Apesar de estarmos atrasados em relação aos Estados Unidos e alguns países da Europa na retomada dos eventos, gradativamente temos visto clubes e festivais anunciarem datas, seja aqueles mais otimistas para o final de 2021, enquanto alguns pensam apenas no ano seguinte. Independente de quando retornaremos à normalidade, fato é que muitas práticas que eram comuns no passado, antes da pandemia, deixaram de existir ou, no mínimo, serão repensadas com mais cuidado.
Quem trabalha diretamente com o setor de eventos, seja no backstage ou na linha de frente na venda de ingressos, está bastante ciente disso. Como exemplo, nós conversamos com um parceiro próximo, Jeff Miranda, gerente de marketing e produtor do big club catarinense El Fortin, que nos falou sobre alguns pontos relevantes que serão colocados em pauta quando os clubs estiverem reabrindo as portas.
Como forma de “curar a ferida” que a pandemia deixou, Jeff Miranda refletiu sobre alguns pontos que devem mudar neste novo ciclo de eventos a ser presenciado no país.
Jefferson Miranda aka Jeffinho
Olá, pessoal da GRVE! Obrigado pelo convite, é uma honra estar participando dessa discussão com vocês!
Depois de incontáveis meses sem poder fazer o que mais adoramos e sentimos falta, que é sair de casa, ver os amigos, dançar e ouvir música numa boa festa, finalmente a luz no fim do túnel agora é visível, porém, vai demorar mais um pouco para tudo voltar a ser como antes. Dito isso, é importante que o público saiba e entenda que os clubs e eventos em geral vão precisar e muito da colaboração de cada um… então, a seguir, eu pontuo algumas práticas que devem deixar de existir, pelo menos neste primeiro momento de retomada.
1. Lista free
Começo destacando sobre a “cultura de lista FREE”, que existia antes da pandemia e sempre foi muito comum em diversos tipos de eventos. Acredito que depois da situação que atravessamos, todos sentiram que não é legal ficar sem ir para as festas, sem atividades de lazer, sem o momento de se divertir e esquecer um pouco dos problemas pessoais.
Estamos há dois anos fechados, muitos funcionários desamparados e pequenos clubs sumiram, então, agora é a hora de valorizar! Escolher a festa certa, pagar seu ingresso e ser recíproco com a entrega que os produtores montaram com tanto carinho e trabalho, afinal, quem trabalha precisa ser remunerado!
Os DJs aumentaram seus cachês, a mão de obra aumentou, tudo aumentou, então eu ficaria muito feliz se essa cultura fosse “cancelada” e os eventos fossem valorizados como são fora do Brasil. Acho que essa prática de lista free só acontece por aqui mesmo. Nessa retomada, não vejo a cena se adequando com a cultura da lista free.
2. Higienização
Outro ponto que gostaria de citar é sobre higienização. Durante a pandemia, aprendemos que lugares bem higienizados não são pontos de transmissão, então aqueles banheiros que eram tratados de uma forma não tão importante antes, nessa retomada vão ter que ganhar uma atenção especial.
3. Lotação das pistas de dança
Mais um ponto que vejo é a superlotação que as casas costumavam fazer, principalmente em noites especiais e aqueles que eram fechados. Se estamos pedindo a valorização do cliente em pagar o ticket, então também não podemos entregar eventos superlotados.
4. Menos atrações internacionais?
Ouvimos muito durante os últimos meses que a maioria dos clubs e eventos iriam trabalhar mais com artistas brasileiros do que com os gringos por causa da questão econômica devido à pandemia, mas eu vejo de uma forma diferente: acredito que o bom diálogo com os DJs internacionais ou até mesmo com as agências que os representam acaba permitindo que o intercâmbio ocorra.
Digo isso porque na curadoria artística do El Fortin conseguimos boas negociações e confirmações com gringos, receberemos artistas da Suíça, Israel, Inglaterra, França, Bélgica, Dinamarca, Rússia e outros países. Ou seja, apesar de estarmos dando espaço pros nomes locais, ainda conseguiremos inserir vários nomes de fora nos lineups!
5. Alta no ingresso e no bar?
A alta dos valores dentro do setor é reflexo da alta dos impostos dentro do nosso pais, tudo aumento, a vida de custo do brasileiro aumento de uma forma que reflete em todos os setores, o tomate ficou mais caro, o gás, o arroz, a carne e a gasolina enfim, de fato que vamos ter algumas alterações também, mas não vai ser nada fora do comum não podem ficar tranquilos.