Tribaltech Genesis o retorno à origem do festival em um novo mundo

Por em 30 de setembro, 2021 - 30/09/2021

O assunto em alta hoje é o retorno das grandes festas e festivais, quando penso em retorno logo vem à mente a palavra recomeço e ninguém entende mais desse tema do que o festival Tribaltech. O famoso festival paranaense já enfrentou décadas de recomeço, rejeições, críticas, dogmas, mas sempre esteve à frente do seu tempo, dentro de jornadas épicas que marcaram a história de muitos raves e clubbers desse Brasil, assim como a minha história.

O ano era 2017, eu apaixonada pelo festival que sou, me candidatei a ajudar na organização do evento. Meu primeiro dia no escritório da T2 foi basicamente apavorante. Fui recepcionada pelo Jeje – organizador do festival que me direcionou para mesa do Mohamad Hajar Neto, na época produtor do evento responsável pela promoção nas redes sociais e anúncios de artistas. E foi exatamente nessa área que ele me direcionou a trabalhar. Como eu sou jornalista, fiquei encarregada em escrever os textos de anúncio das redes sociais, sob a supervisão do Mohamad, é claro. Foi aí que tudo mudou. Eu fiquei em curto, e meu tempo dentro desse mundo de produção foi até o anúncio do primeiro artista, porque percebi que era melhor na pista do que atrás dele, naquele momento, apesar de estar auxiliando em um festival que eu amava, falando de algo que eu amava, vi que a responsabilidade era demais, a pressão era gigante.  Estou contando isso por quê? 

Estar atrás de um grande festival é algo extremamente cansativo, uma pressão enorme. A cobrança do público é sempre gigante, não importa o que seja apresentado em questão de novidade artística e inovadora. Agora com a volta pós pandemia o público está sedento por um festival e creio que faz parte de uma nova etiqueta social de frequentadores de  eventos olhar com novos olhos para a organização. Como isso é produzido? Quanto tempo isso leva? Será que esse artista é viável no momento? Quanto esse festival já agregou para cena e o quanto eu posso entender da história dele antes de criticar valores e estrutura?

O retorno triunfal da TribalTech, após 1 ano de hiato, estava marcado para setembro de 2020, mas foi interrompido pela covid-19. Nesta semana fomos agraciados com a mensagem pelas redes sociais da nova data marcada para 2022, como o tema Genesis – esse tema não poderia representar melhor esse retorno, que significa a criação do mundo, ou seja, TriblaTech vem aí com um novo mundo de possibilidades, imersão criativa e principalmente uma nova história que começa a ser contada.

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A TribalTech sendo um dos maiores pilares da música eletrônica do país foi e ainda é um grande educador para toda a cena, trazendo novas possibilidades que mesmo sendo recebidas com aversão inicialmente, foram uma evolução na educação musical, sempre trazendo uma nova roupagem e misturas de gênero dentro de único festiva, gerando um respeito gigante para todo o público.

A sonoridade do festival sempre representou bem o que seu nome diz, TribalTech, a união de todas as tribos. Inicialmente tendo o Trance como o gênero principal, o festival foi um dos abraçar novos estilos, novas sonoridades, misturar culturas e vertentes. Lançando dentro do próprio festival a TimeTech, palco destinado às vertentes alternativas, que ganhou forma anos mais tarde se tornando uma das grandes festas da marca.

Com isso, a TribalTech ganhou status de festival multicultural, trazendo além de outras vertentes, bandas e artistas de outras sonoridades culturais, artistas como: Nação Zumbi, Planet Hemp, Mano Brown e outros já subiram ao palco da TT, assim como artistas de grande renome da música eletrônica: Carl Craig, Mathew Jonson, DOP, Roman Flügel, Rødhad, Kevin Saunderson, Anthony Rother, Radio Slave, octave one, que tocaram ao lado de expoente locais. Somente um festival como o nome TribalTech poderia proporcionar.

Com tudo que já vimos musicalmente dentro do festival, em 2022 com certeza não veremos menos que isso. Não precisamos nem especular para saber o que nos espera é uma mistura de sons e culturas.

A imersão visual, arte e projeções sempre foi um diferencial da TribalTech, estruturas enormes como no tema The end 2012 ou Reborn de 2014, foram conceitos que marcaram a história e mente dos frequentadores do festival. Em 2022, nossa maior curiosidade é para essas criações da organização, será que os palcos como Organic Beat, VuuV, TimeTech e SuperCool estarão de volta? Qual será suas novas roupagens? Qual a surpresa que o tema Genesis reserva para esses ravers tão aflitos por arte?

Um dos maiores tópicos em volta do festival é o local. O festival inicialmente realizado na fazenda Heimari, mudou sua roupagem para um festival urbano em 2017, mostrando sua versatilidade para novidades, o local escolhido foi a Usina 5 – que abrigava diversos galpões e espaços que foram tomados por sete palcos e intervenções artísticas. A escolha sofreu críticas por parte do público que não entendia a mudança, mas o tempo fez com que o local se tornasse um centro cultural da música e essa novamente foi mais uma ideia trazida pelo festival para toda cena. Agora com o anúncio vemos que o festival voltará ao campo, sua origem, que nos traz uma expectativa para o que vem por traz da mente da organização, já que essa novidade se liga muito ao tema Genesis. O que eu sei e posso adiantar aqui é que será próximo a Curitiba  e de muito fácil acesso.

Agora podemos começar a contagem regressiva, para o festival que com certeza vai surpreender de alguma forma esses fãs que aguardam atentamente as novidades que vem por aí, nós vemos na fazenda em 2022.