Por em 21 de março, 2022 - 21/03/2022

Desde a abertura, o Surreal Park tem se tornado um importante espaço para música eletrônica. O complexo artístico localizado em Camboriú, já recebeu nomes de extrema relevância para a música eletrônica como Sebastien Léger, WhoMadeWho, Carl Craig, Kevin Saunderson, Audiofly e DJ Marky.

Mas, além de trazer nomes conhecidos no cenário internacional, o objetivo do Surreal Park é valorizar a cena eletrônica nacional, inclusive sendo um espaço democrático para os artistas regionais. O evento deste sábado (26) é mais uma noite dessa junção plural quando recebe o croata Denis Horvart – integrante do seleto grupo de artistas da Afterlife – e o catarinense Danee –  um dos artistas mais prestigiados de Santa Catarina. Os ingressos para essa noite estão disponíveis aqui

Esse prestígio conquistado por Danee, foi arquitetado por ele durante sua carreira musical, que acumula 15 anos dedicados à música. Atrás dos decks, ele combina seu perfil sonoro, que são vertentes melódicas do House e Techno, para te levar em uma viagem hipnótica e eufórica, características da sua identidade musical e marca registrada em seus sets. Seja no warm up, closing set, ou como headline, Danee oferece momentos únicos para o público. Nessa sua jornada musical, o catarinense desenvolveu alguns projetos para fomentar a cena eletrônica como o núcleo 128bpm e a label SENZ, voltada para valorizar os artistas nacionais. Hoje Danee é residente da Detroitbr, Trip to Deep e Seas, além de acumular noites memoráveis no Warung Beach Club e por diversas pistas do Brasil e da Europa, como Tresor (Berlim) e Heaven Club (Londres).

Aproveitando esse momento que marca sua estreia no Surreal Park, Danee compartilhou conosco um pouco sobre sua trajetória, novidades da carreira e sobre sua estreia. Confira o papo:

GREVE: Olá Danee, tudo bem? É um prazer ter você aqui na Groove! Apesar de 15 anos de carreira, acredito que as estreias possam dar um frio na barriga. Como você está se sentido e o que está esperando para a sua estreia no Surreal Park neste sábado?

Danee: É um prazer falar com vocês e com quem nos lê. Esse sentimento de desafio é  o que me mantém ativo durante todo esse tempo. Fico muito feliz de olhar para trás, ver por onde já andei e estar vivenciando novos desafios. Resultado de um trabalho muito sólido realizado nesses mais de 15 anos de carreira.

O que vem pela frente neste sábado é algo muito grandioso, estreando no Surreal Park, um clube que veio para somar muito com a nossa cena e ao lado de um dos principais artistas da Afterlife, hoje. Eu quase não consigo dormir tamanha ansiedade e mal posso esperar para ver o palco Nomad vibrando.

Se manter ativo por tanto tempo não é tarefa fácil. Como foi para você passar pelas mudanças e fases da cena eletrônica nacional?  

Como para todos nós eu acho, foi de muito aprendizado se parar pra pensar que a 15 anos atrás as redes sociais ainda estavam sendo criadas. São detalhes que precisamos ficar atentos porque hoje tudo acontece muito rápido. Na música, no mercado, na vida. Então fico muito atento a tudo ao meu redor, leio muito, estudo muito, ouço muita coisa diferente além do som que eu toco, e é claro, ainda pego muita pista para ouvir os DJs que eu gosto e também prestigiar a nossa cena local em Balneário Camboriú, Itajaí e região. Tudo isso ajuda a me manter com muita vontade de continuar entregando o que eu amo fazer.

Quais foram os momentos mais marcantes nessa jornada? 

Tive o privilégio de ter um sonho realizado, já no início da minha carreira, de tocar na pista principal do Warung. São 14 anos de histórias e momentos muito marcantes nos palcos do clube, como o de abrir a pista para o showcase da Items & Things, com Magda, Marc Houle e Troy Pierce. Além é claro das 2 vezes com Hernan Cattaneo, algo que eu sempre sonhava desde a primeira vez que fui no Warung ver ele em 2005.

Outros dois momentos muito grandiosos foram as 2 apresentações que tive na Europa, no Heaven Club, um dos clubes mais icônicos de Londres e no Tresor de Berlim, uma lenda na cena techno mundial.

Que lembranças vem à sua mente de quanto você começou a discotecar? Existe algum nome, show, disco ou qualquer outra lembrança especial?

Eu lembro quando tinha 15 anos e meus pais me deixaram sair pela primeira vez, para uma festa numa casa noturna em Balneário Camboriú, na Mein Bier, tinha uma pista eletrônica e quando vi o DJ tocando foi algo muito instantâneo de que queria fazer aquilo também. Já amava música eletrônica, ouvia muita rádio e depois disso comecei a pesquisar mais ainda sobre esse universo. 

Depois que completei a maioridade, comecei a viajar e frequentar festivais, tive o prazer de assistir os shows do Chemical Brothers, The Prodigy e Plastikman. Até hoje faço questão de viajar para ver essas lendas, mais recentemente fui assistir o show do Depeche Mode em São Paulo.

Tudo isso reafirma cada vez mais a paixão que eu tenho pela música.

Como já mencionamos, o Surreal Park tem se tornado um importante espaço para os artistas regionais, o que para alguns superclubs pode ficar um pouco de lado. Como você vê a importância dos DJs locais para suas próprias cenas?

Uma cena só é forte onde a cena local é valorizada. Os superclubs não abrem todo final de semana e por isso não conseguem absorver tanto essa questão, então são os núcleos independentes e os DJs locais que mantêm a cena ativa, trazendo DJs de outros lugares e dando espaço para a formação de novos talentos.

Somos muito privilegiados aqui no litoral norte de Santa Catarina porque todos os clubes sempre adotaram essa política em relação à cena local, e quem ganha é o público, principalmente os clubbers que não precisam esperar uma grande atração vir para cidade, para poderem ouvir música eletrônica de alto nível.

Por conta disso, temos diversos coletivos, labels e produtoras fazendo um excelente trabalho. Hoje a nossa cena é uma das principais do país e todo mundo quer vir tocar aqui.

Você faz parte de 4 núcleos importantes para o desenvolvimento da cena em Santa Catarina. Como rolou essa conexão com os núcleos, e como isso tem fortalecido sua carreira?

Hoje tenho residência no Detroitbr (Itajaí), Seas (Balneário Camboriú), Trip To Deep (Floripa) e sou co-fundador do coletivo Festa Lapso.

Todos eles tem um papel muito importante não só para mim, mas para toda a cena do sul do país. Oportunizam o acesso de novos talentos sendo trampolim muitas vezes para impulsionar os que se dedicam de maneira séria pela música, também trazem artistas de outras cidades e estados, mostrando que não são apenas movimentos locais. Isso faz com que amplie meu network, conheça outros artistas sabendo como é a realidade em suas cidades.

Os convites para as residências foram acontecendo de maneira muito natural. Eu tocando na festa como convidado e na sequência há uma conexão e identificação muito forte um com o trabalho do outro. Eu presto muita atenção antes de aceitar um convite assim, porque também carrego essa marca comigo por onde eu vou.

Como DJ você é reconhecido por apresentações que mexem com o público, independente do horário que você toca. O que te inspira na construção dos seus sets, e o que você acha importante para essa facilidade em se adaptar a qualquer horário do evento?

Eu sempre quero fazer o meu melhor, independente do horário. Sempre estudo muito o line que eu estou, o horário que vou tocar, os DJs que tocam antes e depois de mim. 

A minha pesquisa também me ajuda nessas situações porque não sou um cara que tem som só pra um determinado momento, você precisa estar preparado para as oportunidades que aparecem, por isso meus warm ups sempre foram tão elogiados. 

Eu sempre fui um cara da pista, sempre saí muito, chego cedo pra ouvir os warm ups, gosto de acompanhar a evolução da noite e sou muito analítico, fico pensando se faria daquela maneira. Pra mim, um bom DJ se forma na pista.

Após um longo período como DJ, você vem recentemente focando na produção musical. O que podemos esperar do Danee como produtor, e como tem sido a construção do seu perfil sonoro dentro dos estúdios?  

Podem esperar a mesma energia e dedicação com que tenho na minha carreira como DJ. Estou muito focado e tenho estudado muito sobre questões técnicas, software, sound design, tenho feito aulas de música também. São várias frentes que estou correndo, para num futuro próximo, estar colocando músicas autorais em meus sets.

A minha identidade musical como produtor ainda tem sido construída, é um processo muito lento e estou tendo muita cautela nisso. Há algo sobre as pistas que me prende e me identifica como DJ, então estou a princípio seguindo esse norte, sons com energia e uma atmosfera hipnótica.  

Pelo o que eu vi você está finalizando o seu estúdio e esse foi um processo em que você passou por momentos de muita dúvida, como você compartilhou em seu Instagram. Como você passou por esse período? Alguma dica para outros artistas que possam estar na mesma situação? 

Verdade. Recentemente terminei uma reforma aqui em casa para montar meu estúdio. Já estou atuando como DJ a 15 anos e produzir música é uma coisa completamente diferente, eu teria que começar do zero absoluto. Isso tomou minha cabeça durante alguns bons anos, uma dúvida se deveria mesmo começar esse processo. Tive um quadro de depressão inclusive por não acreditar que eu fosse capaz. Quando terminei o tratamento foi quando deu a pandemia, casou muito certo com o tempo que eu precisava pra colocar isso em prática e fui atrás para fazer isso acontecer.

Como eu disse no post do instagram, hoje restam apenas certezas. Não duvide do seu sonho e faça acontecer.

Há algum lançamento planejado para 2022 que você possa nos contar um pouco?

O momento ainda é de muito estudo e prática, é algo muito recente. Minha régua como DJ é muito alta, estou aprendendo a dissociar as duas coisas. Ouço músicas muito fodas e sei que há um longo caminho para que eu consiga fazer algo minimamente aceitável que encaixe dentro do meu set. Mas quem sabe… estamos correndo atrás.

Como sua apresentação no Surreal Park está chegando, não podemos deixar de fazer um bate-bola para o público ter um spoiler do que pode rolar em sua estreia. E por isso queremos saber mais do seu case.

Uma música para começar um set:

Uma música-coringa, que sempre funciona em qualquer pista, para qualquer público:

Um clássico de um ídolo:

Uma faixa nova em seu case, que vai surpreender o público:

Uma música de transição, que muda os rumos de um set e abre novas possibilidades:

Uma música perfeita para encerramento:

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