PAPO GROOVE | Leo Diniz

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Por em 3 de julho, 2019 - 03/07/2019

Determinação é a palavra que define muito bem o perfil do DJ — e quase produtor — Leo Diniz. Já são mais de 10 anos em cima dos palcos discotecando em diversas festas pelo Brasil, inclusive com diversas passagens pelo D-EDGE, um dos clubs mais conceituados do país. Diniz é movido por desafios e sua sede pela evolução é algo que está constantemente em sua rotina, afinal, se acomodar nunca fez parte de sua vida.

O artista é daqueles que não deixa nenhuma oportunidade passar e faz o que for preciso para mostrar toda sua experiência adquirida nestes anos de carreira. Leo viajou e conheceu diferentes cenas musicais ao redor do globo, tudo isso ajudou a lhe garantir um olhar sensível e cauteloso que hoje faz parte de sua carreira artística. Fugindo de qualquer fórmula de sucesso, Leo aposta principalmente em sua apurada pesquisa musical para fazer a pista que está à sua frente ficar com gosto de quero mais. Leia nossa entrevista exclusiva com ele e entenda um pouco mais:

Olá, Leo! Muito obrigado por falar com a gente. Lá no início, o que fez você tomar a decisão de seguir uma carreira na música?

Primeiramente muito obrigado pela oportunidade e pelo espaço. Em 2004 eu tive a oportunidade de conhecer a festa Tribe e fiquei estonteado com toda aquela atmosfera que envolvia o lugar e as pessoas,  além daquele ritmo que eu desconhecia (psytrance). Eu fui atraído e quis saber mais e mais sobre o estilo musical e toda a cultura raver que eu começava a ter contato.

Em pouco tempo e através de muita pesquisa eu já tinha um case de CDs muito rico, inclusive muitos DJs pediam músicas pra mim, pois eu era muito empenhado nas pesquisas, como sou até hoje. Sempre descobria artistas e faixas incríveis, muitas vezes ainda desconhecidas pela maioria, inclusive por DJs da época.

Eu sempre fui um viciado em música e tive um talento muito grande para achar tracks boas, diferentes e desconhecidas. Acho que tem um determinado momento que já não basta somente ouvir essas música no carro, em casa ou no celular. Você quer expandir isso a outro nível, compartilhar, criar experiências junto a outras pessoas, e eu achava que a melhor maneira de compartilhar tudo aquilo seria me tornando DJ. Foi assim que tudo começou.

A cidade de São Paulo realmente teve um peso importante na formação da sua identidade e nas influências que você absorveu? Como foi este processo?

As cidades que eu destacaria como determinantes em minha formação musical são: São Paulo, Londres e Ibiza. São Paulo, como minha cidade natal, foi onde tive as primeiras experiências com a música eletrônica e onde eu me desenvolvo como DJ a cada apresentação, vivenciando a maior parte das minhas experiências musicais.

Londres é a cidade que morei em 2005, foi lá que iniciei minha carreira e conheci uma série de outros estilos musicais que eu jamais imaginei que existiam. Frequentei festas de todos os estilos musicais o que fez com que eu me libertasse de qualquer preconceito (eu sinceramente não sei se existe outra cidade no mundo com uma diversidade musical tão grande).

Já em 2014 senti uma necessidade muito grande de me reinventar musicalmente, então fui até lá Ibiza — já que no verão europeu em 1 semana você consegue ver artistas que provavelmente demoraria de 2 a 3 anos para encontrar por aqui — para buscar novas referências e iniciar o desenvolvimento de uma nova identidade musical que hoje finalmente atingiu sua maturidade.

E nestes mais de 10 anos de estrada, quais pontos te ajudaram a evoluir de forma mais relevante no âmbito pessoal e profissional?

Acho que os meus pontos fortes para o desenvolvimento musical são: pesquisa e o gosto por festas. O fato de pesquisar MUITO me faz descobrir novos sons e possibilidades todos os dias, isso estimula a criatividade e a pista sente isso. Por mais que as pessoas que estão na pistas possam ser ‘leigas’, elas conseguem identificar que aquele som não se escuta todos os dias em qualquer pista, sabem que é algo diferente.

Já curtir festas me faz sair com bastante frequência e acho honestamente que é a melhor maneira de se descobrir musicalmente e entender o que está rolando e o que a galera está ouvindo. Em toda experiência musical consigo extrair coisas boas e coisas ruins, e ambas servem para agregar no meu perfil artístico profissional.

Na sua visão, o que exatamente separa um DJ realmente bom dos demais?

Eu acredito que os pilares de um bom DJ são: bom gosto, senso crítico, feeling de pista, bagagem musical e técnica (não necessariamente nesta ordem). O DJ que consegue se embasar nisso com certeza tem muita vantagem sobre os demais.

Seu currículo conta com passagens por clubs como D-EDGE e Anzu. Como é a sua preparação antes de gigs especiais como essa? Você prefere chegar com algo já ‘preparado’ ou deixa rolar mais pelo feeling?

Todo set para mim é a oportunidade de contar uma história através da música, com a diferença que ela é escrita ali mesmo, na hora e sem roteiros predefinidos. Eu nunca sei o que vou tocar e pra te falar a verdade a primeira track geralmente é definida na hora que plugo o pen drive no CDJ.

É isso que gera aquele frio na barriga antes de qualquer apresentação, essa dúvida, o desafio de entender a pista, se o público vai entrar naquilo que você vai propor, etc. Outro dia eu estava conversando com o D-Nox sobre isso — um dos djs que mais admiro — mesmo com uma carreira extremamente respeitável, consolidada, inúmeras apresentações em dezenas de países e para públicos gigantes, ele ainda se sente exatamente da mesma maneira que eu antes de suas apresentações.

Você se imagina trabalhando com música até o fim de sua vida? Quais seus planos e seu maior sonho enquanto artista?

Eu me imagino trabalhando com música enquanto isso me fizer feliz, sou uma pessoa que tem como maior objetivo de vida ser feliz e viver bem, então tudo aquilo que eu fizer que venha a contribuir para isso, farei e continuarei fazendo.

Tenho muitos sonhos, alguns pequenos, outros gigantes, mas acho que tudo vem na sua hora. Um que posso compartilhar com vocês é tocar nos clubs AME e LAROC, para mim são disparados os melhores clubs do Brasil, penso nisso todos os dias desde que pisei lá. Eu não poderia deixar é claro de cogitar a vontade de um dia tocar na Tribe, pois foi lá que tudo começou.

A ideia é começar também suas próprias produções, não é mesmo? Na sua opinião ser produtor nos dias atuais é uma necessidade para novos artistas? Obrigado por falar com a gente!

Sim, estou começando a produzir agora e sei que tenho um longo caminho pela frente, mas ao mesmo tempo preciso subir alguns degraus com a minha carreira de DJ. 2019 está sendo com certeza o meu melhor ano e quero continuar crescendo para em breve estruturar um pouco mais minha carreira.

Acho importante o fato de produzir pois é um ótimo caminho para que pessoas de outros lugares do mundo te conheçam. É muito importante deixar claro que nem sempre um bom produtor será um bom DJ e vice-versa, o que eu quero dizer com isso que não é demérito pra ninguém não ser bom produtor ou bom DJ, cada um tem seu valor em sua área.

Mais uma vez, muito obrigado pelo espaço e pela oportunidade de compartilhar um pouco sobre mim.

Por: Marllon Gauche

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