Como Leo Janeiro encarou os desafios da pandemia buscando novos desafios?

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Por em 25 de outubro, 2021 - 25/10/2021

Um dos maiores desafios que atravessamos nos últimos tempos foi se reinventar perante as adversidades. Não é exagero. Desde março/2020 que nossa história mudou completamente de lugar. Em algum nível, as coisas mudaram para você também. Mas será que a reflexão é somente sobre o que foi ruim? A resposta é não. Há quem diga que tudo isso que passamos foi um grande convite para repensar nossas atitudes em todos os campos.

Pensando justamente nesse contraste vivido, convidamos um veterano da Dance Music e um dos artistas mais influentes dentro do cenário nacional para nos contar como foram as etapas desse processo e as lições tiradas: Leo Janeiro. Famoso por sua buena onda carioca, o consagrado artista nos contou em detalhes como foi todo o processo para se reinventar, seu renascimento por conta de um problema de saúde mais sério e as importantes lições tiradas. 

Um papo bem humano e uma baita reflexão para esse novo capítulo que se aproxima, reforçando justamente a ideia de que tudo isso foi um convite à reinvenção e reflexão. Mas sem spoilers, vem ler!

GRVE – Oi Leo, tudo bem? Obrigada pelo papo, sei que será ótimo. Bom, a gente já conhece bastante da sua trajetória profissional, que é bem inspiradora, mas agora queremos fazer um refresh, porque tudo mudou desde março/2020. Vamos recapitular, como estava sua carreira naquele momento e como foi a virada de chave quando a pandemia de fato chegou?

Leo Janeiro – Eu que agradeço! Sempre bom estar por aqui. Bem, pouco antes da pandemia eu estava fazendo gigs e trabalhando em alguns projetos relacionados ao Cocada Music, meu label. Estávamos com um tour fechado, com umas 15 datas por todo Brasil, além disso, tínhamos todo o calendário de lançamentos e outras perspectivas bacanas. Era um momento de muito trabalho. Quando a pandemia chegou, eu sinceramente não tinha noção do tamanho do que estava acontecendo, foi um momento muito difícil. Além da parte mental que estava péssima por conta das notícias muito ruins, havia a questão financeira, foi assustador o processo de entender como sobreviver a tudo isso.

Depois de quanto tempo você percebeu: “é, deu ruim, tenho que me reinventar”? Você sempre foi um cara pro-ativo na profissão, né? Em algum momento rolou dúvidas ou hesitou de alguma forma antes de começar a agilizar ?

Acho que, depois de ler bastante e entender um pouco mais sobre o que estava acontecendo, percebi que não seria rápida qualquer retomada, o efeito era muito maior e precisava me movimentar em alguma direção o quanto antes. Como eu trabalhei com música minha vida toda, sabia que haviam possibilidades, porém, onde? Um dia, conversando com o Roland Leesker, ele me falou de uma ideia que poderíamos desenvolver juntos aqui no Brasil e aí surgiu com a Get Digital (que oferece serviço de distribuição digital e gestão de labels com foco em música eletrônica).

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E aliás, o que você reinventou e inventou nesse período?

Olha, eu criei foi muita coisa, viu! rs. Teve live sets, lives com bate papos, transmissões semanais virtuais, masterclass, estúdio, podcasts, eu perdi a conta! Mas o legal foi ter conseguido ressignificar meu tempo e me permitir mergulhar na escuta, conhecer novos artistas e suas histórias e me envolver mais com a música. Dentro do business, precisei correr atrás e entender como o mercado estava reagindo, me conectar às pessoas certas para tratar determinados assuntos e construir parcerias diferentes das que eu estava acostumado. 

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Algum case de sucesso que te surpreendeu?

Ah, o Cocada Music! Eu realmente não imaginava que conseguiríamos amadurecer tanto e solidificar nosso propósito tão rápido, mas aconteceu 🙂 e estou muito feliz pelo caminho e por alcançar o que já alcançamos. Acho que conseguimos redescobrir algo que sempre fez parte da nossa cultura mas que talvez não fosse tão explorado. Ter um  label é um desafio gigante, mas passo a passo, vamos fazer o nosso melhor. Eu, sinceramente, adoro dizer “não sei fazer isso mas vou procurar saber como é possível fazer”, foi assim maior parte do tempo

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Quais foram os aprendizados? Tanto na vida pessoal, quanto profissional?

Durante esse período, posso dizer que vivi um renascimento enfrentando um problema de saúde que me fez passar a observar a vida de uma maneira diferente. Descobri um nódulo cancerígeno na tireoide, que foi detectado e retirado. O processo foi tranquilo e muito assustador ao mesmo tempo, mas o importante é que saí desse momento muito mais forte que antes. A parte profissional renasceu com um movimento mais sereno, menos cobrança e mais do que me faz feliz, sabe? Sinto que minhas vivências aconteceram na hora certa e foram também oportunidades para mudar algumas opiniões e rotinas. 

O que você mudou nesse período em relação à profissão que você levará para a vida?

Ah, tô mais “easy going”, deixar as coisas acontecerem no seu tempo e, antes de mais nada, seguir acreditando e trabalhando naquilo que amo.

E a saúde mental? A gente percebe que nas redes sociais você sempre foi esse cara good vibes, mas na pandemia teve mais força nisso. Como foi esse processo interno?

Na real eu tive momentos ruins, porém, sempre busquei me colocar à disposição para trocar ideias e ajudar os amigos como estivesse ao meu alcance. Foi um trabalho mental entender como me manter positivo, o exercício de ser grato todo dia realmente foi muito importante, assim como a “presença” de alguns amigos que me fortaleceram para que eu pudesse emanar energia positiva nas redes, afinal, acho que não havia nada mais importante do que esse movimento coletivo de todo mundo segurando a barra junto.

Como está a situação no RJ em relação aos eventos neste momento? 

Agora melhor, grande parte da cidade está vacinada e estamos começando a assistir uma retomada ~parecida~ com o que consideramos normal, dentro, é claro, dos novos protocolos. Sinto que existe uma preocupação por grande parte das pessoas do nosso meio em termos uma volta segura. Tô confiante nisso!

E você na profissão? Já tem feito algumas gigs? Alguma impressão do que pode ser esse “novo mundo” para as pistas de dança? Na sua opinião, como você acha que o mercado vai se comportar?

Sim, tá rolando um movimento bacana, algumas datas pintando e aos poucos vamos voltando. Sinceramente, é um momento muito feliz, quero curtir ao máximo os momentos e os amigos que venho reencontrando, sem pressa por uma agenda intensa, tô na fase do menos é mais.

O que você acha que nós, profissionais do ramo de forma geral, devemos levar daqui pra frente como ensinamento e melhoria ou até mesmo evolução?

Acho que deu pra perceber que o mundo é inconstante, vão sempre haver mudanças. De alguma maneira temos de estar preparados e nos questionar a todo momento como podemos melhorar como sociedade e qual nosso papel nesse contexto.

Obrigada!

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