GRVE entrevista: Nato Medrado

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Por em 8 de março, 2022 - 08/03/2022

A rádio nos tempos de escola para Nato Medrado já demonstravam sua inclinação para a dance music. DJ desde os seus 14 anos, atravessou a cena de São Paulo consistentemente e antes de levar suas primeiras produções para selos nacionais. Uma faixa que gerou apoio de Carl Cox, Ferry Corsten, Sasha e Mark Knight em 2010 o motivou a seguir aprimorando-se tecnicamente até o lançamento de seu selo Medrado Music, em atividade até hoje e promovendo talentos brasileiros e gringos.  

Depois, a partir de 2015 iniciou-se um período de catapulta para Nato, que ramificou sua participação no cenário nacional de maneira ainda mais evidente. Ao mesmo tempo em que apoiava lançamentos seus e de colegas na Medrado Music e criava sons por mais codinomes, propunha também, através de outro selo, Hipervision Records, sonoridades além das usuais de seu escopo criativo e conquistava não apenas posições de destaque no Beatport, mas os ouvidos de selos inconfundíveis como Armada Music.

Corta para agora, momento em que sua carreira passa, paralelamente, por renovação musical — seu lançamento recente via Sony Music é um exemplo disto — e por reafirmação de sua agitação criativa, traduzida pelo retorno do selo Hipervision através do seu novo lançamento, “Save Me”, cujas batidas intensas em meio a melodias sentimentais são audíveis logo abaixo. 

Conversamos com o Nato sobre seu projeto, sua carreira e o que pretende para o futuro. 

Oi, Nato! Tudo bem? Este período de crise do COVID-19 afetou bastante alguns caminhos, principalmente o dos artistas. Em uma perspectiva tanto de arte quanto carreira, como foram, para você, os últimos dois anos? 

Nato Medrado: Foram 2 anos de muita introspecção e análise sobre o que realmente a música significa pra mim, diante dos cenários incertos até pensei em largar a música e partir para qualquer outra área que me desse um respiro nesse tempo sufocante.

Depois de 2 longos anos cheguei a conclusão de que não existe o eu sem a música, sem a arte, estamos conectados por raízes tão profundas que o dia em que não estiver mais compondo (mesmo que seja por hobby) ou envolvido com música provavelmente não estarei mais fisicamente por aqui!

No aspecto musical, sobre as maneiras como vai apresentar suas produções neste período da sua vida, e levando em conta a assinatura sonora presente em “Save Me”, está definindo um ou mais caminhos conceituais? Quais seriam?

Nato Medrado: Sempre fui tocado profundamente pelas melodias e os sentimentos que elas trazem, meu conceito sobre foi fazer o que eu acredito e mesmo que tenha desviado em alguns momentos, a certeza sonora da minha identidade será sempre permeada por notas após notas criando melodias e movimentos, seja ela classificada como house, como techno, trance ou qualquer outro estilo que seja subjugado através de rótulos ou marcas. 

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Sua carreira é permeada por conquistas em diferentes esferas, agora que você está no seu décimo-sétimo ano como produtor musical. Quais foram os momentos mais definidores dessa jornada?

Nato Medrado: Produzir um álbum é sempre um momento especial (e vai aí um spoiler: meu segundo está vindo por aí), é um momento de pura expressão e com uma liberdade músical maior do que um single, poder contar uma história através de uma sequência de faixas será sempre o ápice para um artista. 

Outro ponto que posso destacar foi poder colaborar com músicos de fora da esfera eletrônica com o projeto Symphony of Journey que realizei com uma orquestra, além de enriquecedor musicalmente foi uma experiência de troca incrível, cada nota escrita em uma partitura de mais de 500 páginas (contando todos os instrumentos) foi pensada de uma forma única e especial.

Segundo sua experiência, como você vê o cenário brasileiro hoje do ponto de vista criativo?

Nato Medrado: Existem incontáveis artistas talentosos no Brasil, mas o que me choca é ver que muitos estão desperdiçando seu talento fazendo algo totalmente genérico ou sem originalidade. Em contraponto a isso cada dia surge os que realmente querem trabalhar essa ruptura e estão criando e lançando coisas diferentes e originais e é isso que moveu, move e sempre vai mover a cena: ORIGINALIDADE. 

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Dentro do seu planejamento, de que maneira a Hipervision promete ampliar suas possibilidades de carreira? 

Nato Medrado: A Hipervision foi concebida para ser uma label boutique com gifts, showcases, NFTs e muito mais, uma nova forma de pensar a música, algo mais elaborado e estruturado do que a Medrado Music por exemplo.

Qual será, daqui em diante, a diferença entre a atuação da Hipervision e da Medrado Music no cenário? 

Nato Medrado: A Medrado Music foi criada em 2012 para que eu lançasse artistas e músicas que eu realmente achasse interessante sem se preocupar com rótulos ou estilos, muitas delas atemporais, foi uma maneira que eu encontrei de presentear o mundo com as músicas que eu julgasse que fosse importante. 

Já a Hipervision será um ponto de contraponto à isso, será um label totalmente focado nas linhas mais melódicas do House, Progressive e Techno com uma estrutura conectada com a atualidade, que vai contar com um suporte mais abrangente, que vai além da música, quero criar um ecossistema completo com, loja online e showcase por exemplo, esses são planos para médio prazo, estou ansioso para tirar tudo do papel!

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Compartilhe conosco alguns obstáculos enfrentados em sua carreira, e que possa contar como aprendizados importantes.

Nato Medrado: Os obstáculos são inúmeros, porém mais importante do que listá-los aqui é saber que com estudo, dedicação, amor e trabalho, qualquer um pode passar por tudo isso! 

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