GRVE entrevista: Natalia Zaneti

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Por em 2 de dezembro, 2021 - 02/12/2021

Natalia Zaneti já conduzia pistas com primordia desde 2014. Assim conquistou alguns marcos como as passagens pelo Clash Club, The Sailor e o mérito de um set de cinco horas pelo SuperAfter (no D-Edge). Agora, a produtora aplica toda a carga musical que a acompanha desde a infância, assinando o oitavo compilado da Real Supernova contendo as faixas “Nótt” e “Dagur”.

A produtora entrega duas composições que despertam a atenção dos amantes do Techno melódico. Em um primeiro lançamento de altíssimo nível, as faixas criam ambiências complementares através de um ligeiro contraste entre velocidades que se refletem em um compilado harmonioso e intenso.

Essa tangível estreia musical de Natalia começa na pandemia, mas tem início há muito tempo. Conversamos com a produtora para entender o que forma um caráter musical tão expressivo. Se liga só:

GRVE – Olá Natalia, tudo bem? Acho válido você começar contando como foi o seu despertar pra música, que rolou faz tempo não é?

Natália Zaneti: Olá!! Tudo ótimo e espero que todos estejam bem! Simmm…. o despertar para a música rolou ainda pequena, com 6 anos minha mãe já tinha me colocado nas aulas de piano. Na minha família, a música sempre foi presente… minha mãe toca piano muito bem e tenho tios multi-instrumentistas também, então a música sempre fez parte da minha vida.

GRVE – E o seu início na discotecagem até esse comentado set de cinco horas no SuperAfter? Como foi o processo?

Foi um processo, de muito aprendizado, que durou cerca de 3 anos. No começo, minha ideia não era discotecar, mas produzir, então não sabia nem procurar as músicas. Os cursos foram me ajudando a entender esse mundo, as pesquisas e as oportunidades que tive de conhecer algumas influências que tenho hoje foram fazendo com que eu me apaixonasse… depois que me apaixonei, me dediquei ao máximo e as pessoas começaram a gostar do meu trabalho e, com o tempo, as portas foram se abrindo. Também tive a sorte de conhecer algumas pessoas que foram determinantes nesse processo, me guiaram, incentivaram, indicaram, abriram portas… sem isso, não estaria aqui hoje. 

GRVE – A experiência em pistas com absoluta certeza influenciou você nas produções, mas e o saber tocar instrumentos? Como isso te influi no estúdio?

Saber tocar instrumentos acaba me influenciando muito nas produções, principalmente na criação das melodias, na combinação dos elementos, no ritmo que quero dar à música. Além disso, acabo me inspirando em muitas das músicas que eu toco que sinto que poderia se encaixar no techno e crio a melodia baseada em algumas partes das músicas.

GRVE – Você também é fã de trilhas sonoras né? Conta pra gente como isso se desenvolveu e quais as suas preferidas!

Essa paixão por trilha sonora começou, acho que como para a maioria, com Matrix que introduziu uma nova relação da trilha com o filme, na minha opinião. Depois disso, não tinha como não prestar atenção nas trilhas. me lembro que o próximo filme que me prendeu por causa da trilha foi Pearl Harbor, que fiz uma gambiarra e instalei as caixas de som do toca CD na TV de casa para assistir o filme hahaha. São várias trilhas incríveis, algumas das minhas preferidas são Rei Arthur: A Lenda da Espada, de 2017, trilha é do Daniel Pemberton, Game of thrones, décima temporada, trilha do Ramin Djawadi, entre outras. Tenho uma playlist no Spotify com muitas músicas de trilha, para quem tiver curiosidade e/ou interesse. 🙂 

GRVE – Você morou na China e na Alemanha, conta pra gente por quanto tempo e como foram essas experiências. Elas te marcaram musicalmente?

Morei por 1 ano na China em 2011, logo depois de fazer meu primeiro curso de produção. Ainda estava meio perdida nesse meio, tentando entender o que eu mesma queria com a música, então as influências que eu tive e absorvi nesse período foram muito mais relacionadas aos diferentes instrumentos e timbres das músicas asiáticas.

Já Berlim me ajudou a definir meu estilo. Comecei a viajar a trabalho para lá em Janeiro de 2015, logo depois de fazer meus cursos de discotecagem. A primeira balada que fui lá nessa viagem foi Watergate e a segunda foi Berghain (não tinha a menor ideia do que era), confesso que até me emocionei, porque nunca tinha escutado o estilo até aquele momento e não sabia qual era… graças ao Shazam (hahaha) fui descobrindo as músicas, os produtores e minhas referências mudaram totalmente. Me mudei para lá em 2018 e fiquei até final de 2019.

GRVE – Como foi a sua condução para a produção musical? 

No meu caso, a produção veio antes da discotecagem, porque minha ideia inicial era produzir trilha sonora. Eu gostava de balada e música eletrônica, mas nunca tinha pensado em tocar antes. Em 2010 eu estava há 1 ano em São Paulo, trabalhando muito e não queria fazer uma nova faculdade para aprender a produzir, então procurei uma escola de DJs (na época foi a DubMusic e tive aulas com o Rodrigo Leal e ReDupre), mas eu não tinha a menor ideia do que fazer, porque não conhecia a estrutura de uma música eletrônica. Depois que voltei da China e consegui me organizar para voltar com esse projeto, entendi que precisava aprender a discotecar antes de fazer novos cursos de produção e procurei a DJBan, onde fiz vários cursos com o Rene Castanho, de onde saíram vários projetos inacabados. Mas, foi pelo apoio do Ortus (BR) que esse EP saiu, foi quem me ajudou a organizar as minhas ideias de uma maneira que eu me sentisse segura o suficiente para finalizar o projeto e lançar.

GRVE – Então conta um pouco sobre o contato com a gravadora e como esse lançamento se desenrolou…

Esse lançamento só foi possível devido ao suporte da agência que faço parte, a UAM Manager, que fez a intermediação com a gravadora. Quando comecei o projeto, o Mau já me colocou em contato com o Ortus (BR) e a gravadora gostou do projeto. Inclusive, essa parceria já deu outros frutos, um novo projeto que ainda não posso falar muito, mas que estou muito feliz e animada de fazer parte!

GRVE – Cercada por tantas influências e uma vivência pontual, hoje, o que forma a persona musical da Natalia?

Hoje me sinto em um momento de transição da Natalia antes da pandemia e depois, tanto musicalmente, quanto pessoalmente. Mudei muitas das minhas referências, minha postura está mais madura frente à pista e, cada dia mais, cresce a vontade de colocar o live performance em prática. Misturar estilos de acordo com a pista e lugar tem sido meio desafio para testar essas novas influências. Minha persona se caracteriza principalmente por focar em trazer novidades para o público, eu adoro quando alguém vem me dizer que nunca tinha escutado o som e que curtiu. 🙂

GRVE – Por fim, mas não menos importante: já temos lançamentos futuros? Obrigada pelo papo Natalia! 

Como este primeiro lançamento está tendo um feedback incrível, deu uma motivação maior para as produções. Meu plano é Março/Abril do ano que vem já ter um próximo EP lançado!

Eu que agradeço pela oportunidade de mostrar meu trabalho!

Natalia Zaneti está no Instagram e no Soundcloud.

por Isabela Junqueira

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