que vieram de várias partes do mundo que deixaram seu imprint na cultura e religião. Certamente ninguém pode ficar indiferente quando se trata de mix de influências e antropofagia da cultura brasileira, que a torna tão especial.

Um aspecto cultural curioso/inusitado de cada país?

Arjana: Celebramos o Natal no dia 07 de janeiro!

Eric: Em Fevereiro tem Carnaval!

Arjana, uma comida e um drink da Sérvia que o Eric mais gosta? Eric, uma comida e um drink do Brasil que a Arjana mais gosta?

Arjana: As comidas preferidas dele da Sérvia são “Cevapi” i “Sarma “ i “Pasulj” e drink e Rakija de fruta “Dunja” 

Cevapi são parecidos com Kafta, Sarma é um rolinho de carne moída e arroz dentro da folha de repolho azedo, e “Pasulj” é um tipo de feijoada da Síria feita de feijão marrom.

Eric: As comidas preferidas dela são “Feijoada” , e Pão de Queijo e ela também adora Açaí. e Drink Caipirinha “of course” 🙂

Um artista que cresceu ouvindo? 

Arjana: Depeche Mode

Eric: Radiohead

Uma música eletrônica favorita de um artista conterrâneo?

Arjana: Mitar Subotic Suba – “Na Neblina”

Algo muito curioso é que ele é um artista de Novi Sad, minha cidade na Sérvia, e  ele viveu nos anos 90 justamente em São Paulo onde trabalhou com muitos artistas consagrados brasileiros. É um produtor musical ímpar que serve como maior inspiração minha até hoje e será assim para sempre. Ele morreu nos anos 90 em fogo no estúdio dele em Vila Madalena, ao salvar seus materiais e músicas.
A história dele é digna de um filme.

Eric: Sou libriano, então é difícil escolher somente uma, mas vamos dizer que me inspiram músicas do Xerxes (XRS land), Gui Boratto, Stanccione, Amon Tobin e também da dupla Metal Metal (V.Antonio + Andre Torquato).

Um artista favorito da Europa e da América do Sul?

Arjana: Ricardo Villalobos, Daft Punk

Eric: Argenis Brito, Sweely

Uma memória inesquecível vivida em seu país-natal?

Arjana: primeira vez que fui no Exit Festival na fortaleza de Petrovaradin e tive visão muito clara qual caminho e carreira eu quero seguir.

Eric: Adoro a Bahia e todos os momentos passados lá foram inesquecíveis.

Uma apresentação marcante na Sérvia e uma apresentação marcante no Brasil.

Arjana: Certamente Exit Fetival 2021, no palco No Sleep. Inesquecível e mágico.

Eric: Warm up set para o artista PRIKU, na Moving D-Edge, em 2019.

Algo que mais chamou a atenção, logo inicialmente, quando um chegou pela primeira vez no país do outro?

Arjan: Sorriso enorme nos rostos das pessoas, mesmo com as dificuldades da vida.

Eric: As pessoas tendo mais tempo de convívio com família e amigos, mais tempo para fazer o que as pessoas gostam, diferenças sociais menores. 

Um aspecto sobre a cena de dance music da Sérvia, e um aspecto sobre a cena de dance music do Brasil.

Arjana: Brasil – População muito grande, mas a porcentagem das pessoas que ativamente estudam e pesquisam música eletrônica é bem baixa comparando com outros estilos musicais.
Eric: Servia – População menor, mas porcentagem das pessoas ativamente interessadas em música eletrônica é bem alta, em comparação com outros estilos musicais.

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