Iniciando a carreira artística logo após a virada da década passada, Nickolas Rodrigues Lacerda Guimarães deu origem ao seu alterego Nik Ros. Primeiro, pelas vias da produção musical e tempos depois através da arte do djing. Nascido em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, uma terra que tem um forte apelo voltado ao sertanejo, o jovem artista se viu influenciado pelas músicas “diferentes” que sua mãe ouvia em sua infância e pré-adolescência.
“O contraste é muito engraçado: meu pai é um sertanejo raiz, estilo ‘Tião Carreiro e Pardinho’, já minha mãe é mais moderna. Lembro dela ouvindo Afrika Bambaataa, Tina Turner e Culture Club. O que me conquistou foi o timbre da música, as baterias, linhas de baixos, o som bem carregado, muito groove. Já na adolescência fui me aprofundando mais e conhecendo os artistas que tive como referência, todos com essa pegada de bateria e elementos bem marcante”, relembra Nik, artista que hoje contabiliza mais de 10 anos na carreira artística, com um extenso catálogo que totaliza algo em torno de 200 composições, além de ser label head da Cabana Music e Beginning Label.
Entre os suportes, alguns de seus maiores ídolos se fizeram presente, como Christian Smith, Loco Dice, Luciano, Jamie Jones, Bushwacka, Marco Carola, Ricardo Villalobos e Richie Hawtin, o que, indiscutivelmente, serve como um combustível e tanto no processo. Suas criações transitam entre o Deep, Minimal e Tech House e seus sets buscam perspectivas fluidas e desfechos inteligentes. Mesmo afastado por um pequeno período, Nik Ros retomou as atividades para viver um refresh na carreira.
“Minha trajetória inicia desde quando menino escutando as músicas da minha mãe até um momento bobo, mas de grande descoberta sonora para mim: passar domingos com meu primo, Paulo, gravando fitas K7, só aguardando as novidades no rádio… aquela qualidade fm dava um groove especial”, relembra, nostálgico. Nik afirma que após esse processo de descoberta da música, aprimorou a técnica e buscou melhorar as composições, começando no seu primeiro amor: house e tech house. “Hoje sigo uma linha mais reta, porém, sem perder o swing do meu primeiro amor que foi o tech house, isso tudo com uma levada progressiva, uma música que te prende e gera expectativa, é isso que eu gosto e tento fazer, tanto que em seu primeiro lançamento oficial, a faixa “Interlude”, pela Not For Us, em 2012, o Richie Hawtin a tocou no Space Ibiza e essa foi a comprovação de que ele estava no caminho certo.
Depois disso, ele esteve diversas vezes na lista da Beatport Top 100 Songs & DJ Tracks, no Tech House e Deep Tech, sendo destaque pelo Beatport com a “Be you”, “Competz” e “Mahaoo”. Em 2014, Nickolas ainda venceu um concurso de remix para a faixa “Origins” do artista chileno Luciano, dono da Cadenza Music, o que mostra sua ampla capacidade criativa e chancela de nomes muito importantes.
E será que a mãe de Nik ouve e gosta das produções atuais? Segundo ele: “Ela gosta de umas, outras não entende… Mas, o importante é que se está dançando, tá gostando, não é? E isso ela faz (risos)”, comenta brincando. Nik, que também passou por um período pandêmico conturbado, resolveu dar uma pausa tanto como artista como nos selos que comanda…
“Dois anos foram uma eternidade, vi muitos artistas estourando e eu praticamente sem tempo para me dedicar a música, foi acumulando angústias e até mágoas, de repente a música que sempre foi uma terapia para mim virou frustração. Quem me ajudou muito nos momentos de fossa foi o grande amigo Rods Novaes, parceiro de produções. O que me fez persistir foi parar um momento e olhar para trás, me reconectar com aquele artista lá do início, que amava a música. Isso me ajudou a não parar”.
Para 2022, ele adianta que está trabalhando em novos EPs com Rods e que não tem pressa para lançar nada, prefere fazer tudo com calma e carinho. O próximo trabalho deve sair pela Cabana Music. Fora isso, sente que chegou o momento de tocar um set que seja totalmente autoral e vem se preparando para isso. “Estou criando um Live 100% autoral, mesclando músicas do início da carreira e atuais, a ideia é um passeio entre os anos”.
Já nos selos, Nik também busca reconexão, voltando aos artistas das antigas que já lançaram por lá. “Estou trabalhando com muita calma, não quero mais ter muitos lançamentos por mês, apenas os que realmente gostar muito”, conclui.
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