Com uma variedade musical, TribalTech Gênesis elevou a temperatura de Curitiba

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Por em 23 de maio, 2022 - 23/05/2022

Era outubro de 2014 quando eu fui ao meu primeiro festival de música eletrônica, a TribalTech. Foi uma noite que até hoje traz as melhores lembranças para mim em uma pista, seja pelo live de Tone Of Arc, no stage do Club Vibe, o B2B de Nastia e Renato Ratier ou por toda a experiência que o festival proporcionou naquele dia. Para muitos outros festivaleiros a TribalTech de 2014, também, foi um marco em sua jornada clubber, assim como a edição de 2012. 

Passado estas edições, a TT, como é carinhosamente conhecida, contou outros capítulos da sua história em eventos realizados na antiga Usina 5. Para sua 22º edição, o festival preparou uma grande surpresa para o público: após 7 anos o festival voltaria a ser realizado na Fazenda Heimari – local que recebeu muitas edições do evento. Assim, no dia 14 de maio, a partir das 20H, a TribalTech dava início a sua edição com a temática Gênesis, que representava a criação, concepção e origem de toda sua história. 

As previsões do tempo indicavam uma noite de baixas temperaturas e de fato foi, mas com uma variedade de palcos e artistas a Fazenda Heimari se transformou no lugar mais quente e enérgico da cidade.

Chegamos no festival por volta das 21 horas e, por sorte, a entrada ainda estava tranquila. Logo após a entrada, era possível ver o primeiro ponto que as pessoas paravam para tirar fotos: o portal com o letreiro da TribalTech. Depois de tirar nossas fotos, começamos a caminhada para conhecer todo o espaço e a estrutura, que abrigaria nove palcos, mas na verdade só haviam 7, pois o Organic Beat e o Jazz Inahouse foram cancelados devido a imprevistos.

A Fazenda Heimari é um espaço imenso, mas a produção do festival pensou em deixar a área do evento mais compacta, posicionando os palcos uns próximos aos outros, o que facilitava a transição entre eles, exceto se você quisesse ir, por exemplo, do palco Freestyle para o Timetech, aí era se preparar para uma longa caminhada. 

Pelo fato de chegar cedo ao festival não tivemos problemas com filas grandes no caixa para os bares, só era bem desorganizado o fluxo de compra e retirada. Ainda, no decorrer do evento era possível ver uma grande fila, tanto no caixa, como nos bares. Os bares e caixas ficaram centralizados perto da pista principal e da Timetech.

Os palcos que ganharam uma maior atenção em sua estrutura foram o TribalTech Stage, Timetech, Supercol e 3DTTRIP. Os demais palcos tinham uma decoração mais simples, mas não deixavam de ser aconchegantes, além de contar com um potente sistema de som.

Algo que chamou atenção foi a grande quantidade de locais aconchegantes para dar aquele descanso – com o passar do tempo, o “nosso corpo velho com alma de jovem” vai dando mais valor a isso em um evento, e o festival proporcionou diferentes locais para recarregar as energias, de redes a bancos de pallet e até um balanço de frente para o lago.

Um festival da magnitude da TribalTech é normal que nem tudo ocorra 100% e para o público em geral alguns pontos foram negativos como banheiros unissex e com pouca higiene, excessos por parte dos seguranças, filas e preços altos nos bares, som baixo nas pistas principais, o que em alguns pontos da pista causava interferência de som dos outros palcos e a grande polêmica desta edição: a área vip, instalada em frente do palco principal e Timetech. O que acendeu mais o burburinho em torno da área vip, foi a crítica, ao meu ver sem maldade da Nastia, que detonou em sua apresentação e sentiu falta do seu front na pista.

Apesar destes pontos, eu percebo que a produção trabalhou fortemente para entregar uma experiência única para o público, a previsão do tempo não era para fortes chuvas, mas mesmo assim todos os palcos foram cobertos, isso mostra a preocupação com o conforto do público. O importante é que para edições futuras esses pontos negativos sejam corrigidos.

A TribalTech sempre foi palco de grandes artistas e para este ano não foi diferente. Desde o anúncio do line-up, o público criou uma grande expectativa em torno do lado musical do evento e os artistas escalados fizeram jus a como a TribalTech é conhecida: um festival multicultural. 

Com uma variedade de artistas fica impossível acompanhar todos e na sequência deixo os nossos destaques. O start musical começou no “inferninho” da Covil, o lema para esta pista foi pluralidade, o palco mostrou a arte expressiva da comunidade LGBTQIA+. Na Covil, acompanhamos a expoente do cenário curitibano: Luna Tik. Seu set foi marcado por sonoridades que transitavam entre o Techno, Electro e Breaks com peso e groove na medida. Outro destaque do palco foi Pedro Grego, fundador da Covil e peça-chave para o fortalecimento artístico e musical da comunidade LGBTQIA+ em Curitiba. Durante duas horas de apresentação, ele mostrou um bom repertório técnico, variando entre timbres mais enérgicos e obscuros.

O TribalTech Stage recebeu grandes nomes do Techno e Tech-House, no geral foi uma viagem por diversas experiências musicais e a energia das pessoas que estavam ali era contagiante. As luzes, lasers e o telão com belas projeções davam o toque especial ao palco. O destaque fica para o set de Loco Dice, o alemão-tunisiano trouxe um repertório que flutuava entre as vertentes do Techno e House, com algumas faixas conhecidas e outras ID’s, não deixando ninguém parado. Sua apresentação foi um lembrete do por que ele é um dos grandes nomes da cena mundial. Outro alemão que incendiou a pista e com certeza um dos favoritos do festival, foi o carismático Boris Brejcha, porém, acabamos não acompanhando o seu set, pois estávamos no TimeTech, mas ouvimos de amigos que foi um momento marcante para muitos ao som único do bruxo. Aliás, agora escrevendo, percebo que não acompanhei nenhuma sequência no SuperCool Stage e no palco da Trip To Deep, que arrependimento rsrs.

Um dos momentos de descanso durante o festival foi no lounge ao lado do palco Free Style, o descanso não durou muito, pois logo fui impactado com o som do palco que estava sob o comando do projeto Caju, formado por Agatha Prado e Caio Schmitz. O set do duo foi absurdamente bom e, para mim, um dos sets mais transcendentais do festival. Eles misturaram Boogie, Soul, brasilidades e faixas com samples conhecidos, mas que traziam uma originalidade única para sua apresentação. Estes foram os ingredientes perfeitos para uma experiência musical e tanto.

Uma das novidades deste ano foi a mudança sonora do Timetech, se em anos anteriores predominava o Minimal, este ano o palco foi levado a outro nível com medalhões do Techno. Começando por Enrico Sangiuliano, que trouxe em seu repertório faixas que não deixava ninguém parado. Em seguida, uma avalanche de techno pesado e sem massagem, seja durante o set de Perc, SNTS ou Regal, até chegar na grande sequência da noite: Nastia e Anetha. É difícil esconder o encanto ao ver Nastia tocando, como se estivesse curtindo o seu set mais que qualquer um. A ucraniana explodiu o Timetech com uma técnica magnífica e uma vasta pesquisa musical, que contou com uma faixa do brasileiro Kaio Barssalos. A missão de encerrar o palco ficou sob os cuidados da francesa Anetha. Dona de um perfil sonoro intenso, preciso e dinâmico, sua apresentação foi marcada por melodias hipnóticas, elementos acids e grooves forte – é válido destacar que ela também se aventura por uma pesquisa musical mais antiga, inclusive uma das faixas do seu setlist foi “Vivo Eric Sneo rmx” do curitibano Rogério Animal com seu projeto Los 3 Brasileiros, lançada em 2005. 

No geral, a programação musical proporcionou uma noite enérgica e com momentos marcantes para o público e entre acertos e erros, a TribalTech Gênesis elevou a temperatura da cidade. A dúvida que fica é quanto a próxima edição – vale lembrar, que antes da pandemia, a T2 variava entre edições da TribalTech e Some Festival. Aguardamos os próximos capítulos! 

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