Por em 12 de janeiro, 2022 - 12/01/2022

Goyanu é um produtor musical, mas também dono do seu próprio live act, uma rica mistura de instrumentos com ambiências orgânicas. Ele cria sonoridades místicas, leves, viajantes e enigmáticas. 

Com mais de uma década na produção e quinze na discotecagem, o artista deu um salto quântico em 2018 quando lançou seu primeiro álbum, Origens, na Alemanha, onde reside há mais de 12 anos. Assinado pela label brasileira Tropical Twista Records, viu sua música reverberar nos quatro cantos do mundo, o que trouxe a ele a possibilidade de tocar em muitos outros países, como Inglaterra, Portugal, Espanha, Alemanha, Indonésia e, agora, ele vem ao Brasil. 

Antes que esqueçamos, ele também é conhecido como Moonlight Burns, com uma faceta voltada ao Psy Trance.

Fazendo reverência a uma comunidade indígena no coração do Brasil, Goyanu incorpora ritmos étnicos mesclados com a modernidade da produção digital. Tudo feito com amor, computador, dedicação, flautas, violão, paixão, microfones, saxofone, cabos, sintetizadores, percussão, positividade, vocais, ideias e inspiração.

Conversamos com ele para saber mais sobre sua jornada com a música em Berlim, sua atual residência e os planos futuros. Vem ver!

Olá Goyanu, tudo bem? Obrigada por esta entrevista. Vamos do começo, você curte bastante o movimento New Wave e viveu grandes projetos em fases iniciais, como o Universo Paralello. Mas, como foi seu encontro com a música de fato?

Olá, primeiramente obrigado pelo convite. É um prazer poder dividir com vocês um pouco dessa jornada. Bem, a música sempre fez parte da minha vida, sendo desde criança ouvindo a coleção de discos do meu pai, fazendo parte de uma banda de adolescente, rs. Classico, né. E também participando de festivais e festas de música eletrônica desde o final dos anos 90. A partir daí me interessei por discotecagem e comecei a produzir meus próprios sons.

E qual foi o ponto de virada que fez você perceber que gostaria de trabalhar com isso? O que você buscou para se aprimorar e chegar até onde está hoje?

Antes de começar a produzir, eu sempre estive no dance floor analisando e buscando entender a mensagem que os artistas estão passando através das gigs. Na maioria das vezes, eu busco encontrar o conceito por trás de tudo. A partir disso comecei a ver a possibilidade de adicionar instrumentos nas apresentações que observava, pensando ‘aqui nesse drop caberia um solo de flauta ou uma percussão ao vivo…’, então comecei a criar esse conceito de live com instrumentos mesclados à música eletrônica. 

Eu sempre busco me aprimorar diariamente, seja praticando os instrumentos ou investindo em equipamentos que são pertinentes às produções. Sou apaixonado por synths analógicos mesclados com os sons orgânicos que crio. 

Vale a pena também mencionar o meu local de trabalho. Com o último upgrade do meu estúdio aqui em Berlim, sempre almejo evoluir e trazer algo novo no processo criativo. É essencial ter um estúdio acusticamente bem tratado. Isso reflete diretamente na qualidade dos resultados.

Você tem quinze anos como DJ e também outro projeto, voltado ao Psy, são duas personas bem distintas, mas complementares, como você faz para administrar as diferenças e nutri-las de forma equalizada?

É muito comum essa migração da discotecagem para produções próprias. É um caminho quase natural. O Moonlight Burns surgiu em 2011 com a mesma ideia de tocar instrumentos ao vivo juntamente com a pegada do Psy Trance. Isso já se via com o S.U.N. Project da Alemanha, ou Shpongle, da Inglaterra. O conceito do Goyanu é bem similar ao da comunidade Psy Trance, isso facilita muito tanto no processo de produção, quanto na conciliação dos shows. Em alguns festivais aqui na Alemanha, já apresentei Moonlight Burns em um Stage e Goyanu em outro, no mesmo festival.

Seu primeiro álbum como Goyano, o Origens, trouxe frutos prósperos para sua carreira, mas você já possui uma relação com o mercado fonográfico internacional, certo? Como é para você furar essa bolha e conseguir levar sua música a outros locais?

Extamente. Antes de lançar o álbum Origens, eu já havia lançado um EP contendo 3 tracks originais através da label Cosmic Awakenings, de Miami. Também tenho releases com a Shango Records da Grécia e Kósa Records da Índia. O fato de ter residido entre Inglaterra e Alemanha por mais de 12 anos impulsionou essa exposição internacional. Considerando que já me apresentei em festivais onde pessoas de todas partes do mundo se encontram no dance floor. 

Com base em tudo isso que tem nos acontecido aqui na Terra, você percebe que a música, nessa abordagem mais etérea, magistral e relaxante ganhou mais força? Estamos buscando por experiências mais mentais e contemplativas?

Eu acredito na evolução do ser humano. Apesar de termos um caminho longo pela frente, é perceptível que as pessoas estão buscando cada vez mais se conectar com elas mesmas, muitas vezes através da espiritualidade e da meditação. A música em si é parte fundamental nesse processo. Os efeitos positivos que a música causa no nosso corpo estão diretamente relacionados a essa busca. Cada vez que procuramos entender melhor a nós mesmos, tendemos a experimentar ou vivenciar algo novo. Independentemente do BPM de uma track, ela pode sim causar efeitos mágicos, sentimentos intangíveis ou relaxantes.

E por curiosidade: qual foi o festival que você tocou que sentiu maior conexão e harmonia até hoje e por que?

Tive experiências incríveis no Fusion, na Alemanha, e também no Universo Paralello. Mas é geralmente nos festivais locais, com capacidade entre 5 a 10 mil pessoas que essa troca acontece, pois existe sim uma interação mais intensa com o público. Geralmente depois do show, eu vou para o dance floor aproveitar e as pessoas chegam até mim para agradecer pela música e elogiar o trabalho. Isso é muito gratificante, um sentimento único, uma real conexão e harmonia. 

Você em breve retornará ao Brasil, certo? Como estão os planos futuros, algo que você possa nos antecipar?

Sim, vou estar no Brasil entre fim de Janeiro até depois do Carnaval. Primeiramente, alguns dias para descansar, rever a família e amigos e deixar fluir a inspiração que o Brasil me dá. Estamos planejando alguns shows nesse período que estarei em Terras Brasilis entre Chapada dos Veadeiros e Balneário Camboriú (TBC). Já dei início ao esboço do meu segundo álbum que deve ser lançado no final de 2022, ele tá com ideias bem dançantes, mantendo a essência para sacudir o público mundo afora.

E para fecharmos, qual mensagem você quer transpassar através de suas próprias criações? Obrigada!

Através das minhas criações pretendo sempre transmitir aquele sentimento de positividade, que as pessoas ao ouvirem minhas músicas sintam o coração se encher de alegria e consequentemente sacudir o esqueleto 🙂

Obrigado mais uma vez pelo convite. Espero em breve estarmos juntos novamente com mais novidades. 

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