Não é novidade para ninguém que a reclusão social gerou efeitos que reverberam até o presente e provável futuro. As mais diversas camadas e funções sociais foram atingidas, gerando novos produtos (e até soluções) para um momento que pedia — e ainda pede — tato para ser contornada.
A arte e a música ganharam ainda mais importância, conotando tom de escape diante de todo o cenário vivenciado. Na esfera da produção musical de música eletrônica, seja para produtores musicais ou seus consumidores, as necessidades mudaram gerando demandas sonoras contemporâneas. Como consequência e reflexo, mudam-se também os processos criativos.
E é justamente nesse contexto que YOLA adentrou em estúdio para criar suas novas composições. O músico, produtor musical e engenheiro de som apostou em texturas sonoras distintas para suas próximas entregas musicais e ele antecipou um pouco de cada uma delas abaixo para nós:
Touch Me
Essa música era uma ideia que já tinha antes da pandemia. Ela estava um pouco esquecida, mas sempre tinha ela na cabeça porque curti muito as primeiras ideias que saíram. Tinha um beat e uma harmonia que estavam redondos, a parte melódica e o vocal… fui trabalhando depois de uns meses sem ouvir as primeiras ideias e então finalizei.
Hema Hema
Foi a última que saiu. Eu queria algo com o beat mais quebrado, comecei trabalhando na bateria e depois disso na harmonia, queria que ela trouxesse um ar sentimental… nesse som o arp que faz a melodia foi o último elemento, deu um pouquinho de trabalho até chegar onde eu queria, algo que parecesse uma repetição, mas que em certos momentos essa repetição mudasse o ponto de partida, pra não ficar um loop perfeito. Por último, trampei muito nas camadas de voz, efeitos, adlibs e outros que compõem toda a atmosfera que fica fazendo a cama e as transições entre as partes.
Om Om Om
Essa acho que foi a música que terminei em menos tempo na vida. A linha de baixo eu gravei em um take e deixei exatamente o take gravado sem mexer em nada. Lembro de terminar isso e pegar o violão, gravei esse violão usando o gravador do celular mesmo – é um violão de 1970, um Di Giorgio que era do meu avô. Gravei uma jam tocando em cima da linha de baixo e também deixei o primeiro e único take inteiro na música, não editei nada, só processei… se você ouvir com atenção depois, vai ouvir alguns erros, mas a ideia era deixar o mais natural possível. Depois disso trabalhei nos efeitos e vocais, queria sair um pouco do que vinha fazendo, por isso um beat mais downtempo e uma música mais contemplativa. Não tentei em nenhum momento mudar o rumo do que estava saindo”.
O resultado…
“Touch Me”, “Hema Hema” e “Om Om Om” irão destacar o desempenho musical e dinamismo de YOLA ao transitar por campos tão contrastantes sem gerar distanciamento da identidade musical já estabelecida. Afinal, segundo ele, tudo o que produz é um reflexo do seu momento e de resquícios de coisas que viveu no passado.
“Hoje em dia venho tentando não ficar horas na mesma música, fazer paradas maiores para descansar o ouvido, ouvir outras músicas… assim consigo manter as primeiras ideias sem me desviar muito do que já gostei desde o início. Acho muito legal quando falam dessa identidade que meu som tem, alguns amigos falam isso mesmo as músicas sendo diferentes, umas mais pista, outras mais breaks, lentas… acabam tendo uma identidade familiar. Pra mim é algo bem natural e é bem legal ver que a galera sente isso”, comenta.
O lançamento das faixas está previsto para os meses de fevereiro e março, portanto prepare-se para um contato mais profundo com uma síntese extremamente afável de YOLA. Mas se você é do time dos apegados à abordagem de pista, pode expectar porque também vem coisa boa por aí.
“Estou trabalhando em umas 9 músicas novas, algumas já estão mais adiantadas, várias são mais pista. Queria muito ver as pessoas dançando elas por aí 🙂 Ainda não tenho data de lançamento, mas estou em contato com labels e acho que em breve tenho algo pra mostrar. Vai rolar muita música nova e to bem ansioso pra mostrar tudo o quanto antes”, conclui YOLA.