GRVE entrevista Nog4yra

Tags: , ,
Por em 27 de agosto, 2021 - 27/08/2021

NOG4YRA é o projeto musical de Una Nogueira, trans não binário, criado na região metropolitana de Porto Alegre. Estudante de psicologia, DJ e produtor, sua experiência com a criação de novos sons não vem de muito tempo atrás, na verdade, existe apenas há dois anos. Mas isso não lhe impediu de já ter um álbum lançado, 3 Instâncias, pela BICUDArec, além de alguns outros trabalhos que é possível conferir diretamente pelo seu Soundcloud.

O mais recente deles é um remix para Marcelulose como parte do EP Penumbra, lançado oficialmente no dia 20 de agosto através da dsrptv rec. Sua versão para a faixa-título vem desenhada numa atmosfera techneira densa, suja e levemente hipnótica, um convite para uma imersão profunda dentro da sua proposta musical. 

Confira a entrevista que fizemos com ele:

GRVE: Olá Una, tudo bem? Obrigada por aceitar conversar com a gente. Vamos começar o papo falando sobre o início da sua carreira como produtor musical. Quando começou seu interesse por produção?

Nog4yra: Fala Groove, obrigado pelo convite! Então, eu era muito pisteiro do front, enquanto dançava aspirava como se construíam aquelas misturas de texturas e batidas. Tenho TDAH, então sempre fui muito hiperativo, não só de corpo mas de mente também, com frequência saia batucando por aí, criando ritmos e imaginando texturas.. Depois de um tempo comecei a buscar formas de colocar isso em prática, foi aí que comecei um curso de produção em 2019, e entendi que era uma forma divertida de colocar todas essas pulsões pra fora, expressar a agitação do corpo em música é algo que me ajuda muito. 

Sua identidade sonora é bem intrigante, passando por uma leitura mais intrínseca sobre a mente humana até eclodir sobre sonoridades que vão do Techno ao Experimental. Quais são suas principais referências musicais e o que desperta sua criatividade em estúdio?

Além da produção também estudo psicologia, é quase um movimento natural unir esses dois elementos durante o processo, é algo que gosto muito. Quando me vejo em um bloqueio criativo escuto muito a galera BR mesmo, Saskia, Pianki, Felix, Technovinho, PV5000 e Marcelulose são fortes inspirações pra mim, o coração bate mais forte e a energia sobe de novo. São artistas e produtores que com certeza influenciaram a minha busca pela produção e continuam sendo referências no meu trabalho até hoje. 

Como você acha que a cena ligada das festas e coletivos de Porto Alegre e da área metropolitana da cidade influenciam sua identidade musical? Tem alguns aspectos desse cenário que são inspiradores em seu processo criativo?

Acredito que o movimento da cena aqui sempre foi carro-chefe do que guia minha identidade na música eletrônica underground. Ainda não tive oportunidade de frequentar rolês de outros estados, então bebo muito da experiência e do conhecimento que vivi aqui. 

Como um artista transgênero, de que forma você procura imprimir uma voz ativa e inspiradora para público e comunidade LGBTQIAP+ em seu trabalho na música?

Há algum tempo venho desenvolvendo trabalhos focados no movimento como o projeto No aperto do casulo, trabalho áudio visual produzido somente por pessoas trans para o Museu Transgênero de História e Arte (MUTHA BRASIL). Em 2020 entrei para o coletivo T (@ttt.tt.tt.ttt) composto somente por pessoas LGBTQIAP+, que tem o intuito de trazer esse movimento de inclusão, seja através dessa representação nos line-ups ou na criação de projetos como VITAMINA T, V.A lançado em 2021 contendo 20 produções fonográficas originais de artistas LGBTQIAP+ latinoamericanos; representando Porto Alegre, São Paulo, Fortaleza, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Rio de Janeiro e Montevideo. 

Em seu último lançamento, Marcelulose – Penumbra [Nog4yra Remix]  você estreou pela gravadora dsrptv rec, que possui uma identidade distinta das sonoridades convencionais da pista de dança. Como foi o processo de produção desse remix para a gravadora quais ideias você procurou imprimir para essa nova releitura? 

Foi um desafio por ter sido meu primeiro remix e por ter saído um pouco da minha zona de conforto, mas fiquei muito animado para explorar esse lado mais dub, noise, mântrico, minucioso.. Caí em uma nova pesquisa de referências, tentando unir minha identidade com a sonoridade do álbum e da gravadora. 

E quanto às próximas novidades, você tem algo planejado para os próximos meses?

Ainda esse ano sai um EP novo por uma gravadora BR, com participações especiais… Além de algumas collabs com outros amiges produtores, por ora tudo no sigilo, tudo no esquema.. Estamos com um projeto em desenvolvimento no coletivo @ttt.tt.tt.ttt voltados para pessoas trans, será um projeto muito importante, fiquem ligados nas nossas redes :}

Tags: , ,