Carismático, talentoso e sempre levando alegria ao público através de sua seleção musical, Dbeat é um artista que se tornou respeitado principalmente por suas apresentações de gala no momento do warm up. Com sua versatilidade e um faro apurado para o que funciona nas pistas, Renato conquistou não só a admiração do público, mas também da equipe da Levels e do Cultive, clubs gaúchos onde possui residência atualmente.
Graças a sua paixão pela house music, o DJ tem visto sua carreira crescer gradativamente nos últimos meses e vem levando sua música para outros locais do Brasil, tocando em importantes clubs como o D-EDGE, Amazon e Beehive. Aproveitamos o bom momento de sua carreira para trocar algumas palavras com Renato, que compartilhou com a gente sua visão em torno do cenário atual e algumas curiosidades sobre sua carreira. Confira:
https://soundcloud.com/dbeatmusic/d-edge-super-after-abril-2018
Toda história deve ter um início, meio e fim, em festas isso não é diferente. Como você, um respeitado DJ de warm up, enxerga o papel dos diferentes “tipos de DJs” ao longo da noite? Você já presenciou ou viveu alguma situação inusitada referente a isso?
Acredito que o DJ nunca foi tão observado pelo público e ao mesmo exigido para que cumpra com seu papel. Hoje os lineups são construídos pensando principalmente na entrega do artista e se isso não acontece, o resultado da festa pode ser prejudicado. Por isso é fundamental que os DJs se preocupem não só em agradar o público, mas também na história que será contada ao longo da festa. Um dos fatos mais inusitados ao longo desses anos na noite foi ver o DJ que estava fazendo o warm up, tocar não uma, mas duas [sim, duas!] músicas do headliner. E olha que esse tipo de história eu já ouvi muito por aí. [risos]
Podemos perceber que sempre que você se apresenta, a felicidade fica estampada no seu rosto. Você acha que a expressão dos DJs é importante para criar uma conexão mais forte com a pista?
Eu particularmente sempre tento transmitir ao máximo a minha felicidade em estar tocando e passar isso pra pista, consequentemente o público percebe isso e retribui. Hoje temos vários artistas que são introspectivos no palco, porém se comunicam de forma eficiente nas redes sociais, então eles acabam criando essa conexão de uma outra forma. A música deve e sempre falará mais alto, mas um sorriso no rosto ajuda e muito!
Você já passou por grandes clubs e label parties, conheceu pessoas de diferentes personalidades, estilos e culturas. Na sua visão, o que um DJ precisa ter para lidar com públicos que consomem música de forma distinta?
Versatilidade é a palavra. Sempre me preocupei em não ter rótulos musicais e estar sempre aberto às novidades, justo para poder me moldar às necessidades de cada situação, principalmente nos warm ups. Prova disso foram os nomes com quem já tive a oportunidade de entregar a pista, que vai de Gui Boratto, Nastia e Oliver Giacomotto à Amine Edge & Dance e Lee Foss. Acredito que num momento onde tudo evolui tão rápido é essencial ter a capacidade de se adaptar para poder não só sobreviver, mas evoluir junto.
https://soundcloud.com/dbeatmusic/levels-sunset-marco-2018
Você é um personagem bastante envolvido com a cena, principalmente no estado do Rio Grande do Sul. Qual o principal fruto que você colhe dessa contribuição para a música eletrônica no estado?
São vários ao longo desses 11 anos envolvido na noite. Além de hoje ter o respeito do público e de vários artistas com quem já tive a oportunidade de dividir o palco, me sinto realizado pessoal e profissionalmente. Hoje tenho a certeza de que amo o que faço e isso serve de combustível para continuar contribuindo com a cena eletrônica do RS.
Suas residências no Cultive e na Levels com certeza já lhe renderam muitos novas oportunidades, parceiros e amigos. O quão importante você acha que é contar com pessoas interessadas no desenvolvimento coletivo para que o crescimento profissional ocorra?
Sem dúvida alguma, Levels e Cultive estão diretamente ligados ao meu crescimento não só como profissional, mas como pessoa também. Penso que o crescimento profissional não apenas da figura do DJ mas também da própria cena depende do coletivo. Quando estou em uma dessas festas e olho ao redor, seja para o staff ou para o público, me sinto acolhido e automaticamente sinto a necessidade de me doar ao máximo para que tudo que esteja a minha volta tenha o melhor resultado possível. Hoje penso que tudo que está ao nosso entorno só crescerá de fato quando deixarmos de lado o nosso egoísmo e começarmos a pensar no coletivo. Aquela frase clichê de que a união faz a força é a mais pura verdade.
https://soundcloud.com/dbeatmusic/cultive-05-anos-novembro-2017
Suas duas frentes (DJ e designer gráfico) demandam bastante criatividade. Neste caso, a busca por referências deve ter um limite para que a própria identidade aflore? Como alcançar o equilíbrio entre isso?
Nem me fale! Escolhi duas profissões que ainda vão me deixar de cabelo branco, só espero que isso demore. [risos]. Mas hoje, tanto minha identidade sonora quanto a visual já estão bem definidas, mesmo assim estou sempre inquieto. Seja como designer, seja como DJ, estou sempre buscando por algo novo, diferente, que surpreenda a mim e aos outros. Ao longo desses 11 anos o feeling entre evoluir e manter a identidade se tornou fácil de administrar. Acho que como em qualquer profissão, a experiência cria filtros automáticos – o que pode ser perigoso também, pois pode te rotular – mas que particularmente eu consigo flutuar com tranquilidade.
Para finalizar! O Rio Grande do Sul tem hoje o cenário eletrônico como um dos polos mais consistentes do Brasil. O que você considera fundamental para essa construção?
Me sinto privilegiado em fazer parte deste cenário e, na minha opinião, a construção disso tudo é uma via de mãos duplas. De um lado estão os donos de clubs/festas que mesmo com todas as dificuldades impostas pelo país – e que não são poucas – colocam a cara à tapa e se doam ao extremo para que festas aconteçam e grandes artistas passem por aqui. E, do outro lado, está o público, que se interessa pela música, sempre antenado nas novidades e consumindo tudo isso. Infelizmente a cultura desenfreada do free pass é algo que nos atrapalha muito, porém, é uma questão que não é exclusiva do cenário eletrônico e depende de todos para que isso tudo mude.
Valeu Groove Mag, foi um prazer.
Por Marllon Gauche
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